Ser mãe é acordar a meio da noite com uma filha a gemer sentada na retrete, estar às cinco da manhã à procura de Imodium no armário, depois descobrir que falta a bula e que não faço ideia se a filha de seis anos que está à beira de derreter, o pode tomar.
Ser mãe é estar na net às cinco da manhã à procura da bula do Imodium, depois enfiar o comprimido no bucho de filha muito queixosa e aflita, com tantas dores como sono.
Voltar para a cama e tentar dormir, sempre de palma da mão apontada, que parecia um bocadinho morna. Não estando a arder, havia ali uma pontinha de quente a mais, e por isso levantei-me e fui buscar o termómetro- para descobrir que não tinha febre.
Ser mãe é estar às sete da manhã a perceber onde ia deixar filha ensonada e dorida, já que a solução habitual (avó, avó, amanha já é Outubro caramba), ainda não regressou a Lisboa, logo hoje que tinha uma formação a que não podia meeeeesmo faltar, e uma apresentação a que tinha meeeeeeesmo de assistir.
Ser mãe é ligar para saber de Migalha, e descobrir que já está óptima, e que comeu um boi ao almoço, depois afinal já está alapada na casa de banho sem descanso, depois já está mesmo melhor, e afinal saber que só quando batesse as pestanas em cima dela é que ia ver como a coisa parava.
É ver se tem borbulhas, é perguntar vinte vezes onde lhe doi, é achar que tem sangue no cocó e sentir o coração dar dois murros no peito, obrigá-la a repetir o que comeu durante o dia, tentando encontrar o paralelo, meter a cabeça pela retrete abaixo para ver melhor e ter a certeza que aquele tom ligeiramente avermelhado afinal talvez não seja assim tão evidentemente avermelhado, apesar do cheiro ser indizível até para uma mãe.
Ser mãe é ter as pálpebras mais pesadas do que consigo aguentar, e sonhar com uma cama fresca e fofa como o pão Bimbo, sabendo de antemão que de fresca não vai ter nada, Migalha combalida teve permissão para se enfiar e por lá ficar a pernoitar, ainda que confira um grau de "fofice" absolutamente notável e nada desprezível, ao meu descanso.
O maravilhoso header é cortesia da Palmier Encoberto. Quem mais?
terça-feira, setembro 30, 2014
Deve ser isto a vergonha alheia
Quando oiço alguém que tenta defender um projecto, falar vezes sem conta, da enorme aderência que espera dos clientes.
quinta-feira, setembro 25, 2014
Ai o que eu adoro aquela forma de publicidade nova
Que é ligarem para o telemóvel e eu atendo, e do outro lado esta uma gravação de alguém com ar sou-o-teu-melhor-amigo, bora lá aderir aí a uns serviços blá MEO blá, vem daí treinar para o Holmes Place, (sua preguiçosa há quanto tempo não mexes esse rabo).
Bem, ligarem para fazer publicidade já me era desagradável, mas quando eram pessoas ali ao vivo e a cores, uma pessoa ainda fazia o esforço de ouvir a lenga-lenga, respeito que as pessoas estão a tentar ganhar a vida, e tal...agora uma gravação?
É que desligo na hora.
Bem, ligarem para fazer publicidade já me era desagradável, mas quando eram pessoas ali ao vivo e a cores, uma pessoa ainda fazia o esforço de ouvir a lenga-lenga, respeito que as pessoas estão a tentar ganhar a vida, e tal...agora uma gravação?
É que desligo na hora.
quarta-feira, setembro 24, 2014
O que me mais gosto nisto dos blogs
É ver a forma como os comentadores se esforçam por estar à altura dos seus ídolos.
Gosto de os imaginar num escreve-apaga-escreve-apaga, a ler e reler para garantir que não escapa nenhum erro ortográfico (seria o horror), a substituir as palavras corriqueiras por outras mais eloquentes, mais raras, mais dadas a pessoas de muita letra e muito livro.
Gosto de ver a elevação com que escrevem longos e maçudos comentários, repletos de figuras de estilo, fazendo referências e associações de ideias que os façam parecer verdadeiramente inteligentes. Num dia de verdadeira inspiração, usam de humor refinado, e é vê-los a aguardar uma resposta, a aprovação.
Nos blogs como na vida, andar em bicos dos pés para parecer grande.
Gosto de os imaginar num escreve-apaga-escreve-apaga, a ler e reler para garantir que não escapa nenhum erro ortográfico (seria o horror), a substituir as palavras corriqueiras por outras mais eloquentes, mais raras, mais dadas a pessoas de muita letra e muito livro.
Gosto de ver a elevação com que escrevem longos e maçudos comentários, repletos de figuras de estilo, fazendo referências e associações de ideias que os façam parecer verdadeiramente inteligentes. Num dia de verdadeira inspiração, usam de humor refinado, e é vê-los a aguardar uma resposta, a aprovação.
