Hoje estava arrolada como testemunha num processo de regulação de poder paternal.
Eu nunca tive qualquer contacto com a Justiça, em nenhuma das vertentes. Nunca fui arguida, ré, advogada ou juíza, e até hoje, nem testemunha. Mas como é óbvio, tinha a minha ideia pré-concebida do que é um tribunal, fruto de horas infindas a ver séries como Judging Amy, Boston Legal, ou o telejornal nos tempos em que o processo Casa Pia enchia pelo menos 80% das notícias.
E no meu imaginário alimentado a advogadas loiras e pessoas como o Sá Fernandes, os tribunais eram um sítio assim a atirar para o formal, onde a gravata era absolutamente indispensável nos homens, e as saias travadas e os saltos altos imprescindíveis nas mulheres. Os arguidos pessoas temerosas dos implacáveis juízes. Ainda ontem, escolhi a indumentária que me iria fazer ter o ar sério e credível que na minha pungente imaginação deve ter uma testemunha, ainda que não fosse a testemunha chave de um processo com cobertura televisiva.
Nada, mas nada, me tinha preparado para o que encontrei. Advogados pindéricos de pescoço ao leu, advogadas de sabrinas da Primark e mini saia, calças de ganga, togas amarrotadas, molas no alto da cabeça das mais encaloradas, havaianas, sim, leram bem, há pessoas que vão testemunhar em tribunal calçadas de chinelos de praia.
E portanto, estou desiludida com a Justiça Portuguesa, mas não da forma como o maior parte das pessoas está, não com a morosidade dos processos, nem sequer com as duas horas e meia em que esperei para me dizerem que afinal havia um acordo e que estava dispensada, num Tribunal sem ar condicionado nos corredores.
Estou desiludida porque hoje, numa quente manhã de Julho, duas horas chegaram para destruir um imaginário que tinha demorado anos e anos a construir.
Não há direito.
Essa falta de fashionismo judicial é profundamente revoltante! :DDD
ResponderEliminarUm escândalo, não há palavras!
EliminarÉ urgente um blog para aconselhar estas pessoas do Direito!
Tiveste muita sorte eu fui testemunha, a 1ª vez que me mandaram lá foram 8h com uma hora de almoço fechada numa sala mínima com mais 8 pessoas e não testemunhei. Da 2ª vez foram só 5h que tive a espera mas era inverno por isso tínhamos era frio.
ResponderEliminarSim, acredito. Mandaram-me lá estar às 09h30 e às 10h00 nem sinal do advogado ou juiz. Percebi que deixa tudo a desejar!
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