Continuo fisgada num destes...
O maravilhoso header é cortesia da Palmier Encoberto. Quem mais?
sexta-feira, maio 31, 2013
Este blog ganhou outra dimensão
Lembram-se de vos ter dito que este blog era coisa ultra-secreta, que tinha noventa por cento de certeza que Dito-Cujo não sabia que isto existia?
O que vos posso dizer é que 90% de certeza é muito pouco e Dito-Cujo lê o blog.
Isto dá toda uma outra dimensão à coisa...Quando estiver fodida lixada da vida com ele, e me apetecer vir para aqui dizer asneiras e chamar-lhe nomes, alguma coisa dentro da minha cabeça vai dizer "cuidado, big brother is watching".
Isto mete um ponto final aos posts lamechas, isto fecha a janela que de vez em quando abria para dentro da minha misteriosa cabecinha.
A bem dizer, e já que o blog perdeu a função de catarse da alma, estou a pensar fazer um refresh da coisa, limpar os posts que não quero que sejam lidos por quem me conhece e espalhar aos sete ventos que tenho um blog.
Que tal?
O que vos posso dizer é que 90% de certeza é muito pouco e Dito-Cujo lê o blog.
Isto dá toda uma outra dimensão à coisa...Quando estiver
Isto mete um ponto final aos posts lamechas, isto fecha a janela que de vez em quando abria para dentro da minha misteriosa cabecinha.
A bem dizer, e já que o blog perdeu a função de catarse da alma, estou a pensar fazer um refresh da coisa, limpar os posts que não quero que sejam lidos por quem me conhece e espalhar aos sete ventos que tenho um blog.
Que tal?
Em modo quase-falecido
Hoje comecei o dia a quase-falecer.
Que me perdoem as pessoas que estão a quase falecer de verdade, ou mesmo a falecer neste preciso momento, mas a probabilidade de lerem este recôndito blog enquanto fazem essa coisa tão natural, mas que preferimos que demore cem anos a chegar, é muito pequena, mesmo a roçar o ínfimo, por isso penso que não vou ferir susceptibilidades.
Parece que o Nuno Markl hoje resolveu desafiar os ouvintes a pregarem uma espécie de partida às caras-metade. Consistia em enviar um sms a dizer "eu não tenho sido completamente honesto contigo" e depois permanecer incontactável durante uma hora. Claro que Dito-Cujo, alheio ao meu fraco e agastado coração, resolveu enviar a mensagem.
Senhores...No tempo que passou entre receber a mensagem e conseguir que Dito-Cujo atendesse o telefone, tive suores, palpitações, nervios aos molhos, pensamentos suicidas. Tracei planos de vingança, imaginei uma loira mamalhuda pendurada pelos pés numa falésia, vi-me com canivetes a fazer grossos e fundos riscos na chapa de certa carrinha, adivinhei longos serões solitários, só eu, gorda, de calças de fato de treino e uma tablete de chocolate de quilo.
Pensarão que uma hora dá para muita coisa...Mas passaram apenas sete minutos entre receber a mensagem e Dito-Cujo atender o telefone sob ameaça de escândalo no local de trabalho.
Ao Markl tenho que agradecer duas coisas:
- Lembrar-me quanto gosto de Dito-Cujo e como a minha vida seria merdosa sem ele
- Convencer-me (se dúvidas houvesse) que não bato bem da cabeça, não jogo com o baralho todo, falta-me um parafuso, sou pessoa para me passar completamente da marmita numa situação de stress
Quanto ao quase falecimento...Não foi desta, mas de certeza que as minhas finas artérias não aguentam muitas vezes o sangue a circular a mil à hora e o coração a bater a duzentos.
Markl, já sabes pá, quando um dia me rebentar uma veia da cabeça, e ficar completamente choné, a tua quota parte de responsabilidade está lá.
Dito-Cujo meu amado marido, há maneiras mais fáceis e garantidas de me despachares. Moramos num sétimo andar, né?
Que me perdoem as pessoas que estão a quase falecer de verdade, ou mesmo a falecer neste preciso momento, mas a probabilidade de lerem este recôndito blog enquanto fazem essa coisa tão natural, mas que preferimos que demore cem anos a chegar, é muito pequena, mesmo a roçar o ínfimo, por isso penso que não vou ferir susceptibilidades.
Parece que o Nuno Markl hoje resolveu desafiar os ouvintes a pregarem uma espécie de partida às caras-metade. Consistia em enviar um sms a dizer "eu não tenho sido completamente honesto contigo" e depois permanecer incontactável durante uma hora. Claro que Dito-Cujo, alheio ao meu fraco e agastado coração, resolveu enviar a mensagem.
Senhores...No tempo que passou entre receber a mensagem e conseguir que Dito-Cujo atendesse o telefone, tive suores, palpitações, nervios aos molhos, pensamentos suicidas. Tracei planos de vingança, imaginei uma loira mamalhuda pendurada pelos pés numa falésia, vi-me com canivetes a fazer grossos e fundos riscos na chapa de certa carrinha, adivinhei longos serões solitários, só eu, gorda, de calças de fato de treino e uma tablete de chocolate de quilo.
Pensarão que uma hora dá para muita coisa...Mas passaram apenas sete minutos entre receber a mensagem e Dito-Cujo atender o telefone sob ameaça de escândalo no local de trabalho.
Ao Markl tenho que agradecer duas coisas:
- Lembrar-me quanto gosto de Dito-Cujo e como a minha vida seria merdosa sem ele
- Convencer-me (se dúvidas houvesse) que não bato bem da cabeça, não jogo com o baralho todo, falta-me um parafuso, sou pessoa para me passar completamente da marmita numa situação de stress
Quanto ao quase falecimento...Não foi desta, mas de certeza que as minhas finas artérias não aguentam muitas vezes o sangue a circular a mil à hora e o coração a bater a duzentos.
Markl, já sabes pá, quando um dia me rebentar uma veia da cabeça, e ficar completamente choné, a tua quota parte de responsabilidade está lá.
Dito-Cujo meu amado marido, há maneiras mais fáceis e garantidas de me despachares. Moramos num sétimo andar, né?
quarta-feira, maio 29, 2013
Hoje é dia de festa
A minha Migalhinha do Meio faz hoje cinco anos.
A verdade é que não sei bem como é que isto é possível, porque foi há dois dias que ela nasceu, que lhe contei os dedos das mãos e dos pés, que a vi toda redondinha vestida de cor de rosa, com o cabelo que já se adivinhava loiro. Foi há dois dias que lhe pus os olhos e cima e nunca mais os tirei, embevecida e apaixonada como da primeira vez.
Parece que cinco anos passaram. A minha bebé de cor de rosa transformou-se numa menina furacão, feliz e alegre, que leva tudo à frente para o bem e para o mal. Tanto nos atropela com mil beijos, como nos ensurdece com mil gritos. Tanto liberta a mais sonora e sincera gargalhada, como deita as lágrimas mais gordas, tão emotiva, tão sensível.
Ninguém fica indiferente a tudo isto. A verdade é que todos adoram aquela espontaneidade, os seus abraços apertados, os seus olhinhos que semicerram em sorrisos rasgados de pura felicidade.
A minha Migalhinha tem um encantamento pela vida muito raro de encontrar, até nas crianças, e o que espero, do fundo do meu coração de mãe, é que Deus permita que se conserve por muitos e muitos anos.
A verdade é que não sei bem como é que isto é possível, porque foi há dois dias que ela nasceu, que lhe contei os dedos das mãos e dos pés, que a vi toda redondinha vestida de cor de rosa, com o cabelo que já se adivinhava loiro. Foi há dois dias que lhe pus os olhos e cima e nunca mais os tirei, embevecida e apaixonada como da primeira vez.
Parece que cinco anos passaram. A minha bebé de cor de rosa transformou-se numa menina furacão, feliz e alegre, que leva tudo à frente para o bem e para o mal. Tanto nos atropela com mil beijos, como nos ensurdece com mil gritos. Tanto liberta a mais sonora e sincera gargalhada, como deita as lágrimas mais gordas, tão emotiva, tão sensível.
Ninguém fica indiferente a tudo isto. A verdade é que todos adoram aquela espontaneidade, os seus abraços apertados, os seus olhinhos que semicerram em sorrisos rasgados de pura felicidade.
A minha Migalhinha tem um encantamento pela vida muito raro de encontrar, até nas crianças, e o que espero, do fundo do meu coração de mãe, é que Deus permita que se conserve por muitos e muitos anos.
segunda-feira, maio 27, 2013
Festa acima das expectativas
Bem, correu tudo lindamente. De todas as coisas que temia, apenas morri de frio e só por 10 segundos, tempo que durou o caminho da porta até ao carro. Estavam 11 graus, coisa para me congelar a ponta do nariz. Ah... E trezentas pessoas viram cuecas de migalhas enquanto rodavam sobre as mãos em plena pista de dança.
A festa foi linda, a noiva estava maravilhosa, a comidinha era do melhorzinho que tenho comido em casórios. A discoteca estava animada e ainda prometia muito mais, mas tivemos que recolher migalhas e mãe de migalhas, sob o risco de adormecerem todas as quatro enroscadas em pirâmide sobre os sofás da entrada.
De qualquer forma, tenho uma duvida que me atormenta (isto de ser uma pessoa atenta e que ainda por cima reflecte profundamente sobre o que vê, nesta incessante vontade de compreender melhor o mundo em volta, é cansativo): aquele tom alaranjado das 27 madrinhas da noiva consegue-se só com auto-bronzeador, ou é necessário solário combinado com cápsulas de cenoura para activar e manter?
Era mesmo importante uma teoria que me acalmasse a angustia que estas duvidas me provocam.
A festa foi linda, a noiva estava maravilhosa, a comidinha era do melhorzinho que tenho comido em casórios. A discoteca estava animada e ainda prometia muito mais, mas tivemos que recolher migalhas e mãe de migalhas, sob o risco de adormecerem todas as quatro enroscadas em pirâmide sobre os sofás da entrada.
De qualquer forma, tenho uma duvida que me atormenta (isto de ser uma pessoa atenta e que ainda por cima reflecte profundamente sobre o que vê, nesta incessante vontade de compreender melhor o mundo em volta, é cansativo): aquele tom alaranjado das 27 madrinhas da noiva consegue-se só com auto-bronzeador, ou é necessário solário combinado com cápsulas de cenoura para activar e manter?
Era mesmo importante uma teoria que me acalmasse a angustia que estas duvidas me provocam.
sexta-feira, maio 24, 2013
Amanhã vou a um casamento
O primeiro casamento a que vou com três migalhas.