Nos blogs como na vida, andar em bicos dos pés para parecer grande.
Lembram-se disto?
Foi uma Migalha de boca ensaguentada, que me diz "agradece ao Sancho, foi ele que me deu um pontapé sem querer e o dente caiu".
Boa, boa, mas vai lá lavar a boca.
"Não estás a perceber, é a melhor notícia do dia, o meu dente caiu"
E então oferece-me aquele dente minúsculo e redondinho, que eu tratei de embrulhar no guardanapo, já que esta cena meio vampiresca se deu ainda eu estava à mesa.
O dente que tanto temera engolir.
Para guardar.
Para a fada dos dentes.
Que feliz estava Migalha.
É bom ver as crianças felizes com coisas tão pequenas como "a Fada dos Dentes".
(No final do almoço levantámos a mesa e os guardanapos, sendo de papel, foram para o lixo. Não vou contar mais, deixo à vossa imaginação).
Boa, boa, mas vai lá lavar a boca.
"Não estás a perceber, é a melhor notícia do dia, o meu dente caiu"
E então oferece-me aquele dente minúsculo e redondinho, que eu tratei de embrulhar no guardanapo, já que esta cena meio vampiresca se deu ainda eu estava à mesa.
O dente que tanto temera engolir.
Para guardar.
Para a fada dos dentes.
Que feliz estava Migalha.
É bom ver as crianças felizes com coisas tão pequenas como "a Fada dos Dentes".
(No final do almoço levantámos a mesa e os guardanapos, sendo de papel, foram para o lixo. Não vou contar mais, deixo à vossa imaginação).
terça-feira, setembro 23, 2014
Hoje fiz zapping no rádio do carro
E parei na "RDS" (não faço ideia, é o máximo que aparece lá no painel).
Deparei-me com um programa maravilhoso, destinado a dar voz a esses profissionais do volante, a esses campeões das ruas de Lisboa, que são os taxistas.
Uma coisa boa nesta classe, é que nunca desilude.
Por muitas voltas que se dê, no fundo já sabemos com o que contar quando sentamos o rabo num táxi e a ligação entre o cérebro e a matraca se dá com o rodar da chave na ignição.
Hoje constatei que ouvi-los ao telefone, para um programa que me pareceu (não posso garantir que cheguei a meio) que se chamava Radiotaxis (original, hein?), é quase a mesma coisa.
Ou melhor, talvez seja melhor.
Pois que fiquei a saber que os taxistas têm neste momento uma espécie de ódiozinho de estimação, por essas pessoas que são, "as pessoas das bicicletas". Não ouvi um único a falar de "ciclistas", mas sempre "as pessoas das bicicletas".
Diga-se em justiça, que ao terceiro telefonema já estava farta de imaginar barrigudos de bigode e mudei de posto, e eventualmente algum daqueles senhores, antes ou depois, pode ter usado a palavra ciclista.
Eu não ouvi.
Mas quero deixar aqui um alerta!
Está montada uma guerra nos asfaltos das cidades de Lisboa.
Pois que os "profissionais do volante", acham que "as pessoas das bicicletas" deviam ficar lá pelo campo e pelas montanhas aos fins de semana, nem pensar em andarem nos corredores de BUS a "estrovar", fizeram isso lá para o Seixal e o trânsito ficou uma miséria.
Pois que um dos profissionais ainda hoje antes daquele telefonema, tinha tido mesmo vontade de "dar uma panada" a um desses atrevidos em duas rodas, e outro a seguir, pegando nas maravilhosas palavras do colega, acrescentou que além da "panada", dá vontade "dos apertar contra o passeio" para se "escangalharem todos" e para se "aleijarem a sério".
Por isso, se me estás a ler e és uma dessas "pessoas das bicicletas", cuidadinho, que os ânimos estão exaltados.
Se és um taxista, diz-me por favor que aquilo foi mesmo uma compilação de maus pensamentos, e que no fundo, no fundo, sois todos uns grandes fofinhos para as "pessoas das bicicletas".
Deparei-me com um programa maravilhoso, destinado a dar voz a esses profissionais do volante, a esses campeões das ruas de Lisboa, que são os taxistas.
Uma coisa boa nesta classe, é que nunca desilude.
Por muitas voltas que se dê, no fundo já sabemos com o que contar quando sentamos o rabo num táxi e a ligação entre o cérebro e a matraca se dá com o rodar da chave na ignição.
Hoje constatei que ouvi-los ao telefone, para um programa que me pareceu (não posso garantir que cheguei a meio) que se chamava Radiotaxis (original, hein?), é quase a mesma coisa.
Ou melhor, talvez seja melhor.
