O maravilhoso header é cortesia da Palmier Encoberto. Quem mais?

sexta-feira, junho 27, 2014

Agora que vejo um pequeno pneu aqui por cima das calças

Penso que almocei lasanha, e que ainda há bocado comi um gelado que me soube pela vida, (cheio de mel, nham nham), e talvez isto se ande a repetir há demasiados dias, e andar a evitar ir à balança para saber o veredicto de tanta bandalheira não vai dar bom resultado, especialmente porque estamos em pleno Verão e mais uma semana e terei que me conciliar diariamente com o biquini.

quinta-feira, junho 26, 2014

Diz que jogámos três vezes para o Mundial mas não dei por nada

Por razões que são cá da minha vida, à hora do jogo estava no meio de Lisboa, a conduzir.
A cidade estava normal.
Lembrei-me do Europeu de 2004, que quando jogava Portugal não se via vivalma nas ruas, era olhar as janelas e ver aquelas bandeiras todas ao vento que uma pessoa até se arrepiava,  um imenso silêncio só interrompido de vez em quando por um grito de "golo" vindo das entranhas de milhões de portugueses, e um cabrão de um nó no estomâgo que só se desatava no fim.



terça-feira, junho 24, 2014

Serve o presente post para informar

Que a Filipa Brás do blog Dúvidas Cor de Rosa é fantástica e linda e inteligente.
Qualquer semelhança entre este post e um post encomendado, coacção ou chantagem, é pura coincidência.

segunda-feira, junho 23, 2014

Mas afinal que fez a Migalha de tão grave para levar uma palmada em público?

Não é grave. Não foi grave. Mas a certa altura pareceu grave.
No balnerário da natação, enquanto eu ajudava a Migalha do Meio no banho, Migalha Crescida (8), fechou o Sancho (3), num cacifo minúsculo. Uma vez  lá dentro,  ele mexeu na fechadura, e trancou-se, e Migalha não conseguia abrir a porta.
Apercebo-me quando oiço murros e gritos abafados, e a vejo afogueada a tentar abrir a puta da porta.
Quando o consegui tirar lá de dentro, confesso que a única coisa que me apeteceu fazer e que realmente fiz, foi puxar da mão bem atrás e espetar-lhe duas valentes palmadas naquele rabo com idade para ter juízo.
E já sei, à maior parte das mães doi-lhes mais a elas, mas a mim não.
Aposto que lhe doeu bem mais.

domingo, junho 22, 2014

A sociedade em geral e eu em particular

Ontem dei uma palmada (duas, vá) a Migalha Crescida, em público.
Caramba...Não me lembrava de sentir os olhares reprovadores das pessoas desta forma desde que fumei uns cigarritos grávida.

sexta-feira, junho 20, 2014

Há muito que não vos trago uma de Migalha do Meio

Lembrei-me de uma coisa que se passou no fim de semana passado.
Enquanto esperávamos pelo "show" do hotel, Migalhas viram chegar as "artistas".
- Ó mãe, elas vão fazer o quê?
- Não faço ideia. porque não vão lá perguntar.
É preciso ser descarada e ter uma lata do caraças? Lá está Migalha do Meio.
Lá vem toda lampeira anunciar, que vão fazer um "show de rap".
Eis que as duas moças começam a abrir umas caixas que traziam com elas, de onde começam a tirar...répteis.

quinta-feira, junho 19, 2014

E agora com vossa licença

Vou ver se o homem chegou inteiro ou se lhe falta algum bocado.