Já há muito tempo que não vou a nenhum, amigas já deixaram de ser casadoiras há muito tempo, já está tudo mais para segundas núpcias, mas sem a pompa e circunstância da primeira vez.
De qualquer maneira há coisas que tenho a certeza que nunca mudam, por isso do dia de amanhã posso esperar:
- Dito-Cujo oferecer-se gentilmente para ficar à porta da igreja com as crianças
- Senhor meu sogro ser solidário com o filho
- Ouvir para cima de vinte vezes "estás cada vez mais magra" (yes!!!)
- Que me entre areia, do chão de terra batida do parque de estacionamento, para dentro das sandálias
- Enterrar o salto das ditas na relva na hora de tirar fotografias algures debaixo de uma árvore
- Ter dores nos pés e descalçar-me discretamente debaixo da mesa umas vinte vezes
- Passar o tempo todo a mudar a clutch de sítio porque não vou saber onde raio a colocar (sim, também tenho essa coisa que antes era uma "malinha de cerimónia")
- Morrer de frio com o meu modelito (quem podia adivinhar que S. Pedro estava a ficar senil)
- Desejar comer pratadas de doces de ovos, mas invés disso, vou morfar gigantes pratos de fruta com uma colherzinha que mal se vê de encharcada ou trouxas ou papo de anjo (saliva)
- Convencer Dito-Cujo a conduzir com promessas de sexo desenfreado (álcool e tal, nem sei o que faço)
- Ele vai aceder mas vai beber na mesma, e eu como mãe consciente que sou vou ficar-me pelo gin de aperitivo
- Migalhas parecerem as crianças mais descabeladas, sujas e amarrotadas da festa, pelo menos aos meus olhos
- Dito-Cujo insistir em descascar as gambas com as mãos
- Migalha Crescida fazer pinos e rodas no meio da pista de dança e mostrar as cuecas a toda a gente
- Migalha do Meio enfardar croquetes e presunto e doces até ficar a ganir com dores de barriga
- Migalha Bebé pedir colo, chichi, cocó e fazer birras de sono. Eu vou-me irritar até fazer parecer a madrasta da Cinderela uma menina de coro.
- Não encontrar ninguém com roupagem igual à minha. É tudo da Zara e aquilo é tudo gente decente que mandou fazer cópias de vestidos de haute couture nas costureiras do bairro (saudades de ter dinheiro para ir à costureira do bairro que para os originais nunca tive mesmo)...
Enfim, espera-se uma grande dia, uma grande festa, felicidades aos noivos e tal, vejam lá se aguentam o casamento pelo menos tempo suficiente para amortizar o investimento que papás estão a fazer, ok?
Já há muito tempo que não vou a nenhum, amigas já deixaram de ser casadoiras há muito tempo, já está tudo mais para segundas núpcias, mas sem a pompa e circunstância da primeira vez.
De qualquer maneira há coisas que tenho a certeza que nunca mudam, por isso do dia de amanhã posso esperar:
- Dito-Cujo oferecer-se gentilmente para ficar à porta da igreja com as crianças
- Senhor meu sogro ser solidário com o filho
- Ouvir para cima de vinte vezes "estás cada vez mais magra" (yes!!!)
- Que me entre areia, do chão de terra batida do parque de estacionamento, para dentro das sandálias
- Enterrar o salto das ditas na relva na hora de tirar fotografias algures debaixo de uma árvore
- Ter dores nos pés e descalçar-me discretamente debaixo da mesa umas vinte vezes
- Passar o tempo todo a mudar a clutch de sítio porque não vou saber onde raio a colocar (sim, também tenho essa coisa que antes era uma "malinha de cerimónia")
- Morrer de frio com o meu modelito (quem podia adivinhar que S. Pedro estava a ficar senil)
- Desejar comer pratadas de doces de ovos, mas invés disso, vou morfar gigantes pratos de fruta com uma colherzinha que mal se vê de encharcada ou trouxas ou papo de anjo (saliva)
- Convencer Dito-Cujo a conduzir com promessas de sexo desenfreado (álcool e tal, nem sei o que faço)
- Ele vai aceder mas vai beber na mesma, e eu como mãe consciente que sou vou ficar-me pelo gin de aperitivo
- Migalhas parecerem as crianças mais descabeladas, sujas e amarrotadas da festa, pelo menos aos meus olhos
- Dito-Cujo insistir em descascar as gambas com as mãos
- Migalha Crescida fazer pinos e rodas no meio da pista de dança e mostrar as cuecas a toda a gente
- Migalha do Meio enfardar croquetes e presunto e doces até ficar a ganir com dores de barriga
- Migalha Bebé pedir colo, chichi, cocó e fazer birras de sono. Eu vou-me irritar até fazer parecer a madrasta da Cinderela uma menina de coro.
- Não encontrar ninguém com roupagem igual à minha. É tudo da Zara e aquilo é tudo gente decente que mandou fazer cópias de vestidos de haute couture nas costureiras do bairro (saudades de ter dinheiro para ir à costureira do bairro que para os originais nunca tive mesmo)...
Enfim, espera-se uma grande dia, uma grande festa, felicidades aos noivos e tal, vejam lá se aguentam o casamento pelo menos tempo suficiente para amortizar o investimento que papás estão a fazer, ok?
quarta-feira, maio 22, 2013
Para quê complicar quando tudo pode ser tão simples
Já estou a imaginar a quantidade de engenheiros aeroespaciais à porta do Centro de Emprego...Vai ser bonito, vai. Quem precisa de foguetões para ir à lua?
Não menos importante, é a frase que coroa a entrevista:
Mas já toda a gente sabe que Santos da casa não fazem milagres.
Sai uma "camineta" para a Lua! |
Mas já toda a gente sabe que Santos da casa não fazem milagres.
terça-feira, maio 21, 2013
Culinária e pombos
Escrevo apenas para dizer que estou acometida de uma enorme falta de imaginação, o que a par de uma preguiça inigualável, me afasta do teclado.
No entanto, no meio deste marasmo em que se encontra a minha imaginação, venho dizer-vos duas coisas que em circunstâncias minimanente normais dariam dois longos e fastidiosos posts, e que assim darão no máximo dois tópicos.
Fui cozinhar na escola de Migalha do Meio. Não, não fui para a cozinha da cantina fazer massada de atum para todos. Fiz apenas uma sobremesa e apenas na sala dela.
Tenho um ninho de pombos na varanda. Este acontecimento é quase perturbador, por várias razões, a saber a principal: odeio pombos. A nível de inteligência estão na linha das galinhas, poisam no meio da estrada e só se piram quando o carro já lhes está a coçar as penas, sujam tudo por onde passam, uma mistela de penas com cocó, uma nojeira. Além disso sempre ouvi dizer que são portadores de dezenas de doenças.
Por outro lado, é perturbador porque era uma dúvida que já me atormentara algumas vezes: como se reproduz esta bicharada? Nunca tinha visto um ninho de pombos, o que numa cidade em que são aos milhares, já era motivo suficiente para empreender teorias pouco científicas. Agora tenho a resposta. Parece que fazem os ninhos em alguidares abandonados debaixo de aparelhos de exterior de ar condicionado, em varandas pouco arrumadas.
Agora estou com um problema imenso. Quero muito livrar-me da pomba, e do ninho, e dos dois ovos brancos que lá se encontram. Quero muito agarrar no alguidar e levá-lo para bem longe, antes que se transformem em passarinhos bebés amorosos que vão defecar incessantemente no meu chão, enquanto aprendem a voar no meu parapeito. Por outro lado...que se lixe, coitados dos bichos, se tirar dali o alguidar é morte certa, e quem sou eu para interferir assim na vida das criaturas de Deus.
Ainda assim, fica aqui um aviso à pomba: se insistires em pregar-me cagaços, ao levantar voo em frente ao meu nariz, de cada vez que vou estender ou apanhar um par de cuecas, vou-te ao alguidar e estrelo os ovos!
No entanto, no meio deste marasmo em que se encontra a minha imaginação, venho dizer-vos duas coisas que em circunstâncias minimanente normais dariam dois longos e fastidiosos posts, e que assim darão no máximo dois tópicos.
Fui cozinhar na escola de Migalha do Meio. Não, não fui para a cozinha da cantina fazer massada de atum para todos. Fiz apenas uma sobremesa e apenas na sala dela.
Tenho um ninho de pombos na varanda. Este acontecimento é quase perturbador, por várias razões, a saber a principal: odeio pombos. A nível de inteligência estão na linha das galinhas, poisam no meio da estrada e só se piram quando o carro já lhes está a coçar as penas, sujam tudo por onde passam, uma mistela de penas com cocó, uma nojeira. Além disso sempre ouvi dizer que são portadores de dezenas de doenças.
Por outro lado, é perturbador porque era uma dúvida que já me atormentara algumas vezes: como se reproduz esta bicharada? Nunca tinha visto um ninho de pombos, o que numa cidade em que são aos milhares, já era motivo suficiente para empreender teorias pouco científicas. Agora tenho a resposta. Parece que fazem os ninhos em alguidares abandonados debaixo de aparelhos de exterior de ar condicionado, em varandas pouco arrumadas.
Agora estou com um problema imenso. Quero muito livrar-me da pomba, e do ninho, e dos dois ovos brancos que lá se encontram. Quero muito agarrar no alguidar e levá-lo para bem longe, antes que se transformem em passarinhos bebés amorosos que vão defecar incessantemente no meu chão, enquanto aprendem a voar no meu parapeito. Por outro lado...que se lixe, coitados dos bichos, se tirar dali o alguidar é morte certa, e quem sou eu para interferir assim na vida das criaturas de Deus.
Ainda assim, fica aqui um aviso à pomba: se insistires em pregar-me cagaços, ao levantar voo em frente ao meu nariz, de cada vez que vou estender ou apanhar um par de cuecas, vou-te ao alguidar e estrelo os ovos!
segunda-feira, maio 20, 2013
Sou eu que não sei procurar?
Preciso de dois boleros cor fuschia, tamanho oito. Parece um pedido bastante simples e vulgar, não é?
Pois, mas os criadores de moda infantil da colecção Primavera-Verão 2013 parecem não concordar.
O casório é já Sábado e de repente o Colombo parece que não tem nada. A par do El Corte Inglés.
Pois, mas os criadores de moda infantil da colecção Primavera-Verão 2013 parecem não concordar.
O casório é já Sábado e de repente o Colombo parece que não tem nada. A par do El Corte Inglés.
domingo, maio 19, 2013
Algumas considerações sobre o campeonato que hoje terminou
Bem, acabou o campeonato. Não contem cá com desportivismo, não vou dar os parabéns ao eeerhg...Porto.