Pois que fiquei a saber que os taxistas têm neste momento uma espécie de ódiozinho de estimação, por essas pessoas que são, "as pessoas das bicicletas". Não ouvi um único a falar de "ciclistas", mas sempre "as pessoas das bicicletas".
Diga-se em justiça, que ao terceiro telefonema já estava farta de imaginar barrigudos de bigode e mudei de posto, e eventualmente algum daqueles senhores, antes ou depois, pode ter usado a palavra ciclista.
Eu não ouvi.
Mas quero deixar aqui um alerta!
Está montada uma guerra nos asfaltos das cidades de Lisboa.
Pois que os "profissionais do volante", acham que "as pessoas das bicicletas" deviam ficar lá pelo campo e pelas montanhas aos fins de semana, nem pensar em andarem nos corredores de BUS a "estrovar", fizeram isso lá para o Seixal e o trânsito ficou uma miséria.
Pois que um dos profissionais ainda hoje antes daquele telefonema, tinha tido mesmo vontade de "dar uma panada" a um desses atrevidos em duas rodas, e outro a seguir, pegando nas maravilhosas palavras do colega, acrescentou que além da "panada", dá vontade "dos apertar contra o passeio" para se "escangalharem todos" e para se "aleijarem a sério".
Por isso, se me estás a ler e és uma dessas "pessoas das bicicletas", cuidadinho, que os ânimos estão exaltados.
Se és um taxista, diz-me por favor que aquilo foi mesmo uma compilação de maus pensamentos, e que no fundo, no fundo, sois todos uns grandes fofinhos para as "pessoas das bicicletas".
domingo, setembro 21, 2014
Eu nem era para ver a Casa dos Segredos
Mas passei por lá e fiquei presa ao vestido da Teresa Guilherme.
sábado, setembro 20, 2014
Da semana que passou
Eu sei que há menos de uma semana disse que a cruz que carrego quase não pesa. Talvez nem se pudesse considerar uma verdadeira cruz.
Deus enviou-me na mesma semana todo aquele filme de indecisão relativamente à escola de Migalhas, um caso no trabalho de me deixar com os nervos em franja, tal é a cara de pau e a falta de carácter de algumas pessoas, e ainda a cereja no topo do bolo, uma noite à luz das velas e das lanternas, banho de água gelada e incompetência e falta de espírito cliente levada ao limite.
Deus meu, eu sei que disse que andava muito leve, mas não Te esqueças que vendo bem as coisas, também só tenho 1,59m e sou de estrutura fraca.
Deus enviou-me na mesma semana todo aquele filme de indecisão relativamente à escola de Migalhas, um caso no trabalho de me deixar com os nervos em franja, tal é a cara de pau e a falta de carácter de algumas pessoas, e ainda a cereja no topo do bolo, uma noite à luz das velas e das lanternas, banho de água gelada e incompetência e falta de espírito cliente levada ao limite.
Deus meu, eu sei que disse que andava muito leve, mas não Te esqueças que vendo bem as coisas, também só tenho 1,59m e sou de estrutura fraca.
sexta-feira, setembro 19, 2014
Novo odiozinho de estimação
Ontem a EDP cortou-me o fornecimento de electricidade, alegando que não conseguiam aceder ao contador há uma montanha de meses, e que eu também não enviava as leituras.
Tudo bem, é a lei, ainda que me faça uma confusão do camandro que, eu que aderi à Factura Electrónica e que recebo todos os meses o simpático mail com valores chorudos para pagar, não tenha sido informada pela mesma via da intenção de me deixarem sem luz. Mas dou de barato. Provavelmente os senhores da EDP não sabem o incómodo que é viver sem electricidade.
Quando ligo a perguntar que raio se passava, e peço a re-ligação, dão-me o simpático prazo de 4 dias para restabelecerem o fornecimento.
Sim, leram bem, a EDP Distribuição acha que quatro dias é um prazo razoável para que alguém que opta por ser seu cliente, fique sem electricidade.
Peço para falar com alguém que mande, já enervada com a senhora do Call Center que mais parecia um disco riscado a repetir o que lhe ensinam na porra das formações de atendimento.
Aguardo. Volta a mesma senhora a dizer que ah e tal, parece que podem vir no dia seguinte (hoje), em vez de na segunda-feira.
Insisto para falar com um supervisor. Não acredito, não quero acreditar, que em pleno século XXI, em Lisboa, não haja a possibilidade de mandarem um piquete de urgência a casa das pessoas. Podia custar 50€, 100€, 500€, uma pessoa lá sabe o que estará disposta a pagar para não deixar apodrecer o que tem no frigorifico.
Pois que não está disponível.
Pois que diz que depois me liga de volta.
Pois claro que não ligou.
