Quando tinha 6 ou 7 anos fui para a catequese. Lembro-me que era aos sábados à tarde, com uma catequista de quem não tenho memória, boa ou má.
Ao fim de pouco tempo deixei de ir. A minha mãe conta até hoje uma história de um desaguisado com a catequista, que teria sobrevalorizado um vestido para cima e umas cuecas ao léu, numa das aulas de catequese. Não me lembro.
Tenho para mim que aquilo lixava os fins de semana todos, e que os pais de antigamente não eram como os de agora, escravos da música, da natação, e das festas de anos. Quer dizer, os meus pais não eram de certeza. Anos mais tarde, o meu irmão começou a jogar basquetebol, e havia sempre jogos aos domigos, e lembro-me de ver a minha mãe a bufar, ansiosa por ir apanhar sol ali para os lados da linha, em vez de se enfiar num qualquer pavilhão de um qualquer clube numa qualquer terrinha dos arrebaldes.
Eu e o meu irmão só começámos a colocar verdadeiro empenho em alguma coisa, quando a autonomia já nos permitia participar em tudo sem precisarmos de escolta parental. Foi o que me aconteceu com a ginástica. Os meus pais apareciam para pagar (as cotas, as mensalidades, os equipamentos e as viagens) e assistiam ao sarau de encerramento numa de verificar se o investimento estava a ter retorno, coisa que o meu pai avaliava pela fila em que me encontrava, sendo que as melhores estariam na fila da frente, as mais desajeitadas, lá para trás. Não levavam nem iam buscar aos treinos, fossem de manhã, à tarde ou à noite, às segundas-feiras ou aos domingos.
Mas voltando à catequese. Fiz o que pude pela minha formação religiosa. Numa casa em que os hábitos religiosos se limitavam a viagens anuais a Fátima, com pais que se intitulavam como católicos não praticantes, não era fácil. Lembro-me de ir à missa com amigas, de estar presente nos momentos importantes do seu percurso, Profissão de Fé, Crisma, mas de estar a falhar o meu próprio percurso.
Cresci e a sentir essa enorme lacuna. É como se me faltasse alguma coisa. Na igreja, quando todos se levantam para comungar e eu tenho que me sentar, sinto-me como se não pertencesse ali.
O nascimento dos meus filhos acentuou esse sentimento. E quando estava a tratar do Baptismo do migalha bebé, falei com o pároco para saber se haveria catequese para adultos que eu pudesse frequentar. Ficou de me ligar, mas passaram dois anos e nada. Provavelmente achou que aquilo era só conversa, uma qualquer espécie de manteiga para agilizar preparação de pais e padrinhos e para disfarçar as parcas habilitações católicas dos pais.
Mas pronto. Já me estive a informar e há um departamento de catequese no Patriarcado de Lisboa. Acho que vou começar por aí. Talvez já o devesse ter feito. Talvez ter ficado em casa à espera que o padre me ligasse não tivesse sido a melhor estratégia.
Tanta intenção. Agora passar à acção.
Tb deixei de ir a catequeses com os meus 7/8 anos. Acho que so andei por lá 1 ano, mas, no meu caso, era em simultaneo com os desenhos animados e tive de fazer uma opção de vida. Nunca fui para além do batismo e sempre me limitei a acompanhar a minha avó (quando ela era viva) em procissões e pouco mais (já a minha irmã fez tudo certinho e pode comer a hóstia que nunca provei). Não sinto falta dessa prática da fé (sinto de acompanhar a minha avó, mas isso é outra história). Contudo, não facilitei com a minha filha no batismo, quis mesmo que ela fosse batizada (embora tivesse de convencer o pai). Se ela vai ser praticante? Isso já não sei. Mas, pelo menos, vai conhecer em casa a histórias da Biblia e tudo o que envolve a religião para, em adolecente/adulta fazer a sua opção.
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