Mas queria deixar aqui umas muito breves notas. Vá, mais concretamente duas.
1. Alguém veja se o Sporting quer entrar na Liga Zon Sagres em vez da Liga Zon Kids na próxima época
2. Quase que vale a pena termos perdido o campeonato só para ouvir um estádio cheio a gritar "olha a cabeça do lampion" e "o Porto é campion".
Priceless.
E não me venham cá com o mau perder. É óbvio que tenho mau perder. E ainda acho que só os choninhas é que dizem que ganhar e perder é tudo desporto. Isso é o que se ensina às criancinhas, e com muita pena minha, já deixei a primeira infancia há muito e ainda não cheguei à segunda.
E não sou má de todo. Escrevi Porto com letra maíuscula. Três vezes.
Viva o Benfica!
Mas queria deixar aqui umas muito breves notas. Vá, mais concretamente duas.
1. Alguém veja se o Sporting quer entrar na Liga Zon Sagres em vez da Liga Zon Kids na próxima época
2. Quase que vale a pena termos perdido o campeonato só para ouvir um estádio cheio a gritar "olha a cabeça do lampion" e "o Porto é campion".
Priceless.
E não me venham cá com o mau perder. É óbvio que tenho mau perder. E ainda acho que só os choninhas é que dizem que ganhar e perder é tudo desporto. Isso é o que se ensina às criancinhas, e com muita pena minha, já deixei a primeira infancia há muito e ainda não cheguei à segunda.
E não sou má de todo. Escrevi Porto com letra maíuscula. Três vezes.
Viva o Benfica!
Não desiludiu
É simpática, como eu pensava, é gira, como eu pensava.
E é alta. Um bom bocado mais do que imaginara,
Gosto da sensação se não ser defraudada.
O que é que querem... Gosto da moça.
E é alta. Um bom bocado mais do que imaginara,
Gosto da sensação se não ser defraudada.
O que é que querem... Gosto da moça.
sexta-feira, maio 17, 2013
Coisa málinda que vi hoje!
Até tinha umas coisas para vos contar, mas são um bocado para o tristonhas.
Portanto, vim aqui escrever umas três linhas sobre o momento alto do meu dia. Hoje vi o arco-íris málindo que já tinha visto. Alias, dois. Dois arcos perfeitos lado a lado. Mas o momento alto não foi encontrar estes fofinhos da natureza.
Imaginem: vão a conduzir, chove, limpa para-brisas ligado. Vão a falar em alta voz com Amiga de Sempre. Nisto, S. Pedro que nunca nos dá nada de bom, oferece-me um duplo arco-íris... Até parecia mal não o fotografar. Parecia fácil. Mas revelou-se tarefa árdua. Três disparos com o raio do limpa para-brisas ligado, em todas, as escovas a tapar o fenómeno. Mais três sem, a chuva no vidro era tanta que mal se via. Tudo enquanto conduzia aos Ss, já se sabe que os cotovelos não são propriamente zona de grande sensibilidade.
As fotos ficaram uma merda, além do limpa para-brisas e da chuva, apanhou o carro da frente, o viaduto de peões da rotunda da Decathlon, metade do IKEA. Mas lá que eram lindos... Oh pá, lá isso eram.
Portanto, vim aqui escrever umas três linhas sobre o momento alto do meu dia. Hoje vi o arco-íris málindo que já tinha visto. Alias, dois. Dois arcos perfeitos lado a lado. Mas o momento alto não foi encontrar estes fofinhos da natureza.
Imaginem: vão a conduzir, chove, limpa para-brisas ligado. Vão a falar em alta voz com Amiga de Sempre. Nisto, S. Pedro que nunca nos dá nada de bom, oferece-me um duplo arco-íris... Até parecia mal não o fotografar. Parecia fácil. Mas revelou-se tarefa árdua. Três disparos com o raio do limpa para-brisas ligado, em todas, as escovas a tapar o fenómeno. Mais três sem, a chuva no vidro era tanta que mal se via. Tudo enquanto conduzia aos Ss, já se sabe que os cotovelos não são propriamente zona de grande sensibilidade.
As fotos ficaram uma merda, além do limpa para-brisas e da chuva, apanhou o carro da frente, o viaduto de peões da rotunda da Decathlon, metade do IKEA. Mas lá que eram lindos... Oh pá, lá isso eram.
quarta-feira, maio 15, 2013
A vida AiPh e DiPh
Não há dúvidas. Já tive duas vidas.
A vida antes do iPhone. A vida depois do iPhone.
Nunca liguei a tecnologias. Nunca quis coisas smart, que para smart já estou cá eu, um telefone era isso mesmo, servia para fazer chamadas, mandar umas mensagens, estar contactável.
Nunca comprei um telemóvel. Ficava pacificamente com o que já não servia aos outros, enfiava-lhe o cartão SIM e já estava. Era atar e por ao fumeiro, que é como quem diz, carrega a bateria disso e fala.
Depois tudo mudou. Um dia, Dito-Cujo ofereceu-me um iPhone.
O iPhone é um bocadinho como a Bimby. Quando achamos que já o conhecemos e não nos consegue surpreender, o gajo pumbas, faz mais um brilharete, deixa-nos mais agarradas.
Não consigo viver sem ele. Quando penso que me esqueci dele em casa, tenho suores frios. Quando fica sem bateria pareço louca em busca de um carregador.
No outro dia, estava eu com as migalhas no parque aqui perto, e vejo vir ao longe o que me parecia ser um sem-abrigo com uma valente piela. A única coisa que tinha com algum valor, era o meu iPhone religiosamente enfiado no bolso. Na vida antes do iPhone, o meu lema era "vão-se os aneis, ficam os dedos, se por acaso me vierem assaltar dou tudo, o importante é que não me façam mal". Na vida depois do iPhone, tiro as medidas ao potencial assaltante, vejo quais as hipotéses que tenho de lhe enfiar um pontapé nos tomates até o fazer cair de joelhos, enquanto grito "corram" para migalhas e corro atrás delas com o meu iPhone são e salvo, no bolso.
A vida antes do iPhone. A vida depois do iPhone.
Nunca liguei a tecnologias. Nunca quis coisas smart, que para smart já estou cá eu, um telefone era isso mesmo, servia para fazer chamadas, mandar umas mensagens, estar contactável.
Nunca comprei um telemóvel. Ficava pacificamente com o que já não servia aos outros, enfiava-lhe o cartão SIM e já estava. Era atar e por ao fumeiro, que é como quem diz, carrega a bateria disso e fala.
Depois tudo mudou. Um dia, Dito-Cujo ofereceu-me um iPhone.
O iPhone é um bocadinho como a Bimby. Quando achamos que já o conhecemos e não nos consegue surpreender, o gajo pumbas, faz mais um brilharete, deixa-nos mais agarradas.
Não consigo viver sem ele. Quando penso que me esqueci dele em casa, tenho suores frios. Quando fica sem bateria pareço louca em busca de um carregador.
No outro dia, estava eu com as migalhas no parque aqui perto, e vejo vir ao longe o que me parecia ser um sem-abrigo com uma valente piela. A única coisa que tinha com algum valor, era o meu iPhone religiosamente enfiado no bolso. Na vida antes do iPhone, o meu lema era "vão-se os aneis, ficam os dedos, se por acaso me vierem assaltar dou tudo, o importante é que não me façam mal". Na vida depois do iPhone, tiro as medidas ao potencial assaltante, vejo quais as hipotéses que tenho de lhe enfiar um pontapé nos tomates até o fazer cair de joelhos, enquanto grito "corram" para migalhas e corro atrás delas com o meu iPhone são e salvo, no bolso.
À primeira vista
Um rapaz e uma rapariga estão com cara de cão, com olhar desviado dos olhos do outro, a chorar, encostados a uma esquina no meio da rua, mãozita dada na ponta dos dedos.
Eu imagino que estão a acabar o namoro. E imagino que pelo menos um deles está a chorar de alegria.
Dirão que sou insensível. Eu digo que sou realista.
Eu imagino que estão a acabar o namoro. E imagino que pelo menos um deles está a chorar de alegria.
Dirão que sou insensível. Eu digo que sou realista.
Carta Aberta a S. Pedro
Querido São Pedro
Pensei muito antes de te escrever estas linhas. Sei que deves ser uma pessoa ocupada, o Mundo é grande e dá uma trabalheira decidir que tempo vai fazer em cada parte. Enquanto eu tenho que decidir se calço as botas pretas ou as sabrinas azuis, tu tens que decidir se mandas um tufão para a China ou se bates records de temperaturas máximas na Amareleja.
Em frente. Pensei muito, mas decidi escrever-te na mesma, na esperança de te apanhar na pausa do café ou a navegar com o iPad na casa de banho.
São Pedro, a vida em Portugal é lixada. Tu ouves as notícias, isto está a pegar fogo. Há desempregados, há fome, os impostos são em resma, o Passos Coelho e o Garpar envelheceram vinte anos desde que chegaram ao governo, há manifestações, greves, a malta está sem cheta.
Mas sempre tivemos uma coisa boa e ainda por cima barata: a vida ao ar livre. Somos um país de clima temperado e ameno, de lindos dias de sol e calor, temos uma costa de praias maravilhosas. Ir à praia é uma coisa barata, estás a ver? Levam-se umas sandochas, compram-se uns gelados aos putos, metem-se dez euros de gasóleo e fazemos uma festa. Quem não tem dez euros para o gasóleo, ou não pagou o seguro do carro, ou já lhe levaram o carro porque não pagou o empréstimo, tem os parques. Ir ao parque é muita barato, estás a ver? A malta leva uns pacotes de bolachas, solta os putos nos escorregas, e fica ali, apanha ar, apanha sol, lembra-se quando tinha dinheiro para ir passar os fins de semana ao turismo rural, ou de como era boa a vida antes de deixar de pagar o carro.
Quando chove isto é uma merda. Temos de enfiar os putos na KidZania ou no cinema (sabes quanto custa levar três putos ao cinema?), ou no Oceanário, ou ficamos em casa a ter crises de nervos e a distribuir galhetas a torto e a direito. Nos dias mesmo maus e deprimentes, podemos ir almoçar ao McDonalds do Colombo.
Estás a ver onde quero chegar? Nós aguentamos o meio ano que temos de Inverno, porque sabemos que a seguir vem a Primavera e o Verão, e já se sabe que com sol tudo se leva melhor.
Estamos em Maio. A Primavera começou dia 21 de Março. Não faças essas cara de espanto, toda a gente sabe que o tempo passa a correr.
Estamos cansados. Precisamos do nosso clima de volta. As pessoas marcam casamentos para Maio, sabias? As noivas mandam fazer vestidos sem mangas e sem costas e organizam almoços na beira da piscina.