Hoje à hora marcada lá vêm fazer a re-ligação.
Quando chego a casa, só tenho metade das coisas a funcionar, salva-se o frigorífico, não se salva o aquário dos peixes.
Aguardei o piquete de urgência, que afinal parece que existe e que até vem no próprio dia. Aliás, até veio em menos de trinta minutos.
Sim, o piquete de urgência existe, vem no próprio dia, faz re-ligações, MAS, e este MAS é o cerne da questão, se o fornecimento não tiver sigo interrompido porque o cliente, (ai ai ai que leva tau tau), não enviou as leituras para os senhores da EDP.
Este método, que me parece assim um tipo de coacção para que não volte a fazer o mesmo (ai, ai, ai), resultará na minha breve mudança para um dos concorrentes da EDP Distribuição.
Pode ser a mesma merda, pior não será de certeza.
Tudo bem, é a lei, ainda que me faça uma confusão do camandro que, eu que aderi à Factura Electrónica e que recebo todos os meses o simpático mail com valores chorudos para pagar, não tenha sido informada pela mesma via da intenção de me deixarem sem luz. Mas dou de barato. Provavelmente os senhores da EDP não sabem o incómodo que é viver sem electricidade.
Quando ligo a perguntar que raio se passava, e peço a re-ligação, dão-me o simpático prazo de 4 dias para restabelecerem o fornecimento.
Sim, leram bem, a EDP Distribuição acha que quatro dias é um prazo razoável para que alguém que opta por ser seu cliente, fique sem electricidade.
Peço para falar com alguém que mande, já enervada com a senhora do Call Center que mais parecia um disco riscado a repetir o que lhe ensinam na porra das formações de atendimento.
Aguardo. Volta a mesma senhora a dizer que ah e tal, parece que podem vir no dia seguinte (hoje), em vez de na segunda-feira.
Insisto para falar com um supervisor. Não acredito, não quero acreditar, que em pleno século XXI, em Lisboa, não haja a possibilidade de mandarem um piquete de urgência a casa das pessoas. Podia custar 50€, 100€, 500€, uma pessoa lá sabe o que estará disposta a pagar para não deixar apodrecer o que tem no frigorifico.
Pois que não está disponível.
Pois que diz que depois me liga de volta.
Pois claro que não ligou.
Hoje à hora marcada lá vêm fazer a re-ligação.
Quando chego a casa, só tenho metade das coisas a funcionar, salva-se o frigorífico, não se salva o aquário dos peixes.
Aguardei o piquete de urgência, que afinal parece que existe e que até vem no próprio dia. Aliás, até veio em menos de trinta minutos.
Sim, o piquete de urgência existe, vem no próprio dia, faz re-ligações, MAS, e este MAS é o cerne da questão, se o fornecimento não tiver sigo interrompido porque o cliente, (ai ai ai que leva tau tau), não enviou as leituras para os senhores da EDP.
Este método, que me parece assim um tipo de coacção para que não volte a fazer o mesmo (ai, ai, ai), resultará na minha breve mudança para um dos concorrentes da EDP Distribuição.
Pode ser a mesma merda, pior não será de certeza.
quinta-feira, setembro 18, 2014
Sobre isso das coisas previsíveis
Não gosto de incertezas, nem de imprevisibilidade.
Arriscaria mesmo dizer que nem gosto muito de surpresas.
Gosto do conforto de saber com o que conto, e quando há decisões importantes a tomar, o mais depressa possível, para que rapidamente se encontre nova ordem.
De tal maneira sou assim, que durante muito tempo ia espreitar o final dos livros, especialmente se a história ou o destino de alguma personagem me inquietava em especial, para depois voltar mais atrás e ler em sossego e sem sobressaltos o resto da história.
O saber o que vem a seguir e o poder preparar o coração e o espírito, dá-me segurança.
Tudo isto encaixa nos medos. E ainda que a maturidade me tenha aplacado alguns, serei sempre uma pessoa de medos.
E lembro-me disto a propósito desta coisa de ter que decidir se mudava as miúdas de escola.
Além de todas as contas que tivemos de fazer, na minha cabeça tinha um turbilhão de perguntas sem resposta a tirarem-me o sono, todas sobre a maior ou menor facilidade com que iriam adaptar-se à nova escola, arrancadas assim ao que já tinha começado, e que já era para elas, tido como certo.
Preferia não ser assim, mas é muito mais mais forte que eu. É o que sou.
E imagino-me muitas vezes velhinha, a olhar para trás e a pensar: "afinal correu tudo bem, sempre havias de ter aproveitado um pouco mais".
Arriscaria mesmo dizer que nem gosto muito de surpresas.
Gosto do conforto de saber com o que conto, e quando há decisões importantes a tomar, o mais depressa possível, para que rapidamente se encontre nova ordem.
