Um colega meu suicidou-se.
Não, não me era minimamente próximo. Aliás, tive que ir ao organigrama da empresa procurar uma cara para associar ao nome. Mas a questão não é essa.
A questão foram os comentários que as pessoas fizeram. Que não tinham notado absolutamente nada diferente. Que se tinha despedido normalmente antes de sair. Que não tinha desmarcado as reuniões que tinha para o dia seguinte. Que alguma coisa tinha acontecido inesperada naquele intervalo de tempo. Houve inclusive rumores que a PJ estaria a investigar, tão estranho que era, o rapaz tão bem a aparecer morto num sítio ermo. E com filhos pequenos e tudo...
E eu a pensar, queriam o quê, que ele dissesse é melhor não contarem comigo para a reunião de sexta-feira que estou a modos que a pensar matar-me, ou que se despedisse com beijos e abraços acalorados e despropositados?
Não faço ideia do que está na cabeça de alguém nos dias ou momentos que antecedem o suícidio, mas a mim o que me parece é que quem não dá nenhum sinal, é quem quer garantir que o vai conseguir.
Não vou discutir se é coragem ou cobardia, não consigo responder a essa pergunta de forma linear. Também não duvido que o que deixam a quem fica é pesado e quase ingerível, mas é um caminho, o derradeiro, o que não tem volta. E há quem o escolha.
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