É isto. Não te tomo mais tempo, que precisas de ir tratar do tempo (não teve graça, eu sei) mas se puderes, faz lá essa coisa tão portuguesa como o céu azul: dá aí jeitinho,vê lá o que se arranja.
Xaxia
terça-feira, maio 14, 2013
Quando pensamos que já ouvimos tudo
Amiga de Sempre queixa-se que o seu próprio Dito-Cujo trabalha muito.
Bem, isto não é bem verdade. Eu, trabalho muito. Marido de Amiga de Sempre vive no trabalho e de vez em quando vem a casa ver se a cara de família não passou a ser apenas uma cara familiar.
O trabalho dele é lixado e exigente. O chefe dele será, pelo menos na minha criativa imaginação, um filho da mãe solitário que quer companhia ao jantar e quanto mais tarde chegar a casa melhor. E ele próprio, um viciado nos números e nos objectivos, e essas coisas piores que álcool e drogas.
Amiga de Sempre acarta com tudo. Com os dois filhos, as reuniões da escola, as consultas do pediatra, as compras do supermercado, o seu próprio trabalho, faz toda a gestão da casa.
Amiga de Sempre não é de se queixar. Guarda lá para ela, não é de fazer alarido, muito ao género os problemas resolvem-se dentro de casa. Mas de vez em quando lá solta um desabafo.
Amiga de Sempre resolveu dar um murro na mesa. Quésedizer, não foi beeem um murro. Se tivesse que o classificar como um tipo de ofensa corporal diria que foi um calduço. Ou uma belinha. Um piparote, na melhor das hipóteses. Vá, foi mais um alerta.
Resolveu queixar-se da carga que transporta, de jantar sempre sozinha, dos longos serões com o prato dele dentro do microndas, lembrou-o de tudo o que perde na vida dos filhos de cada dia que trabalha catorze horas. Uma chamadinha de atenção bastante pertinente.
E ele que sim, que é verdade, cheio de culpas, sou péssimo e tal. Mas...
Mas, (e agora sentemo-nos para poder apreciar condignamente a melhor desculpa que ouvi na vida), mas, dizia ele, a culpa é dela.
"Tua?", perguntei-lhe incrédula. Sim. Porque é pouco exigente com ele, porque pressiona pouco, porque trata de tudo deixando que ele se demita das suas obrigações, tem um grau de exigência fraquinho fraquinho.
E eu vos digo, que com este argumento, marido de Amiga de Sempre conseguiu transformar aquilo que aos meus olhos femininos era uma espécie de super-mãe-super-mulher-super-dona-de-casa-que-ainda-por-cima-faz-crochet-e-costura-o-que-a-torna-numa-espécie-de-fada-do-lar, numa mulher que aparentemente não relembra o homem que é marido, que é pai, e que o que se passa hoje já não acontece amanhã, e quem estava viu, quem não estava só ouviu a história, e é se alguém se lembrar de a contar. Uma mulher que não faz pela família, portanto.E ela a achar, que o melhor que podia fazer pela família era aquela correria para chegar a todo lado. Está visto que Amiga de Sempre não percebe nada do assunto.
Mas tratou de começar a resolver a questão, antes que a questão a resolvesse a ela.
Amiga de Sempre aumentou o grau de exigência, ensinou-lhe o caminho para o pediatra e para o colégio, e no fundo, no fundo, fiquei com um nadinha de inveja.
Oh pá, que bom que era que Dito-Cujo meu marido chegasse agora a casa a dizer que eu aperto pouco com ele e para o mandar fazer coisas e tal. Era menina para ficar de sofá uns dias só a "pressionar" o moço. Tudo pela união familiar.
Bem, isto não é bem verdade. Eu, trabalho muito. Marido de Amiga de Sempre vive no trabalho e de vez em quando vem a casa ver se a cara de família não passou a ser apenas uma cara familiar.
O trabalho dele é lixado e exigente. O chefe dele será, pelo menos na minha criativa imaginação, um filho da mãe solitário que quer companhia ao jantar e quanto mais tarde chegar a casa melhor. E ele próprio, um viciado nos números e nos objectivos, e essas coisas piores que álcool e drogas.
Amiga de Sempre acarta com tudo. Com os dois filhos, as reuniões da escola, as consultas do pediatra, as compras do supermercado, o seu próprio trabalho, faz toda a gestão da casa.
Amiga de Sempre não é de se queixar. Guarda lá para ela, não é de fazer alarido, muito ao género os problemas resolvem-se dentro de casa. Mas de vez em quando lá solta um desabafo.
Amiga de Sempre resolveu dar um murro na mesa. Quésedizer, não foi beeem um murro. Se tivesse que o classificar como um tipo de ofensa corporal diria que foi um calduço. Ou uma belinha. Um piparote, na melhor das hipóteses. Vá, foi mais um alerta.
Resolveu queixar-se da carga que transporta, de jantar sempre sozinha, dos longos serões com o prato dele dentro do microndas, lembrou-o de tudo o que perde na vida dos filhos de cada dia que trabalha catorze horas. Uma chamadinha de atenção bastante pertinente.
E ele que sim, que é verdade, cheio de culpas, sou péssimo e tal. Mas...
Mas, (e agora sentemo-nos para poder apreciar condignamente a melhor desculpa que ouvi na vida), mas, dizia ele, a culpa é dela.
"Tua?", perguntei-lhe incrédula. Sim. Porque é pouco exigente com ele, porque pressiona pouco, porque trata de tudo deixando que ele se demita das suas obrigações, tem um grau de exigência fraquinho fraquinho.
E eu vos digo, que com este argumento, marido de Amiga de Sempre conseguiu transformar aquilo que aos meus olhos femininos era uma espécie de super-mãe-super-mulher-super-dona-de-casa-que-ainda-por-cima-faz-crochet-e-costura-o-que-a-torna-numa-espécie-de-fada-do-lar, numa mulher que aparentemente não relembra o homem que é marido, que é pai, e que o que se passa hoje já não acontece amanhã, e quem estava viu, quem não estava só ouviu a história, e é se alguém se lembrar de a contar. Uma mulher que não faz pela família, portanto.E ela a achar, que o melhor que podia fazer pela família era aquela correria para chegar a todo lado. Está visto que Amiga de Sempre não percebe nada do assunto.
Mas tratou de começar a resolver a questão, antes que a questão a resolvesse a ela.
Amiga de Sempre aumentou o grau de exigência, ensinou-lhe o caminho para o pediatra e para o colégio, e no fundo, no fundo, fiquei com um nadinha de inveja.
Oh pá, que bom que era que Dito-Cujo meu marido chegasse agora a casa a dizer que eu aperto pouco com ele e para o mandar fazer coisas e tal. Era menina para ficar de sofá uns dias só a "pressionar" o moço. Tudo pela união familiar.
segunda-feira, maio 13, 2013
Sobre Migalhas na cama dos pais
Temos um problemazinho. Quer dizer, pelo ar zangado de Dito-Cujo, temos um problemaço.
Migalhas mais pequenas acordam a meio de todas as noites, todas sem excepção, e rumam para a minha cama. Até o mais bebé, que chamava e choramingava para irmos lá, "ábua, chucha", e depois de nos apanhar agarrava-se tipo carrapato até ser transportado, já se levanta e vai pé ante pé do quarto dele directinho para o nosso quarto.
A Migalha do Meio, que não sei se alguma vez na vidinha dela dormiu uma noite inteira de seguida, faz o mesmo. Levanta-se, e lá vai ela. Só que enquanto o bebecas chega, deita-se e dorme, ela rebola-se, mete-nos os pés em cima, vira-se 334 vezes, agarra na almofada, vira-se com a cabeça para os pés e os pés para a cabeça, bem encontadinhos à nossa cara...Um desatino.
Dito-Cujo já se está a passar. E claro, diz que a culpa é minha.
Talvez seja. Eu passei noites e noites da minha infância morta de medos na minha cama. Tinha medo do escuro, tinha medo dos bichos, dos ladrões, começava a imaginar cobras e lagartos debaixo da cama, todas as sombras me pareciam alguma coisa. E lembro-me que chorava. E que vivia momentos de verdadeiro pânico até ser vencida pelo sono. Claro que em casa dos meus pais não havia cá estas procissões de pé-descalço todos os dias. Cama dos pais? Só de manhã e só ao fim de semana. Vá, e se estivessemos muito doentes, lá se abria uma excepção. Lembro-me de uma vez ou outra me ter enfiado do lado da minha mãe, mas mal o meu pai dava por isso, recambiava-me para a minha cama.
Só comecei a adormecer no meu quarto sem cenas, já era adolescente. E mesmo nessa altura fechava o estore até não entrar uma nesga de luz, e tinha pavor só de imaginar que alguém, vindo sabe-se lá de onde, trepava as paredes e me entrava pela janela dentro. Pessoas que cabem nos buracos do estore? Sei lá, no meio do medo intenso, tudo parece possível.
Bem sei que temos que os ensinar a lidar com os medos. Bem sei que têm que aprender a conciliar o sono, auto controlarem-se, que isso lhes dá segurança. Que temos que explicar que o quarto deles é um lugar seguro, onde podem dormir tranquilos.
E estamos assim. Eu bem digo à Migalha do Meio que só vai para a nossa cama de manhã, mas quando ela me aparece lá estremunhada a meio da noite, a correr em passinhos assustados, não tenho coragem de a mandar embora.
Outra forma de aplacar pai furioso, é ir eu para a cama dela. O pior é que depois Migalha Pequeno vai chegar ao meu quarto e vai deitar o prédio abaixo quando vir que não estou lá.
Bem, podemos acabar todos os três na mini cama de Migalha do Meio, enquanto Dito-Cujo ressona no seu T4 de 2 metros de largura.
Pois...Não está fácil.
Raio da miúda que não pára quieta! Se ela deixasse dormir, Dito-Cujo nem sabia que ela lá estava a não ser pela alvorada.
Ainda assim, tenho esperança que a coisa se componha por si. Migalha Crescida sofreu do mesmo mal e passou-lhe quando começou a apreciar dormir a noite toda descansada e esticada numa cama só dela.
Ainda assim uma coisa é certa. Não vai ser hoje.
Migalhas mais pequenas acordam a meio de todas as noites, todas sem excepção, e rumam para a minha cama. Até o mais bebé, que chamava e choramingava para irmos lá, "ábua, chucha", e depois de nos apanhar agarrava-se tipo carrapato até ser transportado, já se levanta e vai pé ante pé do quarto dele directinho para o nosso quarto.