De tal maneira sou assim, que durante muito tempo ia espreitar o final dos livros, especialmente se a história ou o destino de alguma personagem me inquietava em especial, para depois voltar mais atrás e ler em sossego e sem sobressaltos o resto da história.
O saber o que vem a seguir e o poder preparar o coração e o espírito, dá-me segurança.
Tudo isto encaixa nos medos. E ainda que a maturidade me tenha aplacado alguns, serei sempre uma pessoa de medos.
E lembro-me disto a propósito desta coisa de ter que decidir se mudava as miúdas de escola.
Além de todas as contas que tivemos de fazer, na minha cabeça tinha um turbilhão de perguntas sem resposta a tirarem-me o sono, todas sobre a maior ou menor facilidade com que iriam adaptar-se à nova escola, arrancadas assim ao que já tinha começado, e que já era para elas, tido como certo.
Preferia não ser assim, mas é muito mais mais forte que eu. É o que sou.
E imagino-me muitas vezes velhinha, a olhar para trás e a pensar: "afinal correu tudo bem, sempre havias de ter aproveitado um pouco mais".
quarta-feira, setembro 17, 2014
Fada dos Dentes
Migalha Crescida tem um dente de leite pendurado por um fio. Literalmente. Acho que se espirrar o dente sai disparado e bate na testa de alguém.
Mas ela não toca no dente, nem me deixa tocar, que se deixasse, já não estaria ali com toda a certeza.
Hoje disse-lhe para lavar os dentes como deve ser, na esperança que uma escovadela mais vigorosa acabasse com aquilo, mas ela chora e diz que tem medo. Medo de engolir o dente.
Já lhe disse que se engolir também não é nenhum drama, um dente minusculo e redondinho, mas ela alega que precisa do dente para a fada dos dentes.
Sendo esse o problema, garanti que lhe dava um presente mesmo sem ter o dente, ao que ela responde, que não quer um presente meu, quer um presente dado "mesmo" por uma fada.
Ainda me estou a refazer do choque de ter uma filha de 8 anos que aparentemente ainda acredita na fada dos dentes.
Como se não bastasse, a mais nova diz com o ar mais natural do mundo: " podes engolir à vontade, os presentes da mãe são muito melhores que os da fada"
Mas ela não toca no dente, nem me deixa tocar, que se deixasse, já não estaria ali com toda a certeza.
Hoje disse-lhe para lavar os dentes como deve ser, na esperança que uma escovadela mais vigorosa acabasse com aquilo, mas ela chora e diz que tem medo. Medo de engolir o dente.
Já lhe disse que se engolir também não é nenhum drama, um dente minusculo e redondinho, mas ela alega que precisa do dente para a fada dos dentes.
Sendo esse o problema, garanti que lhe dava um presente mesmo sem ter o dente, ao que ela responde, que não quer um presente meu, quer um presente dado "mesmo" por uma fada.
Ainda me estou a refazer do choque de ter uma filha de 8 anos que aparentemente ainda acredita na fada dos dentes.
Como se não bastasse, a mais nova diz com o ar mais natural do mundo: " podes engolir à vontade, os presentes da mãe são muito melhores que os da fada"
terça-feira, setembro 16, 2014
Continuaremos na Escola Pública
Quarenta e oito horas a fazer contas.
Mensalidade e refeitório e uniformes e matrículas.
Quarenta e oito horas para confirmar que não consigo mesmo tirar as minhas filhas da escola para as colocar num colégio, a menos que me esqueça o cinema aos fins de semana, os concertos da Violetta, os restaurantes, pelo menos dois períodos de férias fora, a viagem à EuroDisney. Também me podia esquecer da minha Célia, mas isso seria basicamente o mesmo que me esquecer de mim.
Nunca lamento não nadar em dinheiro. Tivesse menos um filho e não precisava de fazer contas. Excepção apenas para estas fases em que sou obrigada a assistir nada impávida e ainda menos serena, ao abandalhamento daquilo que deveria ser o foco delas nos próximos 15 ou 16 anos: o Ensino.
E portanto resta-me a resignação, já que todas as batalhas que travei com a escola desde o primeiro ano de Migalha Crescida foram em vão, e não ganhei uma única.
Nem quando retiraram uma professora que já tinha iniciado o trabalho alegando erro no concurso.
Nem quando não permitiram a continuidade pedagógica à professora que ficou colocada no mesmo agrupamento.
Nem quando colocaram um professor de sessenta anos há oito anos afastado do ensino.
Nem quando mostrei provas e evidencias que o mesmo professor não só não conseguia ensinar como ainda dava erros ortográficos de arrepiar ("saiem", vinha escrito na caderneta).
Nem quando pedi uma professora do quadro para os últimos dois anos na esperança de recuperar o segundo ano quase perdido.