Fartinha destas gajas IV

Sei que estão a pensar que não toco na Palmier.
Ai que tem tanta graça, ai que tem um humor tão inteligente, e que criatividade, Deus Meu!, varre a bloga com o seu brilhantismo, agrada a todos, até troca mimos com as dos blogues famosos.
Pois a mim, o que me faz lembrar a vassalagem que prestam a essa senhora, são as entrevistas do RAP aos políticos com quem gozava. Engoliam um sapo do tamanho deles, mas lá iam com aquele ar de tenho-tanto-poder-de-encaixe-sei-lá.
É que às vezes até parece que é alguma santa, e que não anda a fazer pouco das pessoas comásoutras!
Quando a coisa azeda, pronto! lá vem o coro de lamentos, ai o que andará a fazer com esta gentalha, ai que pena me dá ver a Palmier metida nestes assados, ai que não tem necessidade nenhuma disto, tenho o coração a chorar lágrimas de sangue com a pobre Palmier envolvida assim...
Mas ontem é que deu para ver o verdadeiro calibre desta senhora.
Então não é que gamou uma imagem aí pela net, e a ofereceu como se tivesse sido ela a fazer?
A grandessíssima lata!
Até já estou nervosa a imaginar os problemas que vou ter ali com a boneca da fisga.
Onde foi ela buscar aquilo que me mandou como se lhe tivesse dado um trabalhão a fazer- toma blogo amiga, vê lá se gostas e não sei quê.
Já se está mesmo a ver quem vai fazer companhia à outra lá na pildra.
E não deve tardar muito... mais uma com exigências.
Mas também te aviso já, minha menina, podes começar a encomendar coisas mais baratinhas que a tua amiga, posso levar-te um bolo de iogurte, ou um pudim de ovos, mas não venhas para cá com frescuras de champanhes e chocolates.
Digo-vos, isto é tudo uma gentinha que não interessa.


quarta-feira, junho 18, 2014

O problema das pulseiras de elásticos

Por favor crianças, só temos dois pulsos...

Fartinha destas gajas III

Estou que nem posso com a Sexinho.
Não se aguentam estas gajas pá.
A Sexinho é gira.
Além de gira- magra
Além de gira e magra- simpática. Não há pachorra para gente amorosa.
Além de gira, magra e simpática- com uma vidinha de dar no cotovelo de qualquer um (e é que aquilo é mesmo a vida dela, dá para acreditar?)
Além de gira, magra, simpática, e com uma vidinha de dar no cotovelo de qualquer um- parece irritantemente feliz.
Agora digam-me...Mereço?


Fartinha destas gajas II

A dos caracois loiros é a pior. Quem vir aquele cabelinho de anjo, não a leva presa.
Já devia calcular, pela quantidade de vezes que li a palavra caralho no blog (a cena do cor de rosa é treta),  isto só podia dar merda da grossa com ela metida ao barulho.
Então não é que desatou a chamar nomes às pessoas?
Então mas esta alminha de Deus, só quer a cabeça para usar caracois?
Não sabe que a bloga está cheia de "princesas da ervilha", que aquilo nem com cem colchões?
Por causa dela é que a outra foi presa, co-responsabilidade, ou co-autoria, danos psicológicos.  Parece que a desgraçada há dias que anda a Lexotan, tal a carga de nervos que apanhou com isto tudo.
E querem ver a lata? Quando lhe disse, avança aí vinte euros que vamos comprar uma garrafa de Veuve Clicquot para a patroa, estica-me uma moeda de 1€ e manda-me comprar Raposeira.
Bem... apresento-me com uma garrafa de Raposeira à outra e sou bem capaz de ter que levar uns pontos na cabeça e de engolir a lima (sim, vai na garrafa, não come bolos, tem a mania das magrezas, diz que pesa 55 quilos).
Devia estar doida quando me meti com esta gente.

terça-feira, junho 17, 2014

Fartinha destas gajas

A outra agora está presa.
A minha mãe bem me disse que era para ter cuidado, que as más companhias acabam com a reputação de uma pessoa, mas eu pensava que isso era coisa para durar aí até aos vinte anos, se tanto, depois cada um era como cada qual.
Mas não, uma pessoa quer ser da malta, quer entrar nas brincadeiras, elas prometem que aquilo é bom, que é só uma vez, e uma pessoa vai e experimenta, e quando dá por ela está viciada, agarradinha, e pimba, enquanto não vai lá outra vez não descansa, ai que agora vais experimentar aqui uma coisa nova, em vez de ser aqui nesta chafarica que ninguém lê, vais lá e escreves o que te apetecer.
E depois o caldo entorna-se, uma pessoa até já tem medo de ir ao café da esquina e levar uma corrida em osso, as pessoas do bairro olham de lado, e é chato, porque já foram buzinar umas coisas aos ouvidos da minha mãe, e ela já começou com aquela merda daquela conversa do "bem te avisei".
Como não bastasse,  agora estou aqui a contar tostões, a ver se consigo comprar uma garrafa de Veuve para lhe levar na visita de domingo, mais uma caixa de framboesas,  que estas gajas metem-se nas alhadas mas os vícios de finas ninguém lhos tira.
Só a mim, só a mim.

Ó menina Pipoca

Toca a sair da frente, eu vi primeiro!