A Migalha do Meio, que não sei se alguma vez na vidinha dela dormiu uma noite inteira de seguida, faz o mesmo. Levanta-se, e lá vai ela. Só que enquanto o bebecas chega, deita-se e dorme, ela rebola-se, mete-nos os pés em cima, vira-se 334 vezes, agarra na almofada, vira-se com a cabeça para os pés e os pés para a cabeça, bem encontadinhos à nossa cara...Um desatino.
Dito-Cujo já se está a passar. E claro, diz que a culpa é minha.
Talvez seja. Eu passei noites e noites da minha infância morta de medos na minha cama. Tinha medo do escuro, tinha medo dos bichos, dos ladrões, começava a imaginar cobras e lagartos debaixo da cama, todas as sombras me pareciam alguma coisa. E lembro-me que chorava. E que vivia momentos de verdadeiro pânico até ser vencida pelo sono. Claro que em casa dos meus pais não havia cá estas procissões de pé-descalço todos os dias. Cama dos pais? Só de manhã e só ao fim de semana. Vá, e se estivessemos muito doentes, lá se abria uma excepção. Lembro-me de uma vez ou outra me ter enfiado do lado da minha mãe, mas mal o meu pai dava por isso, recambiava-me para a minha cama.
Só comecei a adormecer no meu quarto sem cenas, já era adolescente. E mesmo nessa altura fechava o estore até não entrar uma nesga de luz, e tinha pavor só de imaginar que alguém, vindo sabe-se lá de onde, trepava as paredes e me entrava pela janela dentro. Pessoas que cabem nos buracos do estore? Sei lá, no meio do medo intenso, tudo parece possível.
Bem sei que temos que os ensinar a lidar com os medos. Bem sei que têm que aprender a conciliar o sono, auto controlarem-se, que isso lhes dá segurança. Que temos que explicar que o quarto deles é um lugar seguro, onde podem dormir tranquilos.
E estamos assim. Eu bem digo à Migalha do Meio que só vai para a nossa cama de manhã, mas quando ela me aparece lá estremunhada a meio da noite, a correr em passinhos assustados, não tenho coragem de a mandar embora.
Outra forma de aplacar pai furioso, é ir eu para a cama dela. O pior é que depois Migalha Pequeno vai chegar ao meu quarto e vai deitar o prédio abaixo quando vir que não estou lá.
Bem, podemos acabar todos os três na mini cama de Migalha do Meio, enquanto Dito-Cujo ressona no seu T4 de 2 metros de largura.
Pois...Não está fácil.
Raio da miúda que não pára quieta! Se ela deixasse dormir, Dito-Cujo nem sabia que ela lá estava a não ser pela alvorada.
Ainda assim, tenho esperança que a coisa se componha por si. Migalha Crescida sofreu do mesmo mal e passou-lhe quando começou a apreciar dormir a noite toda descansada e esticada numa cama só dela.
Ainda assim uma coisa é certa. Não vai ser hoje.
Um escandalo!
Análises demontraram contaminação com ADN de carne de bovino...Ao que isto chegou!!
Num talho perto de...mim.
Num talho perto de...mim.
sábado, maio 11, 2013
Bem...
Parece que amanhã vai estar um ganda dia de sol e calor.
Valha-nos isso.
(Viva o Benfica... Snif snif)
Valha-nos isso.
(Viva o Benfica... Snif snif)
Benfiquista irreversível
Dito-Cujo resolveu levar migalhada a ver o jogo ali dos senhores do estádio de Alvalade.
Acho que quer garantir que não estão perto dos festejos da mãe se por acaso, (please, please, please), o Benfica ainda hoje for campeão. Acho que julgou que era a derradeira oportunidade de converter Migalha do Meio.
Começou desde cedo a entusiasmá-los. A todos menos à minha migalha de coração encarnado. Ela bem diz que é dos dois para ver se agrada ao pai, mas quando chega a hora...
Ele lá lhe disse que comia pipocas, que estavam lá os filhos dos amigos, que a seguir iam para uma jantarada toda nham nham, e mesmo assim, ela manteve-se alheia a todo o programa. Preferiu ficar com a mãe.
Então aqui estamos as duas. Daqui a dez minutos temos hora marcada para fazer manicure e pedicure (sim, ela também), iremos ter um agradável jantar a duas, e se por acaso (please, please, please) o Benfica ainda hoje for campeão, somos meninas para ir dar uma voltinha de carro a dar uso à buzina.
Dito-Cujo pensa que esta conversão da Migalha do Meio à causa benfiquista é obra minha, e fica todo furioso. Mas a verdade é que não é. Não sou eu, não fui eu. É ela.
O que só prova que é uma menina muito inteligente. Eh eh.
Acho que quer garantir que não estão perto dos festejos da mãe se por acaso, (please, please, please), o Benfica ainda hoje for campeão. Acho que julgou que era a derradeira oportunidade de converter Migalha do Meio.
Começou desde cedo a entusiasmá-los. A todos menos à minha migalha de coração encarnado. Ela bem diz que é dos dois para ver se agrada ao pai, mas quando chega a hora...
Ele lá lhe disse que comia pipocas, que estavam lá os filhos dos amigos, que a seguir iam para uma jantarada toda nham nham, e mesmo assim, ela manteve-se alheia a todo o programa. Preferiu ficar com a mãe.
Então aqui estamos as duas. Daqui a dez minutos temos hora marcada para fazer manicure e pedicure (sim, ela também), iremos ter um agradável jantar a duas, e se por acaso (please, please, please) o Benfica ainda hoje for campeão, somos meninas para ir dar uma voltinha de carro a dar uso à buzina.
Dito-Cujo pensa que esta conversão da Migalha do Meio à causa benfiquista é obra minha, e fica todo furioso. Mas a verdade é que não é. Não sou eu, não fui eu. É ela.
O que só prova que é uma menina muito inteligente. Eh eh.
sexta-feira, maio 10, 2013
Hoje aprendi uma coisa
Que a menos que queira morrer sufocada no meu próprio pingo-do-nariz, respirar como o miar de um gato, ou entrar para o Guiness com o maior número de espirros dados de seguida, enquanto me mantiver super constipada e super alérgica, não devo voltar a colocar os pés numa "Megastore da China".
É que aquele cheiro de perfumes baratos, misturado com aquele pó e aquela roupa toda amontoada a cheirar a borracha da Primark, mais paus de incenso de quinhentos aromas diferentes, são completamente incompatíveis com a minha rinite alérgica com toques de asma bronquica.
Saí a correr, agarrada à bomba do Ventilan.
Ainda assim, tive fôlego para feirar um pepino, um tomate e um florão de brócolos, de plástico, tudo para completar a já mui famosa roda dos alimentos.
É que disse à Migalha para informar a professora, que segunda feira lá estaríamos triunfantes com a mais completa roda dos alimentos alguma vez concebida em ambiente familiar. E tinha a parte das hortícolas reduzida a uma cenoura (loja dos animais, secção dos coelhos), e uma alface híbrida com couve portuguesa, completamente caseira ( feita numa técnica com um nome chiquérrimo- técnica papel maché).
Ainda continuo com a zona das proteínas reduzida a um ovo, mas há planos para bife e peixe de esferovite.
Como podem ver, tinha razões mais que suficientes para ingressar num bazar chinês. Só queria uns alimentos de plástico que me poupassem à tecnica do papel maché e à cena de pintar esferovite.
Ainda assim, não repito tão cedo. Aquilo já é mau para quem respira normalmente, para quem espirra cinquenta vezes ao dia ao mínimo grão de pó, é correr risco de vida.
Mas eu compreendo que não se cumpram as regras higiosanitárias mínimas, ou de segurança, ou mesmo a precificação dos artigos nestes maravilhosos bazares chineses. Afinal, a ASAE está demasiado ocupada a tentar multar todas as grandes superficies que investem rios de dinheiro para garantir a segurança alimentar, bem como a segurança de pessoas e bens dentro das suas instalações. Porque um furo desses é que mete os ambiciosos inspectores da ASAE nas televisões e jornais.
Multar a loja do chinês...Pffff, grande coisa! Toda a gente sabe que aquilo é uma baderna, se vão lá é porque querem.
É assim o meu Portugal. A ajudar a vingar os pequenos negócios dos emigrantes que nos adoptam como segunda pátria.
Mesmo que violem todas as leis que todos os outros são obrigados a cumprir e que quase matem de falta de ar uma mãe de nariz sensível.
É que aquele cheiro de perfumes baratos, misturado com aquele pó e aquela roupa toda amontoada a cheirar a borracha da Primark, mais paus de incenso de quinhentos aromas diferentes, são completamente incompatíveis com a minha rinite alérgica com toques de asma bronquica.
Saí a correr, agarrada à bomba do Ventilan.
Ainda assim, tive fôlego para feirar um pepino, um tomate e um florão de brócolos, de plástico, tudo para completar a já mui famosa roda dos alimentos.
É que disse à Migalha para informar a professora, que segunda feira lá estaríamos triunfantes com a mais completa roda dos alimentos alguma vez concebida em ambiente familiar. E tinha a parte das hortícolas reduzida a uma cenoura (loja dos animais, secção dos coelhos), e uma alface híbrida com couve portuguesa, completamente caseira ( feita numa técnica com um nome chiquérrimo- técnica papel maché).
Ainda continuo com a zona das proteínas reduzida a um ovo, mas há planos para bife e peixe de esferovite.
Como podem ver, tinha razões mais que suficientes para ingressar num bazar chinês. Só queria uns alimentos de plástico que me poupassem à tecnica do papel maché e à cena de pintar esferovite.
Ainda assim, não repito tão cedo. Aquilo já é mau para quem respira normalmente, para quem espirra cinquenta vezes ao dia ao mínimo grão de pó, é correr risco de vida.
Mas eu compreendo que não se cumpram as regras higiosanitárias mínimas, ou de segurança, ou mesmo a precificação dos artigos nestes maravilhosos bazares chineses. Afinal, a ASAE está demasiado ocupada a tentar multar todas as grandes superficies que investem rios de dinheiro para garantir a segurança alimentar, bem como a segurança de pessoas e bens dentro das suas instalações. Porque um furo desses é que mete os ambiciosos inspectores da ASAE nas televisões e jornais.
Multar a loja do chinês...Pffff, grande coisa! Toda a gente sabe que aquilo é uma baderna, se vão lá é porque querem.
É assim o meu Portugal. A ajudar a vingar os pequenos negócios dos emigrantes que nos adoptam como segunda pátria.
Mesmo que violem todas as leis que todos os outros são obrigados a cumprir e que quase matem de falta de ar uma mãe de nariz sensível.
Diálogos com Migalha do Meio
Não é por ser minha filha...Mas esta miúda é o máximo.