Nem quando pedi para mudar Migalha do Meio de turma por estar também com um professor contratado.
Nem quando lhes perguntei onde estava escrito que os pais podiam escrever cartinhas a escolher os professores que queriam para os filhos, enchendo as poucas turmas atribuídas aos professores do quadro e deixando "os restos" para os outros.
Já não vou travar a batalha de perguntar como têm o descaramento de responder à solicitação de uma professora do quadro para recuperar as lacunas da turma, com uma professora contratada em licença de amamentação,que só dá aulas até à hora de almoço.
Desisto.
Estão demasiado bem organizadas.
segunda-feira, setembro 15, 2014
Desperdício
Acho que é a palavra dos nossos tempos.
Enquanto etiqueto o material para Migalhas levarem para a escola, olho para aqueles "blocos de papel cavalinho", "blocos de cartolinas", "blocos de papel de lustro", e afins, e faço uma conta rápida a quantas daquelas folhas serão arrancadas, e sei que muito poucas virão devolvidas com trabalhos.
Depois olho para as "canetas de feltro", "lápis de cor", "lápis de cera", plasticinas, tudo novo, novinho, acabados de chegar das prateleiras do Jumbo, e lembro-me como ano passado voltaram em parte secas, ou sem tampas, algumas cores desaparecidas, alguns lápis mais pequenos, mas nunca, totalmente gastos.
O material que os professores exigem para um ano, excepção aos cadernos e aos lápis de carvão, dava na verdade para todos os quatro anos do primeiro ciclo.
E pergunto-me, se não seria muito mais razoável comprar o material realmente necessário para o funcionamento da sala (ensino gratuito...ah ah ah) e depois dividiam por todos, à semelhança dos jantares de aniversário dos adolescentes. Tenho a certeza que pouparíamos uma quantia preciosa (multiplica por 3 crianças), e evitaríamos o desconforto que nos causa o saber que estamos a comprar para deitar fora.
Enquanto etiqueto o material para Migalhas levarem para a escola, olho para aqueles "blocos de papel cavalinho", "blocos de cartolinas", "blocos de papel de lustro", e afins, e faço uma conta rápida a quantas daquelas folhas serão arrancadas, e sei que muito poucas virão devolvidas com trabalhos.
Depois olho para as "canetas de feltro", "lápis de cor", "lápis de cera", plasticinas, tudo novo, novinho, acabados de chegar das prateleiras do Jumbo, e lembro-me como ano passado voltaram em parte secas, ou sem tampas, algumas cores desaparecidas, alguns lápis mais pequenos, mas nunca, totalmente gastos.
O material que os professores exigem para um ano, excepção aos cadernos e aos lápis de carvão, dava na verdade para todos os quatro anos do primeiro ciclo.
E pergunto-me, se não seria muito mais razoável comprar o material realmente necessário para o funcionamento da sala (ensino gratuito...ah ah ah) e depois dividiam por todos, à semelhança dos jantares de aniversário dos adolescentes. Tenho a certeza que pouparíamos uma quantia preciosa (multiplica por 3 crianças), e evitaríamos o desconforto que nos causa o saber que estamos a comprar para deitar fora.
domingo, setembro 14, 2014
Cruzes
Tendo a missa das 11h sido atropelada por festa de aniversário de amiga de Migalhas, mas fazendo parte do regresso a casa a missa de domingo na "nossa" igreja, assisti fora das minhas horas e fora do "nosso" padre, a uma missa ao final do dia.
Saí decidida a pedir intervenção divina para as minhas agonias, indecisa apenas, entre pedir a Maria que entenderá melhor estas coisas das mães, ou dirigir-me logo a toda a Santíssima Trindade.
E é no sermão daquele padre inesperado em horário de missa desencontrado, sermão sobre a Exaltação da Cruz e sobre a necessidade de cada um aceitar e carregar a sua própria cruz, quando me passam diante dos olhos as cruzes que tantos carregam sem vergar, que dou pelo tal escrever direito de que se fala. E percebendo o meu único propósito ali, acabei a agradecer.
E no pedir, só perdão, por ter o atrevimento de maçar Deus e os Santos com cruzes que quase não pesam.
Saí decidida a pedir intervenção divina para as minhas agonias, indecisa apenas, entre pedir a Maria que entenderá melhor estas coisas das mães, ou dirigir-me logo a toda a Santíssima Trindade.
E é no sermão daquele padre inesperado em horário de missa desencontrado, sermão sobre a Exaltação da Cruz e sobre a necessidade de cada um aceitar e carregar a sua própria cruz, quando me passam diante dos olhos as cruzes que tantos carregam sem vergar, que dou pelo tal escrever direito de que se fala. E percebendo o meu único propósito ali, acabei a agradecer.