Pequenos prazeres

Dormir com confortáveis  cuecas de algodão e não ouvir que são as cuecas da avó.

segunda-feira, junho 16, 2014

Pelo caminho jogámos aos animais

E quando a coisa aperta, quando já disseram o cavalo branco, preto, às riscas, quando já atiraram todos os nomes de peixes que comem, quando eu já ajudei com "aquele que tem luz no rabo", "o urso do canal de televisão" ou "o pássaro que traz os bebés de Paris", é então que entram numa de vale tudo e começam os dinossauros, unicórnios, sereias e a pantera cor de rosa.

Ora aqui estou de regresso a casa

Depois do fim de semana a Sul. Pois que foi bom, pois que Migalhas divertiram-se, adoraram a praia, a piscina, fizeram uma BFF que nunca mais vão ver na vida, vibraram com a música ao vivo (sofrível) das noites do hotel. Felizes da vida. Também gostei, afinal a felicidade dos nossos filhos é a nossa, ainda que fosse cansativo ter que olhar por todos sozinha, e um quer a piscina dos pequeninos, e as outras a dos "crescidos", e uma pessoa mal tem tempo para dar um mergulho sem alguém agarrado ao pescoço. Apesar da tarefa exigente de olhar pelos três, ainda assim consegui ir deitando o olho ao resto dos hóspedes. Mirar as pratadas de ovos com salsichas e bacon e baked beans que aqueles ingleses gordos comem ao pequeno almoço, os mesmos que lancham hamburguers no pão e hot-dogs e batatas fritas. Preocupar-me com as costas quase em carne viva que alguns apresentavam enquanto dormiam na beira da piscina. Imaginar as ressacas que aquelas marcas de bebidas brancas (que eu nunca tinha visto na minha vida) devem causar. E constatar, que para tantas pessoas, férias de sonho são a possibilidade de ter uma pulseirinha no pulso que lhes permita beber quantos granizados de morango desejem.

quinta-feira, junho 12, 2014

Ó Tu aí em cima...Tens alguma coisa para me dizer?

Uma mulher diz ao homem que pode ir ao Brasil.
Uma mulher finge ignorar o preço dos voos, e dos bilhetes dos jogos. 
Faz-lhe a mala, cuidando que não lhe falta nada.
Mas uma mulher acha que o sol quando nasce é para todos, e decide que vai agarrar nas criaturas pequenas e instalar-se no Algarve durante o fim de semana, tendo como única preocupação cuidar que não se afogam e que estão protegidas do sol.
Entretanto criança mais pequena começa com febre. 
Adiamos a reserva por um dia. 
E questionamos se um dia vai ser suficiente.



Odeio aqueles instantes

Em que estando morta de fome, tenho de esperar que a comida arrefeça.

quarta-feira, junho 11, 2014

Cá dentro como lá fora

O dia em que descubro que de todas as vezes que me afligi, deveria ter soltado sonoras e francas gargalhadas. Que há personas non gratas nas caixas de comentários. Mais a luta pela permanência que me fascina, quantos sobem, quantos descem.
Dito-Cujo partiu para o Brasil há menos de vinte e quatro horas e já conto um chocolate no bucho. Eu sei que tem 70% de cacau, mas não deixa de ser chocolate. Imagino do que serei capaz numa semana.
As minhas filhas, que parecem verdadeiras artesãs de ar compenetrado com os dedos esticados e elásticos entrelaçados, não conseguem fazer uma única pulseira que não tenha que guardar à socapa antes de chegar ao emprego.
E Migalha Pequeno, que apareceu com febre, a deixar adivinhar que o fim de semana que era para ser já foi.


Mais de quinhentos anos depois

A história repete-se. Mulheres e crianças ficam em Portugal, enquanto os homens partem à conquista do Brasil.

terça-feira, junho 10, 2014

Também tenho dúvidas

Primeiro era só eu.
A primeira blogo desilusão foi quando descobri que de todas as vezes que vinha espreitar, contava como visualização, e que em cinquenta umas trinta seriam minhas.
Se deixasse um comentário com alguma piada nas vizinhas, a coisa podia animar-se, e na loucura, existiriam umas cem pessoas a ler-me.
Tinha mais posts que comentários. Muito mais posts que comentários.
Lembro-me do primeiro seguidor. E do segundo. Também me lembro de nenhum seguidor.
Pronto.
Estava aqui a tentar perceber como passei desse blogue, para um blogue com direito a poema da Arrumadinha.

segunda-feira, junho 09, 2014

E se alguém perder um bocadinho do seu tempo a fazer algo para nós?