- Pai gostavas de ser menina ?
- Não sei filha, mas acho que sim.
- Para não teres de segurar a pilinha na casa de banho ?
- Não filha, porque deve ser giro.
- Pai, não ias gostar, não ias ter paciência para aturar os rapazes...
- Pai gostavas de ser menina ?
- Não sei filha, mas acho que sim.
- Para não teres de segurar a pilinha na casa de banho ?
- Não filha, porque deve ser giro.
- Pai, não ias gostar, não ias ter paciência para aturar os rapazes...
quinta-feira, maio 09, 2013
Migalha baby ou o menino da mãe
O meu migalha bebé está apaixonado por mim. Completamente vidrado. Segue-me para todo o lado, de braços estendidos a pedir colo, tenta ajudar-me a carregar sacos, a por a mesa...Anda sempre com um tamborete para ficar mais alto e a ver o que estou a fazer, a dizer "mim axuda mamãe". Mal me apanha sentada, salta-me para o colo, dá-me beijos e abraços, faz-me festinhas, atira os bracinhos pequeninos ao meu pescoço e pendura-se.
Quando vê alguma das manas abancada em cima de mim, começa a andar em volta, manda-as sair, "xai, xai, mim colo mamãe", e se elas insistem, empurra-as com a força dos seus dois anos, até que acabam por desistir, enquanto ele toma o seu lugar vitorioso.
Quer ir comigo a todo o lado...Mesmo que eu só vá ao supermercado comprar pão e o pai vá com as irmãs ao cinema. "Mim mamãe vai".
Claro que todo este amor dá um trabalhão! A mãe veste, a mãe dá a sopa, a mãe lava os dentes, a mãe põe, a mãe tira, a mãe dá, a mãe faz, mãe, mãe, mãe...
O pior é que retribuo toda esta ternura com aquilo que sei dar melhor a uma cria meiga e ternurenta como ele.Montes de mimo.
Passo a vida a ouvir, sobretudo de Dito-Cujo enciumado e da avó entendida, "fazes-lhe as vontades todas", "está a ficar cá um mimado", " é o menino da mãe". Mas entra a cem e sai para aí a mil. Quando as manas migalhas eram assim pequeninas e também estavam na fase Só-Mãe, diziam-me o mesmo. A grande diferença é que o tempo de antena delas foi muito mais curto, porque com dois anos e mais um par de meses, já tinham um recém-nascido a ocupar-me o tempo. Altura em que começaram a ser meninas do papá.
Agora ele é um sortudo, não se adivinham manos no horizonte e pode ser bebé da mãe até querermos.
As manas de vez em quando lá sentem umas pontas de ciúmes, especialmente a migalhinha do meio, entalada entre um bebé-crescido-super-fofinho e uma mana-a-precisar-de-ajuda-para-ler-e-fazer-trabalhos-da-escola-a-serio.
Para perceberem melhor esta dinâmica: no outro dia estavam os três a comer um gelado. O único que não estava com a camisola suja era ele. E eu digo, com um ar entre o orgulhoso e o embevecido, "olha o mano, o mais pequenino e nem sequer se sujou". Passados breves minutos, com o gelado a derreter a uma velocidade maior do que ele o consegue comer, também é condecorado com belas medalhas na roupa. Diz a migalha mas velha com um ar gozão e triunfante, por entre duas lambidelas de super-maxi:
- Olha, parece que o teu perfeitinho afinal também já está...
E é isto. O meu migalha que fala um migalhês que só eu entendo, no outro dia dizia-me de uma forma clara e perceptível até para aqueles que estão sempre a acertar ao lado do que ele quer dizer:
- Adoro-te.
Oh pá...Lá consigo não lhe fazer as vontadinhas todas.
Quando vê alguma das manas abancada em cima de mim, começa a andar em volta, manda-as sair, "xai, xai, mim colo mamãe", e se elas insistem, empurra-as com a força dos seus dois anos, até que acabam por desistir, enquanto ele toma o seu lugar vitorioso.
Quer ir comigo a todo o lado...Mesmo que eu só vá ao supermercado comprar pão e o pai vá com as irmãs ao cinema. "Mim mamãe vai".
Claro que todo este amor dá um trabalhão! A mãe veste, a mãe dá a sopa, a mãe lava os dentes, a mãe põe, a mãe tira, a mãe dá, a mãe faz, mãe, mãe, mãe...
O pior é que retribuo toda esta ternura com aquilo que sei dar melhor a uma cria meiga e ternurenta como ele.Montes de mimo.
Passo a vida a ouvir, sobretudo de Dito-Cujo enciumado e da avó entendida, "fazes-lhe as vontades todas", "está a ficar cá um mimado", " é o menino da mãe". Mas entra a cem e sai para aí a mil. Quando as manas migalhas eram assim pequeninas e também estavam na fase Só-Mãe, diziam-me o mesmo. A grande diferença é que o tempo de antena delas foi muito mais curto, porque com dois anos e mais um par de meses, já tinham um recém-nascido a ocupar-me o tempo. Altura em que começaram a ser meninas do papá.
Agora ele é um sortudo, não se adivinham manos no horizonte e pode ser bebé da mãe até querermos.
As manas de vez em quando lá sentem umas pontas de ciúmes, especialmente a migalhinha do meio, entalada entre um bebé-crescido-super-fofinho e uma mana-a-precisar-de-ajuda-para-ler-e-fazer-trabalhos-da-escola-a-serio.
Para perceberem melhor esta dinâmica: no outro dia estavam os três a comer um gelado. O único que não estava com a camisola suja era ele. E eu digo, com um ar entre o orgulhoso e o embevecido, "olha o mano, o mais pequenino e nem sequer se sujou". Passados breves minutos, com o gelado a derreter a uma velocidade maior do que ele o consegue comer, também é condecorado com belas medalhas na roupa. Diz a migalha mas velha com um ar gozão e triunfante, por entre duas lambidelas de super-maxi:
- Olha, parece que o teu perfeitinho afinal também já está...
E é isto. O meu migalha que fala um migalhês que só eu entendo, no outro dia dizia-me de uma forma clara e perceptível até para aqueles que estão sempre a acertar ao lado do que ele quer dizer:
- Adoro-te.
Oh pá...Lá consigo não lhe fazer as vontadinhas todas.
Estado clínico
Estou tãaaaaaao constipada. Há quase uma semana que tenho ranho que nunca mais acaba, tosse que nunca mais acaba e uma disposição que acaba mal o dia começa.
Como se não bastasse, (isto com a idade aparece tudo), há cerca de um ano comecei a ter uma asma levezinha. Claro que tão levezinha que ignorei o tratamento que a pneumologista me receitou, e quando estou assim um bocadito mais aflita, chego-lhe com duas bombadas de Ventilan e fico como nova.
Oh pá, só que agora sempre que me constipo, a bicheza vai-me para os bronquios, seca-me as tubagens do ar, e enche-me da tosse seca mais irritante da história das tosses. E logo eu, que quando tenho daquelas tosses que vêm do amago, faço vergonhosos pingos de chichi nas cuecas (a maternidade não são só maravilhas).
E agora vocês, pessoas com paciência para me lerem, perguntam, "e o que disse o médico?"
Pois... E eu respondo, que estou a tomar uns rebuçados balsamicos do melhor,e a por uns pingos no nariz que até desentopiam canos se fosse caso de ser necessário, vou lá ao médico fazer o quê se nem febre tenho...
E a culpa disto é obviamente daquele Senhor lá em cima, que tanto nos oferece 30 graus à sombra, como 14 graus de máxima ao sol.
Querido S. Pedro, manda o teu cartão de crédito, que já estoirei o plafond do meu em rebuçados de eucalipto e mentol. Pode ser que depois de veres quanto custa a vidinha, te resolvas a acabar com estas amplitudes térmicas.
Agradecida.
Como se não bastasse, (isto com a idade aparece tudo), há cerca de um ano comecei a ter uma asma levezinha. Claro que tão levezinha que ignorei o tratamento que a pneumologista me receitou, e quando estou assim um bocadito mais aflita, chego-lhe com duas bombadas de Ventilan e fico como nova.
Oh pá, só que agora sempre que me constipo, a bicheza vai-me para os bronquios, seca-me as tubagens do ar, e enche-me da tosse seca mais irritante da história das tosses. E logo eu, que quando tenho daquelas tosses que vêm do amago, faço vergonhosos pingos de chichi nas cuecas (a maternidade não são só maravilhas).
E agora vocês, pessoas com paciência para me lerem, perguntam, "e o que disse o médico?"
Pois... E eu respondo, que estou a tomar uns rebuçados balsamicos do melhor,e a por uns pingos no nariz que até desentopiam canos se fosse caso de ser necessário, vou lá ao médico fazer o quê se nem febre tenho...
E a culpa disto é obviamente daquele Senhor lá em cima, que tanto nos oferece 30 graus à sombra, como 14 graus de máxima ao sol.
Querido S. Pedro, manda o teu cartão de crédito, que já estoirei o plafond do meu em rebuçados de eucalipto e mentol. Pode ser que depois de veres quanto custa a vidinha, te resolvas a acabar com estas amplitudes térmicas.
Agradecida.
quarta-feira, maio 08, 2013
E esta, hein?
Ha duvidas que me atormentam. Ocupam-me tempo, gastam-me energia e não me deixam.
Hoje tenho uma preocupação do foro médico.
O que é que os pulmões são mais que os outros, hein? Porque é que todas as infecções e inflamações são "ites", bronqueolite, otite, amigdalite, faringite, gastrite, encefalite, colite, hepatite, endocardite, apendicite, pielonefrite, cistite, gastroenterite, gengivite, vaginite, e ainda mais algumas que não me lembro, e os pulmões têm a pneumonia? Porquê, hein?
E pronto, depois de 2 dias de ausência, brindo-vos com este post para lá de interessante. E com uma dúvida que me parece até muito pertinente e com a qual podem ocupar a vossa cabecinha. Os que funcionam só com o Tico e o Teco em serviços mínimos, não gastem a vossa inteligência a tentar responder, haverá coisas mais interessantes com que cansarem a beleza.
Não têm que agradecer.
Hoje tenho uma preocupação do foro médico.
O que é que os pulmões são mais que os outros, hein? Porque é que todas as infecções e inflamações são "ites", bronqueolite, otite, amigdalite, faringite, gastrite, encefalite, colite, hepatite, endocardite, apendicite, pielonefrite, cistite, gastroenterite, gengivite, vaginite, e ainda mais algumas que não me lembro, e os pulmões têm a pneumonia? Porquê, hein?