E no pedir, só perdão, por ter o atrevimento de maçar Deus e os Santos com cruzes que quase não pesam.
Regresso à escola...pública.
Migalha do Meio está no primeiro ano.
Segue os passos da irmã na escola pública, não porque esteja a ser um sucesso, mas porque com o nascimento do Sancho, um colégio para os três deixou de ser opção.
Não vale a pena tentar dar algum romantismo à coisa. Ou dourar a pílula. A minha experiência com o Ensino Público tem sido uma merda, para os miúdos é uma merda, e ainda por cima nem me parece que do lado dos professores a palavra seja diferente.
Tal como a irmã, Migalha do Meio tem uma professora contratada, vítima que é da falta de habilidade da mãe para cunhas de secretaria e pedidos por baixo da mesa. Discriminada pela minha falta de jeito para tentar furar o sistema, logo o sistema de ensino que está ali mesmo a pedir para ser furado.
Estou cansada. Eu que em mais de meia dúzia de anos de infantário com três crianças, lembro-me de me ter queixado uma única vez e porque o ar condicionado estava um bocado para o fresco, vejo-me agora embrulhada em trocas de mails e reuniões, sem saber se o que resulta com esta gente é baixar a cabeça e pedir por favor, ou atirar-lhe com o monte de ilegalidades que cometem e permitem cometer, sabendo que o mais certo é que nada leve a lado nenhum, afinal há três anos que me dão baile, que me mentem, que me tentam ludibriar, que me atiram areia para os olhos, mestres na arte de ganhar tempo no tempo das decisões e habilidosas a escaparem-se quando já não há nada a fazer porque o tempo já passou.
Migalha Crescida já conta três professores, um por cada ano. E daqui a um ano estará a conhecer o quarto, porque a recém-chegada já avisou que o seu contrato é, como para todos os outros professores, pelo período de um ano. E mesmo que concorra para tentar continuar com a turma, ainda está dependente de cair nas graças da coordenadora da escola e da direcção do agrupamento, que podem muito bem não ter gostado da saia que levou na festa de Natal. Aliás, a professora do primeiro ano de Migalha, continua no Agrupamento, mas como não caiu nas graças das fulanas que mexem os cordelinhos, foi colocada noutra escola, não obstante os pedidos dos pais para que continuasse.
Estou farta. Estou cansada. Ninguém quer saber dos miúdos. Ninguém tem medo, nem respeito, nem porra nenhuma. Fazem o que querem, como querem e quando querem, e a nós só nos resta a resignação, e logo eu, que não sou de me sujeitar, nem de me resignar, logo eu é que havia de ter que lidar com esta gente...
Segue os passos da irmã na escola pública, não porque esteja a ser um sucesso, mas porque com o nascimento do Sancho, um colégio para os três deixou de ser opção.
Não vale a pena tentar dar algum romantismo à coisa. Ou dourar a pílula. A minha experiência com o Ensino Público tem sido uma merda, para os miúdos é uma merda, e ainda por cima nem me parece que do lado dos professores a palavra seja diferente.
Tal como a irmã, Migalha do Meio tem uma professora contratada, vítima que é da falta de habilidade da mãe para cunhas de secretaria e pedidos por baixo da mesa. Discriminada pela minha falta de jeito para tentar furar o sistema, logo o sistema de ensino que está ali mesmo a pedir para ser furado.
Estou cansada. Eu que em mais de meia dúzia de anos de infantário com três crianças, lembro-me de me ter queixado uma única vez e porque o ar condicionado estava um bocado para o fresco, vejo-me agora embrulhada em trocas de mails e reuniões, sem saber se o que resulta com esta gente é baixar a cabeça e pedir por favor, ou atirar-lhe com o monte de ilegalidades que cometem e permitem cometer, sabendo que o mais certo é que nada leve a lado nenhum, afinal há três anos que me dão baile, que me mentem, que me tentam ludibriar, que me atiram areia para os olhos, mestres na arte de ganhar tempo no tempo das decisões e habilidosas a escaparem-se quando já não há nada a fazer porque o tempo já passou.
Migalha Crescida já conta três professores, um por cada ano. E daqui a um ano estará a conhecer o quarto, porque a recém-chegada já avisou que o seu contrato é, como para todos os outros professores, pelo período de um ano. E mesmo que concorra para tentar continuar com a turma, ainda está dependente de cair nas graças da coordenadora da escola e da direcção do agrupamento, que podem muito bem não ter gostado da saia que levou na festa de Natal. Aliás, a professora do primeiro ano de Migalha, continua no Agrupamento, mas como não caiu nas graças das fulanas que mexem os cordelinhos, foi colocada noutra escola, não obstante os pedidos dos pais para que continuasse.
