Mesmo daquelas que não sei o nome, nem a morada, mas se vê logo que existem. Há ali matéria, há um fio condutor, há substância.
Pessoas cujos filhos ficam doentes, têm más notas na escola, dão uma resposta torta, ou dizem uma graça que apetece partilhar. Pessoas que ficam tristes quando alguém morre e felizes quando alguém nasce, que nos mostram de si, mesmo sem mostrarem quem são. Pessoas que se zangam, que riem, que gozam, que rezam, que mandam tudo à merda.
Pessoas que sem dizer muito nos dizem o que pensam sobre a coadopção, ou sobre o Passos Coelho, ou sobre o festival da canção ou o que vêm na televisão, a amamentação, as palmadas no rabo.
Eu não as sei reconhecer na rua, mas sei que o marido é do Sporting, que pisaram merda de cão, que a filha canta bem ou que não gosta da natação, que a colega do emprego é uma cabra.
E estas vidas, anónimas mas verdadeiras, nisto dos blogues, valem muito, mas muito mais, que as de pessoas que se identificam, com foto e nome, mas não conseguem deixar qualquer vestígio de que realmente são.