E pronto, depois de 2 dias de ausência, brindo-vos com este post para lá de interessante. E com uma dúvida que me parece até muito pertinente e com a qual podem ocupar a vossa cabecinha. Os que funcionam só com o Tico e o Teco em serviços mínimos, não gastem a vossa inteligência a tentar responder, haverá coisas mais interessantes com que cansarem a beleza.
Não têm que agradecer.
domingo, maio 05, 2013
Fim de Semana da Mãe
O Dia da Mãe cá em casa começou logo na sexta feira, o que tornou isto mais no Fim de Semana da Mãe que propriamente no Dia da Mãe.
Sem pai a fazer o filtro que se quer, migalhas avançaram com os presentes elaborados na escola mal entrei a porta.
Houve de tudo, desde lindo colar com pendente (plasticina, pois claro), marcador de livros ou jarra com flores de papel. Até houve uma canção que minha migalhinha do meio aprendeu sobre o colo da mãe. E com muitos "tão lindo, não acredito foste tu que fizeste", começaram as comemorações.
Assim foi o nosso jantar e serão de sexta feira, beijos e abraços apertados, mimos a fartar, "tu és a mais linda do mundo", "não tu é que és", "mas tu és super fofinha", "não tu é que és", "quem é o menino mais lindo do mundo", "mim, mim", e pronto
Terminou com três migalhas a ocuparem lugar de pai ausente na caminha da mãe, todos enleados, mãos e pés a tocarem nas mãos e pés dos manos e da mãe. Não posso dizer que tenha sido uma noite descansada, lutando para manter uma ponta de edredão do meu lado e para não cair da cama (foi para isto que inventaram as mesas de cabeceira), mantendo crias cobertas e garantindo que se alguém tinha que cair da cama, esse alguém era eu.
Como além de ser mãe, também sou filha, passámos fim de semana abancados em casa de avós, fomos ao jardim, andámos de bicicleta (talvez andámos não seja o tempo verbal correcto), e hoje tivemos uma bela manhã na praia, com direito a fato de banho e pés de molho.
Agora estou aqui mais morta que viva, de braços abertos para receber Dito-Cujo que deve estar quase a entrar porta dentro. Conto mimá-lo na medida das minhas forças, o que tendo em conta a soneira e moleza que se apoderou de mim depois destes dias, é capaz de ser uma medida pequenina, tipo copinho de medidas da Bimby. Ou seringa do Benuron. Ou colher do Brufen do lado dos 2,5ml...
Sim, a minha força está nas lonas. Haja esperança que semana de pesca tenha deixado Dito-Cujo igualmente acabado e venha com o corpinho a pedir cama e, no máximo, um abracinho.
Sem pai a fazer o filtro que se quer, migalhas avançaram com os presentes elaborados na escola mal entrei a porta.
Houve de tudo, desde lindo colar com pendente (plasticina, pois claro), marcador de livros ou jarra com flores de papel. Até houve uma canção que minha migalhinha do meio aprendeu sobre o colo da mãe. E com muitos "tão lindo, não acredito foste tu que fizeste", começaram as comemorações.
Assim foi o nosso jantar e serão de sexta feira, beijos e abraços apertados, mimos a fartar, "tu és a mais linda do mundo", "não tu é que és", "mas tu és super fofinha", "não tu é que és", "quem é o menino mais lindo do mundo", "mim, mim", e pronto
Terminou com três migalhas a ocuparem lugar de pai ausente na caminha da mãe, todos enleados, mãos e pés a tocarem nas mãos e pés dos manos e da mãe. Não posso dizer que tenha sido uma noite descansada, lutando para manter uma ponta de edredão do meu lado e para não cair da cama (foi para isto que inventaram as mesas de cabeceira), mantendo crias cobertas e garantindo que se alguém tinha que cair da cama, esse alguém era eu.
Como além de ser mãe, também sou filha, passámos fim de semana abancados em casa de avós, fomos ao jardim, andámos de bicicleta (talvez andámos não seja o tempo verbal correcto), e hoje tivemos uma bela manhã na praia, com direito a fato de banho e pés de molho.
Agora estou aqui mais morta que viva, de braços abertos para receber Dito-Cujo que deve estar quase a entrar porta dentro. Conto mimá-lo na medida das minhas forças, o que tendo em conta a soneira e moleza que se apoderou de mim depois destes dias, é capaz de ser uma medida pequenina, tipo copinho de medidas da Bimby. Ou seringa do Benuron. Ou colher do Brufen do lado dos 2,5ml...
Sim, a minha força está nas lonas. Haja esperança que semana de pesca tenha deixado Dito-Cujo igualmente acabado e venha com o corpinho a pedir cama e, no máximo, um abracinho.
sábado, maio 04, 2013
Espirito dia da mãe
Eu tento, eu juro que tento. Ah e tal, amanhã é dia da mãe, estou sozinha com os três, deixa cá ver se consigo imprimir aqui um pouco de paz e sossego. Não gritar, não alterar um milímetro a voz, manter-me paciente, certa de que a minha doçura as irá imbuir do mesmo espirito, a utilizar aquela teoria de recebemos aquilo que damos.
Infelizmente, este principio que tão bem se aplica às relações laborais, ou com clientes, não funciona cá por casa. Não por muito tempo.
Hoje durou até às nove e picos. Só posso concluir que migalhas não abdicam da dinâmica faz merda lá vem grito lá vem palmada. Não são dados à tranquilidade familiar nem à coisa zen e tal. Gostam da confusão que se instala, de me ver descabelada, de ficarem uns minutos de castigo, de dizerem a mãe é má, de jurarem que não fazem mais, de se rirem quando me passo e quanto mais se riem mais me passo e quanto mais me passo mais se riem.
A maternidade é linda!
Infelizmente, este principio que tão bem se aplica às relações laborais, ou com clientes, não funciona cá por casa. Não por muito tempo.
Hoje durou até às nove e picos. Só posso concluir que migalhas não abdicam da dinâmica faz merda lá vem grito lá vem palmada. Não são dados à tranquilidade familiar nem à coisa zen e tal. Gostam da confusão que se instala, de me ver descabelada, de ficarem uns minutos de castigo, de dizerem a mãe é má, de jurarem que não fazem mais, de se rirem quando me passo e quanto mais se riem mais me passo e quanto mais me passo mais se riem.
A maternidade é linda!
sexta-feira, maio 03, 2013
A roda dos tormentos
Como se não tivesse já um monte de coisas com que me ocupar e pouco tempo para me ocupar com coisa nenhuma, eis que fui eleita pela professora da migalha mais velha (pulinhos de felicidade), para fazer uma roda dos alimentos (ainda assim grata por não me ter calhado uma casa da Madeira ou uma chaminé do Algarve).
Interessante, pensam vocês, já com a cabeça a fervilhar de ideias, já a imaginarem alfaces de papel de lustro e bifes de pasta de papel.
Hoje comecei, não vá não conseguir apresentar o trabalhinho antes da professora eleger outro pai para o fazer. Até era uma sorte se isso acontecesse, mas infelizmente, migalha iria ficar para cima de triste, envergonhada e furiosa comigo. Lixada mesmo.
Comecei pelo Google (nem sei como existia vida antes do Google), para ser brindada com uma roda dos alimentos bem diferente daquela que me ensinaram na escola. Depois fiz aquilo que sei fazer melhor...roubei descaradamente ideias de outras rodas dos alimentos "caseiras", apesar de ter que estar com atenção, porque há ideias que nem copiar sei. E pronto, olha olha, um bife feito de esferovite, um pacote de leite Mimosa colado, boa, isto sei fazer.
Claro que tudo o que existe feito e que seja menos perecível que os verdadeiros alimentos, já cá canta. Frutas e legumes de plástico, massas e feijões e arroz, pães verdadeiros feitos com muito sal e pouco fermento (a ver se não fazem criação de bicharada, não queremos proteína no sítio dos cereais).
Tudo a juntar às trinta cartolinas, às colas, etc e tal, já perfaz uma roda de alimentos de um valor que dava para matar a fome a pelo menos metade de África durante uma semana.
Bom, a verdade é que sei as minhas limitações, e as minhas limitações com os trabalhos manuais acompanham-me desde que sou gente. Sou o género de pessoa que durante o liceu não ganhou uma bolsa de estudo porque não conseguia positiva a desenho. Matemática, português, química ou biologia, dá cá cincos e quatros...Desenho... vá um dois. Três anos seguidos. Eu sou o género de pessoa que artilhada de régua e esquadro não consegue fazer uma linha recta.
Por isso é melhor não elevar muito as expectativas da migalha, não vá ela pensar que vai apresentar alguma obra da Joana Vasconcelos à turma, para depois os brindar com um cacho de uvas de plástico e uma meia dúzia de grãos de bico a fazer pendant com um peixe de esferovite.
Oh vida!
Interessante, pensam vocês, já com a cabeça a fervilhar de ideias, já a imaginarem alfaces de papel de lustro e bifes de pasta de papel.
Hoje comecei, não vá não conseguir apresentar o trabalhinho antes da professora eleger outro pai para o fazer. Até era uma sorte se isso acontecesse, mas infelizmente, migalha iria ficar para cima de triste, envergonhada e furiosa comigo. Lixada mesmo.
Comecei pelo Google (nem sei como existia vida antes do Google), para ser brindada com uma roda dos alimentos bem diferente daquela que me ensinaram na escola. Depois fiz aquilo que sei fazer melhor...roubei descaradamente ideias de outras rodas dos alimentos "caseiras", apesar de ter que estar com atenção, porque há ideias que nem copiar sei. E pronto, olha olha, um bife feito de esferovite, um pacote de leite Mimosa colado, boa, isto sei fazer.
Claro que tudo o que existe feito e que seja menos perecível que os verdadeiros alimentos, já cá canta. Frutas e legumes de plástico, massas e feijões e arroz, pães verdadeiros feitos com muito sal e pouco fermento (a ver se não fazem criação de bicharada, não queremos proteína no sítio dos cereais).
Tudo a juntar às trinta cartolinas, às colas, etc e tal, já perfaz uma roda de alimentos de um valor que dava para matar a fome a pelo menos metade de África durante uma semana.
Bom, a verdade é que sei as minhas limitações, e as minhas limitações com os trabalhos manuais acompanham-me desde que sou gente. Sou o género de pessoa que durante o liceu não ganhou uma bolsa de estudo porque não conseguia positiva a desenho. Matemática, português, química ou biologia, dá cá cincos e quatros...Desenho... vá um dois. Três anos seguidos. Eu sou o género de pessoa que artilhada de régua e esquadro não consegue fazer uma linha recta.
