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segunda-feira, julho 15, 2013

Sobre essa coisa a que chamam família

Lembro-me de há uns anos, uma senhora que nos ajudava nas férias, dizer que tínhamos uma bonita "famila". Verdade que a senhora também gostava muito do tapete do "olio" da entrada, e verdade que ensinava a minha sobrinha bebé a bater na cabeça enquanto perguntava "onde tá a tontinha da menina?", portanto não sei se a opinião da D. Deolinda deva ser considerada como credível.
Mas talvez por estar na época do ano em que passo a viver na casa de ferias da sogra (apesar de não estar de ferias), e de ter iniciado essa época que dura quase dois meses este fim de semana, dei por mim a  pensar nesta coisa das "familas".
As dinâmicas familiares estão amplamente estudadas, e há quem ganhe a vida à conta de tão mal que funcionam algumas, por isso, não esperem que acrescente nada ao tema.
Posso apenas falar por mim, e pelas minhas famílias (quem pensa que só tem uma familia, já está a meio caminho para a frustração).
Eu tenho três famílias.
Aquela onde nasci e cresci, aqueles que não escolhemos,  mas com quem partilhamos laços de sangue e relações quase viscerais. Avós, pais, irmãos. Podemos não ter nada a ver uns com os outros (bolas, como é que o meu irmão vota no Bloco de Esquerda?), mas vamo-nos sempre amar. Posso dizer mal deles, estar lixada da vida com as cenas da minha mãe, mas torço o nariz aos outros até se tentam concordar comigo. Estás a dizer mal da minha mãe ou quê?
Depois tenho Dito-Cujo e Migalhas. Maridos e mulheres são as únicas pessoas da nossa familia que escolhemos. Um dia olhamos e pensamos, quero viver com este gajo e quero que seja pai dos meus filhos. Talvez por isso tenha tanta dificuldade em compreender as separações. Foda-se, então não nos conseguimos entender com a única pessoa que escolhemos ser família?
E depois, a terceira e última, a familia de Dito-Cujo, de quem não saí das entranhas e que não escolhi. As famílias que ganhamos no casamento podem ser uma espécie de bónus. Ou de castigo. Como em quase tudo na vida, depende da sorte.
Logo no primeiro dia aqui da temporada, houve uma acesa discussão no final do jantar. A temática era a quantidade de bolachas e chocolates e cereais proibidos que todas as Migalhas (filhos e sobrinhos) comem durante os dias que passam por aqui. Se fossem sete ou oito dias, até fechava os olhos, mas tendo em conta que só retornam a casa em Setembro, temo por ver onde pode ir parar o peso da minha Migalha do Meio.
Cada um disse o que lhe ia na alma, ai mas que os avós não são para educar, ai mas que eles pedem queres que faça o quê, sim, mas só pedem porque sabem que há nos armários, e para que é que compra, e passámos da comida aos banhos que não querem tomar, e gritámos todos muito, e no fim, à minha sogra já verdadeiramente ruborizada e ofendida com uma boa parte do que foi ouvindo de filhos e noras, rematei a dizer para não se amofinar tanto, afinal, somos todos família e as famílias já se sabe, têm estas coisas.

3 comentários:

  1. Ui...se eu fosse falar sobre isto acho que triplicava o tamanho do teu texto. O meu problema é que meu esposo fecha a boquinha perante mãe-sua alteza (e depois quem atura o "doi-doi na baguiga" de minha piquena?? eu..pois claro!). Já a sogra dele (minha mãe) tb tenta esticar-se de vez em quando, mas com essa posso eu bem e, verdade seja dita, é uma pessoa bem mais fácil... Não percebem que já tiveram os delas e educaram como entenderam, deixem os nossos em paz!!!!

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    1. Elas percebem. Acho eu. Só que estão numa fase da vida que fazem o que querem e lhes apetece. Temos que ir fazendo o nosso papel!

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