Estou farta. Estou cansada. Ninguém quer saber dos miúdos. Ninguém tem medo, nem respeito, nem porra nenhuma. Fazem o que querem, como querem e quando querem, e a nós só nos resta a resignação, e logo eu, que não sou de me sujeitar, nem de me resignar, logo eu é que havia de ter que lidar com esta gente...
sábado, setembro 13, 2014
Agora sim, estou de volta
Dois meses.
Dois meses inteirinhos foi o tempo em que vivi migrada, em que só passei por casa para apanhar alguma peça de roupa esquecida e para alimentar os peixes.
É assim todos os Verões. Migalhas começam as férias, e rumam para a quinta dos avós. E nós seguimos-lhes os passos, que a distância até Lisboa é curta e percorre-se em tempo razoável para trabalhar.
De lá saímos para as férias do Algarve, das férias do Algarve voltamos para lá, até que se anuncia o primeiro dia de aulas e é tempo de juntar as tralhas e finalmente regressar a casa.
Hoje foi o tempo. Hoje tenho dois meses enfiados em malas que não me apetece desfazer, hoje passei duas horas no supermercado a comprar o suficiente e mais. Hoje comprei o quinto pacote de esparguete, a juntar aos outros quatro, sinal que não houve lista feita e organizada, aliás, sinal que nada neste regresso teve pingo de organização, logo eu, que em circunstâncias previsíveis, teria feito um check list com tudo o que não me poderia esquecer de devolver a casa, e ainda uma lista baseada num breve mas eficaz inventário à despensa e ao frigorifico.
Migalhas rebolam na cama. Queixam-se que não têm sono, embaladas que vêm de serões para além da hora.
E eu, sento-me finalmente no meu sofá. E finalmente tenho o PC no colo, que isto de fazer posts no telefone, por muito i-phone que seja, não é a mesma coisa, e fico verdadeiramente contente por estar mesmo-mesmo de volta.
Dois meses inteirinhos foi o tempo em que vivi migrada, em que só passei por casa para apanhar alguma peça de roupa esquecida e para alimentar os peixes.
É assim todos os Verões. Migalhas começam as férias, e rumam para a quinta dos avós. E nós seguimos-lhes os passos, que a distância até Lisboa é curta e percorre-se em tempo razoável para trabalhar.
De lá saímos para as férias do Algarve, das férias do Algarve voltamos para lá, até que se anuncia o primeiro dia de aulas e é tempo de juntar as tralhas e finalmente regressar a casa.
Hoje foi o tempo. Hoje tenho dois meses enfiados em malas que não me apetece desfazer, hoje passei duas horas no supermercado a comprar o suficiente e mais. Hoje comprei o quinto pacote de esparguete, a juntar aos outros quatro, sinal que não houve lista feita e organizada, aliás, sinal que nada neste regresso teve pingo de organização, logo eu, que em circunstâncias previsíveis, teria feito um check list com tudo o que não me poderia esquecer de devolver a casa, e ainda uma lista baseada num breve mas eficaz inventário à despensa e ao frigorifico.
Migalhas rebolam na cama. Queixam-se que não têm sono, embaladas que vêm de serões para além da hora.
E eu, sento-me finalmente no meu sofá. E finalmente tenho o PC no colo, que isto de fazer posts no telefone, por muito i-phone que seja, não é a mesma coisa, e fico verdadeiramente contente por estar mesmo-mesmo de volta.
terça-feira, setembro 02, 2014
O que aprendo em lendo blogues
Que há pessoas que deviam MESMO rever o tipo de alimentação que fazem.
Que as mesmas pessoas, não fazem ideia do que é intimidade, ou amor. Que têm a mania que sabem tudo, e coitadas, não sabem quase nada.
Que continuam a destratar quem ouse discordar delas.
Mas o que mais me intriga é o homem... Terá o mesmo tipo de sentido de humor idiota ou pensa que o mundo começa e acaba em mulherzinhas?
Que as mesmas pessoas, não fazem ideia do que é intimidade, ou amor. Que têm a mania que sabem tudo, e coitadas, não sabem quase nada.
Que continuam a destratar quem ouse discordar delas.
Mas o que mais me intriga é o homem... Terá o mesmo tipo de sentido de humor idiota ou pensa que o mundo começa e acaba em mulherzinhas?
Queridas pessoas
Não vos vai sair o Euromilhões, não vão poder ter os pés de molho e o corpo ao sol a toda a hora, não vão viajar entre hemisférios todo o ano, por isso deixem-se de sonhar alto, os dez euros que apostaram ainda vos vão fazer falta.
E deixem-se de tretas de depressões pós-férias e merdas, arregacem as mangas e agarrem-se a trabalhar.
Todos os anos a mesma coisa, é que até "mirritam".
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