Por isso é melhor não elevar muito as expectativas da migalha, não vá ela pensar que vai apresentar alguma obra da Joana Vasconcelos à turma, para depois os brindar com um cacho de uvas de plástico e uma meia dúzia de grãos de bico a fazer pendant com um peixe de esferovite.
Oh vida!
Cenas das organizações
Está sol, é sexta feira, tudo se leva melhor com sol e quando não é para vir arranhar no fim de semana.
Apesar da reunião que tive que animar logo pela fresca, com uns cinquenta ou sessenta caramelos a olhar para mim, a ver se me engasgo, se me engano, se tenho as cuecas enfiadas no rabo, se o cabelo tá para o oleoso, tudo menos ligarem pevide ao que digo. E eu ali a esforçar-me para fazer um ar animado, a pedir palminhas, e a ver na cara deles um ar de gozo misturado com alguma condescendência, coitadita, tem que fazer estas figuras, faz parte do trabalho dela tratar-nos como se fossemos todos acéfalos.
E estas reuniões matinais deixam-me completamente esgotada, são cinco minutos de uma intensidade de estupidez altamente desgastaste, e só mesmo escrever um post na hora do patrão para me animar.
Eu não sou uma pessoa simpática, e não consigo assumir este papel sem achar que estou a fazer uma figurinha. Ehhhhh! Palminhas, belos resultados. Ohhhhh... Não conseguiu, palminhas de consolação, para a semana será melhor. E a minha dignidade, a minha postura, onde fica?
Deus ma livre...
Vou mas é jogar no Euromilhões.
Apesar da reunião que tive que animar logo pela fresca, com uns cinquenta ou sessenta caramelos a olhar para mim, a ver se me engasgo, se me engano, se tenho as cuecas enfiadas no rabo, se o cabelo tá para o oleoso, tudo menos ligarem pevide ao que digo. E eu ali a esforçar-me para fazer um ar animado, a pedir palminhas, e a ver na cara deles um ar de gozo misturado com alguma condescendência, coitadita, tem que fazer estas figuras, faz parte do trabalho dela tratar-nos como se fossemos todos acéfalos.
E estas reuniões matinais deixam-me completamente esgotada, são cinco minutos de uma intensidade de estupidez altamente desgastaste, e só mesmo escrever um post na hora do patrão para me animar.
Eu não sou uma pessoa simpática, e não consigo assumir este papel sem achar que estou a fazer uma figurinha. Ehhhhh! Palminhas, belos resultados. Ohhhhh... Não conseguiu, palminhas de consolação, para a semana será melhor. E a minha dignidade, a minha postura, onde fica?
Deus ma livre...
Vou mas é jogar no Euromilhões.
quinta-feira, maio 02, 2013
Porque os há
Há os parvos, há os idiotas, há os mete-nojo e depois há os coirões.
Ninguém suporta um coirão.
Ninguém suporta um coirão.
Sobre o suicídio
Um colega meu suicidou-se.
Não, não me era minimamente próximo. Aliás, tive que ir ao organigrama da empresa procurar uma cara para associar ao nome. Mas a questão não é essa.
A questão foram os comentários que as pessoas fizeram. Que não tinham notado absolutamente nada diferente. Que se tinha despedido normalmente antes de sair. Que não tinha desmarcado as reuniões que tinha para o dia seguinte. Que alguma coisa tinha acontecido inesperada naquele intervalo de tempo. Houve inclusive rumores que a PJ estaria a investigar, tão estranho que era, o rapaz tão bem a aparecer morto num sítio ermo. E com filhos pequenos e tudo...
E eu a pensar, queriam o quê, que ele dissesse é melhor não contarem comigo para a reunião de sexta-feira que estou a modos que a pensar matar-me, ou que se despedisse com beijos e abraços acalorados e despropositados?
Não faço ideia do que está na cabeça de alguém nos dias ou momentos que antecedem o suícidio, mas a mim o que me parece é que quem não dá nenhum sinal, é quem quer garantir que o vai conseguir.
Não vou discutir se é coragem ou cobardia, não consigo responder a essa pergunta de forma linear. Também não duvido que o que deixam a quem fica é pesado e quase ingerível, mas é um caminho, o derradeiro, o que não tem volta. E há quem o escolha.
Não, não me era minimamente próximo. Aliás, tive que ir ao organigrama da empresa procurar uma cara para associar ao nome. Mas a questão não é essa.
A questão foram os comentários que as pessoas fizeram. Que não tinham notado absolutamente nada diferente. Que se tinha despedido normalmente antes de sair. Que não tinha desmarcado as reuniões que tinha para o dia seguinte. Que alguma coisa tinha acontecido inesperada naquele intervalo de tempo. Houve inclusive rumores que a PJ estaria a investigar, tão estranho que era, o rapaz tão bem a aparecer morto num sítio ermo. E com filhos pequenos e tudo...
E eu a pensar, queriam o quê, que ele dissesse é melhor não contarem comigo para a reunião de sexta-feira que estou a modos que a pensar matar-me, ou que se despedisse com beijos e abraços acalorados e despropositados?
Não faço ideia do que está na cabeça de alguém nos dias ou momentos que antecedem o suícidio, mas a mim o que me parece é que quem não dá nenhum sinal, é quem quer garantir que o vai conseguir.
Não vou discutir se é coragem ou cobardia, não consigo responder a essa pergunta de forma linear. Também não duvido que o que deixam a quem fica é pesado e quase ingerível, mas é um caminho, o derradeiro, o que não tem volta. E há quem o escolha.
quarta-feira, maio 01, 2013
Querido e amado marido #5
Parece que os miúdos me querem oferecer um porta-moedas para o Dia da Mãe. Querem oferecer um grande, que dê para muitos papéis e muitos cartões, que eles sabem como eu sou.
Vá, não os desiludas, sabes como estas coisas são importantes para eles.
Vá, não os desiludas, sabes como estas coisas são importantes para eles.
Acabo de ver o anuncio da Radio Comercial na televisão
E até eu, que sou dada à lágrima fácil, que me comovo com a exposição do sentimentos, mesmo aqueles que devemos resguardar, que sou uma pirosa, um alvo fácil das agências de publicidade quando toca de puxar ao coração, até eu, acho que há ali no anuncio da Rádio Comercial uma exploração de uma situação e uma tentativa mal conseguida de querer mostrar uma proximidade completamente desadequada.
Não digo que não seja verdade, acredito piamente que em fases duras e dificeis as coisas que nos alegram, nem que seja por instantes, ganhem uma dimensão que de outra forma não teriam, mas espero muito sinceramente que tenha existido muito mais que as piadolas dos animadores da Rádio Comercial a empurrar a vida daquela mulher para a frente.
A sério, têm a certeza que era isto que queriam fazer?
Não digo que não seja verdade, acredito piamente que em fases duras e dificeis as coisas que nos alegram, nem que seja por instantes, ganhem uma dimensão que de outra forma não teriam, mas espero muito sinceramente que tenha existido muito mais que as piadolas dos animadores da Rádio Comercial a empurrar a vida daquela mulher para a frente.
A sério, têm a certeza que era isto que queriam fazer?
A Primark, o Bangladesh e eu
Chego a casa depois de um dia de trabalho, ligo a televisão, está a dar o telejornal que dá depois da meia noite, e há crianças a chorar com fotografias nas mãos, e repetem que perderam a mãe, e as irmãs, e que não têm ninguém que cuide delas. E estão em frente ao monte de destroços do prédio que desabou no Bangladesh, enquanto as equipas de salvamento procuram corpos, ou muito pouco provável, sobreviventes.
E a Primark já veio dizer que vai ajudar as famílias dos mortos e desaparecidos, e eu a pensar, que não há dinheiro no mundo que lhes possa comprar o que perderam, e eu a pensar em cada peça da Primark comprada ao preço da uva mijona que entrou pela minha porta dentro, e eu tão contente porque é tão barato e os miúdos crescem a correr, e eu até desconfio que lá para os países que constam nas etiquetas alguém tenha de passar mal para que um pijama comprado a 10000km custe cinco euros, mas agora não desconfio, tenho a certeza, porque está mesmo ali em frente aos meus olhos, as crianças a chorar com as fotografias na mão, há espera de um milagre vindo debaixo do chão.
E depois o dilema, como deixar de comprar na Primark, ou na Zara, ou na H&M, logo para eles, que são três e estão sempre a crescer, e a roupa dura menos de uma estação, e não tenho dinheiro para os vestir de marcas, além que as marcas supostamente melhores também têm as fábricas plantadas lá pelo Oriente...E fico sem saber o que fazer, ou melhor, sei o que devia fazer mas não o faço, e é por isto e por pessoas como eu que este mundo não passa da cepa torta. E queria ser diferente, e explicar às migalhas que em vez de dez t-shirts só iriam ter cinco, mas todas feitinhas em Portugal, onde não há trabalho infantil, nem fábricas a ruir, porque há quem trate disso, e veja em que condições as pessoas trabalham, os ordenados são baixos mas há mínímos que não há no Bangladesh, e ainda por cima ajudava a economia.
Porque é que os caminhos certos são sempre tão dificeis de seguir mesmo quando são faceis de encontrar?
E a Primark já veio dizer que vai ajudar as famílias dos mortos e desaparecidos, e eu a pensar, que não há dinheiro no mundo que lhes possa comprar o que perderam, e eu a pensar em cada peça da Primark comprada ao preço da uva mijona que entrou pela minha porta dentro, e eu tão contente porque é tão barato e os miúdos crescem a correr, e eu até desconfio que lá para os países que constam nas etiquetas alguém tenha de passar mal para que um pijama comprado a 10000km custe cinco euros, mas agora não desconfio, tenho a certeza, porque está mesmo ali em frente aos meus olhos, as crianças a chorar com as fotografias na mão, há espera de um milagre vindo debaixo do chão.
E depois o dilema, como deixar de comprar na Primark, ou na Zara, ou na H&M, logo para eles, que são três e estão sempre a crescer, e a roupa dura menos de uma estação, e não tenho dinheiro para os vestir de marcas, além que as marcas supostamente melhores também têm as fábricas plantadas lá pelo Oriente...E fico sem saber o que fazer, ou melhor, sei o que devia fazer mas não o faço, e é por isto e por pessoas como eu que este mundo não passa da cepa torta. E queria ser diferente, e explicar às migalhas que em vez de dez t-shirts só iriam ter cinco, mas todas feitinhas em Portugal, onde não há trabalho infantil, nem fábricas a ruir, porque há quem trate disso, e veja em que condições as pessoas trabalham, os ordenados são baixos mas há mínímos que não há no Bangladesh, e ainda por cima ajudava a economia.
Porque é que os caminhos certos são sempre tão dificeis de seguir mesmo quando são faceis de encontrar?
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