Obrigada Pipoca Arrumadinha (que sabe melhor que ninguém, que isto dos blogues é só mesmo para nos divertirmos)

«Um blog muito engraçado»

Já dizia sem querer,
No seu blog bonitinho,
Que pasme-se quem puder,
Tudo vai sair certinho.
Diz que tem a mania,
De que é mais do que uma mãe,
Uma coisa ninguém lhe tira,
A alegria que ela tem.
Neste seu blog plantado,
Comentários sem moderação,
Onde tudo é começado,
Sempre com base em razão.
Todos lá são bem-vindos,
Mas convém não abusar,
É um blog muito engraçado,
Passem lá que vão gostar


quarta-feira, junho 04, 2014

Facto

Para seguir as caixas de comentários fico sem tempo para ler posts...

No meio desta confusão dá para pensar em tudo

Quando era miúda, lembro-me que se contavam anedotas "de judeus".
Eram anedotas como as outras, ora o menino Joãozinho, ora alguém dizia "Otto traz a motosserra", todos ríamos, grande paródia as anedotas de judeus.
Ou as anedotas do Samora Machel, que não passavam de piadas racistas, no entanto eram contadas sem qualquer pudor, por pessoas de qualquer idade.
Há cerca de vinte anos, quando entrei para a faculdade, estavam na moda as anedotas machistas. Ah e tal, "como dás mais liberdade a uma mulher, aumentas-lhe o espaço da cozinha", "quantos neurónios tem uma mulher, quatro, um para cada bico do fogão", ou a pior, "o que dizes a uma mulher com os dois olhos negros, já te avisei duas vezes".
Eu, que até acho que se pode fazer humor sobre (quase) tudo, lembro-me de chorar baba e ranho sentada na beira da cama, atrasada para sair para as aulas, a ler Mila 18, ou o Diário de Anne Frank, e nessa altura, não teria mais que quinze anos,  pensava como é que uma tragédia como a que foi o Holocausto, pode inspirar alguém a fazer algum tipo de graça.
Hoje não sei sobre que se graceja, na verdade, há muito tempo que não oiço anedotas.
Mas acredito que houve uma enorme evolução nas mentalidades, ou tomada de consciência colectiva, ou vergonha, ou medo, e que mesmo que alguém se lembre de fazer uma piada sobre "judeus e nazis", ou sobre "pretos", ou sobre violência doméstica, vai pensar duas vezes antes de o fazer em público, ainda que o público seja um grupo restrito na esplanada do café.
As coisas mudam, os tempos mudam, as vontades mudam, e fico feliz, muito feliz, quando oiço Migalha do Meio a falar-me "daquelas pessoas assim mais castanhas", para se referir a alguém que há trinta, ou mesmo vinte anos,  não passaria de um preto na boca de qualquer criança.

terça-feira, junho 03, 2014

Vá, agora trinta segundos de Estudo do Meio para descomprimir

Véspera de teste, lembrando-me que a vaca é carnívora e que os cangurus comem algas, resolvi fazer-lhe algumas perguntas:
- Migalha, dá exemplo de uma planta aquática.
- Alforreca!
(mencionadas no manual escolar: arroz, nenúfar)

Diz que isto hoje vai lá com animais fofinhos

Só me consigo lembrar deste.

segunda-feira, junho 02, 2014

Eu só me importo com as pessoas que me importam


As mesmas pessoas que se ofendem quando alguém que não as conhece de lado nenhum lhes chama parvas, são as mesmas pessoas que se ofendem com o trolha que lhes grita um piropo, as mesmas que afinam com a colega do emprego que insinua na máquina do café que sobem na horizontal, eventualmente serão as mesmas que se depilam não porque não ter pelos as faz sentir melhor, mas porque a sociedade assim o exige.
As pessoas que se importam, serão sempre pessoas que se importam, mesmo com quem não lhes importa para nada.

