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segunda-feira, julho 15, 2013

Que bem que se está no campo!

Aqui, nesta vila algures entre o Ribatejo e o Oeste, onde fica a casa da sogra, num SPA (não há legislação que proíba que se chame SPA a todos os locais onde se pintam unhas e arrancam pelos?). Estou a arranjar as unhacas das mãos. Ao meu lado, a D. Coisa com as mãos enfiadas dentro dos catalisadores. À nossa frente, Fulana e Sicrana a trabalharem lado a lado, Sicrana nas minhas mãos, Fulana nas mãos da D. Coisa.
Diz a D. Coisa:
 -Ó Fulana, veja lá o que tenho aí no dedo, que quando carrego dói-me.
-Ah, parece um pico ou qualquer coisa aí espetada D. Coisa.
-Aaah, estive a fazer jardinagem, deve de ser das roseiras.
Diz a Sicrana:
-Vá lá que não é de palmeira, aquilo espeta-se e abre lá dentro. Para tirar é um castigo. Ó Fulana, vai lá buscar a pinça e tira isso à D. Coisa.
-Não, não. Não tenho palmeiras. Tinha era uma romanzeira. Mas vejam lá, minha mãe foi sulfatar a romanzeira e matou-a, e ainda matou a relva toda em volta.
Diz a Sicrana:
-Lembrem-me quando for rica não ter jardim com palmeiras! E comprar logo daquela relva artificial.
Todas ah ah ah ah.
Todas menos eu.
Diz  Fulana:
-O meu pai tem uma romanzeira e sempre diz que essa árvore quer é desprezo...
- Ai é, desprezo? Olha pois, não admira que a minha mãe tenha morto a romanzeira, então se foi sulfatar! Mas estava cheia de piolhos... Agora plantei um chorão.
-Um chorão D. Coisa? Ai filha, isso suja tudo. Quando está um bocado de vento se deixa as janelas abertas, até dentro de casa lhe chora.
Diz a Sicrana:
-Romanzeira? Mas quem planta isso? Ainda se fosse um pessegueiro...Sombra todas dão, e vale mais um pêssego que as romãs. Pereira também é bom, mas são muito piquenas, dão pouca sombra.
E continua:
-Está-me a lembrar no outro dia ali no Lidl! Estava uma senhora, a perguntar ao moço onde estava o expositor das sementes. E ele respondeu que não havia. E ela a dizer que costumava haver, que já tinha visto. E sabem o que ele respondeu? Que sim, que há, mas na altura de semear, ora agora é altura de colher, não é de semear.
Todas ah ah ah ah.
Todas menos eu.
-D. Coisa, isso está metido lá dentro, não consigo tirar isso assim, talvez só cortando um bocadinho.
-Fulana, estás maluca, isso não é coisa para se fazer aqui...Vê com a pinça.
-Não dá filha, está todo metido lá dentro. D. Coisa, o melhor é passar ali na farmácia, a ver.
Durante todo o tempo, não tugi nem mugi. Limitei-me a uns sorrisos amarelos. Afinal, de todas as pessoas da conversa, a única com quem me vejo capaz de um entendimento, é a senhora do Lidl que queria semear em Julho.
Digam lá, em quantos SPAs de Lisboa conseguiam uma conversa destas?

6 comentários:

  1. Que maravilha, um dos meus passatempos favoritos é ouvir as conversas alheias. Que pérolas!

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    1. Eeeuuuu? A ouvir as conversas alheias?!?! Calunia!

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    2. Nós nem queremos. Elas é que se nos enfiam pelos ouvidos dentro!

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  2. Olha que um que aqui há ao pezinho e onde vou em caso de emergência não lhe fica atrás!
    São pérolas e pérolas!
    :DD

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  3. É que não sabes o que perdes! Mal posso esperar pela época das vindimas...

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