(não é nenhuma crítica, o dia foi longo. é só uma constatação.)

domingo, junho 01, 2014

E não sei porquê- ou talvez saiba- mas hoje só me consigo lembrar disto

A alegria que reinava em casa dos meus avós, dependia quase exclusivamente do humor com que o meu avô estava.
Quando entrava a porta para almoçar, sustinhamos a respiração e esperávamos. Se começasse a falar, estava a ter um bom dia, se entrasse mudo e nos desse o nosso beijo sem que nos dirigisse qualquer palavra, era certo que estava com a telha, o melhor a fazer era comermos calados e sossegados.
A minha avó fazia-nos sinais. Abria-nos os olhos. Juntando os silêncios do meu avô, aos olhares da minha avó, já sabíamos com o que contar.
O meu avô nunca nos bateu. Nem uma só vez. Nem um só açoite. Tal como não batera aos filhos, muito menos à mulher.  Não havia razões para temer alguma coisa, no entanto era temor que sentíamos.
Hoje sei que aquela espécie de medo que pairava nos dias de mau humor do meu avô (e se eram muitos), nos era incutido pela minha avó.
A minha avó vivia para servir o marido,  para garantir que nada o perturbava ou arreliava, que a comida estava na mesa à hora certa, nem muito quente, nem fria. Que o café aterrava na frente dele, mal engolisse o último pedaço de fruta. Que quando chegasse à porta, já ela lá estaria com o casaco nos braços, para o ajudar e para o ver partir de novo para o trabalho.
Todos nós achávamos que a minha avó era infeliz. Que só podia ser infeliz.
Quando o meu avô adoeceu e se tornou dependente de cuidados que exigiam algum esforço físico e noites mal dormidas, os filhos (incluindo a minha mãe), acharam que estava na hora de salvar a mãe daquele jugo de uma vida. De lhe dar a liberdade que (eles julgavam) ela merecia. Caramba, ainda era nova, ainda podia aproveitar.
O meu avô foi internado num lar. 
E a minha avó, ao invés de passar as tardes no café a bebericar chá, ou de ir dar uns passeios com umas amigas, em vez de aproveitar aquela liberdade que lhe caía do céu, resolveu inscrever-se em regime externo no mesmo lar onde estava o marido, e continuou a passar os dias com ele, a dar-lhe o almoço, a ajudar em todos os cuidados.
Até aí, não tínhamos entendido, nenhum de nós tinha,  que o que fazia a minha avó sentir-se realizada, era aquela articulação harmoniosa e quase perfeita de todas as tarefas que tinha a seu cargo.  Não chegávamos atrasados à escola, nas mochilas ia o lanche para o intervalo da manhã, a roupa engomada estava nos armários, a casa estava limpa, impecável, o almoço  aterrava na frente do meu avô às13h40m, impreterivelmente. 
A realização da minha avó, não estava em usar calças (literalmente), estava em que nada falhasse.
Mas nós- eu, a minha mãe- estávamos demasiado cheias do "havia de ser comigo", do "Deus me livre de algum dia ser criada de um homem", demasiado convencidas que sabíamos o que era melhor para qualquer mulher, que "aquilo já não se usava", do "deixar de ser parva".
O meu avô teve um AVC pouco tempo depois e morreu.
A minha avó nunca perdoou os filhos. 
Eu aprendi uma lição, das grandes.
Que ninguém é dono da verdade. E que não há receitas universais de felicidade. Ou de infelicidade.

Porque é disto que se trata

E não de festas com balões, pinturas faciais e insufláveis. Não são os presentes, caros ou baratos, nem gelados e gomas sem restrição. Hoje é dia de relembrar que milhões de crianças em todo o mundo não têm o mais básico assegurado.
Declaração Universal dos Direitos da Criança

Princípio I - À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade. A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer excepção, distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social, posição económica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria criança ou à sua família.
Princípio II - Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e social. A criança gozará de protecção especial e disporá de oportunidade e serviços a serem estabelecidos em lei e por outros meios, de modo que possa desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá será o interesse superior da criança.
Princípio III - Direito a um nome e a uma nacionalidade. A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma nacionalidade.
Princípio IV - Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a criança e a mãe. A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.
Princípio V - Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou mentalmente deficiente. A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre de algum impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados especiais que requeira o seu caso particular.
Princípio VI - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade. A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um ambiente de afecto e segurança moral e material; salvo circunstâncias excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.
Princípio VII - Direito á educação gratuita e ao lazer infantil. O interesse superior da criança deverá ser o interesse director daqueles que têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade incumbe, em primeira instância, a seus pais. A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se esforçarão para promover o exercício deste direito. A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade, seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil à sociedade.
Princípio VIII - Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes. A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a receber protecção e auxílio.
Princípio IX - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho. A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e exploração. Não será objecto de nenhum tipo de tráfico. Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima adequada;
em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.
Princípio X- Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão, amizade e justiça entre os povos. A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.