O meu migalha bebé está apaixonado por mim. Completamente vidrado. Segue-me para todo o lado, de braços estendidos a pedir colo, tenta ajudar-me a carregar sacos, a por a mesa...Anda sempre com um tamborete para ficar mais alto e a ver o que estou a fazer, a dizer "mim axuda mamãe". Mal me apanha sentada, salta-me para o colo, dá-me beijos e abraços, faz-me festinhas, atira os bracinhos pequeninos ao meu pescoço e pendura-se.
Quando vê alguma das manas abancada em cima de mim, começa a andar em volta, manda-as sair, "xai, xai, mim colo mamãe", e se elas insistem, empurra-as com a força dos seus dois anos, até que acabam por desistir, enquanto ele toma o seu lugar vitorioso.
Quer ir comigo a todo o lado...Mesmo que eu só vá ao supermercado comprar pão e o pai vá com as irmãs ao cinema. "Mim mamãe vai".
Claro que todo este amor dá um trabalhão! A mãe veste, a mãe dá a sopa, a mãe lava os dentes, a mãe põe, a mãe tira, a mãe dá, a mãe faz, mãe, mãe, mãe...
O pior é que retribuo toda esta ternura com aquilo que sei dar melhor a uma cria meiga e ternurenta como ele.Montes de mimo.
Passo a vida a ouvir, sobretudo de Dito-Cujo enciumado e da avó entendida, "fazes-lhe as vontades todas", "está a ficar cá um mimado", " é o menino da mãe". Mas entra a cem e sai para aí a mil. Quando as manas migalhas eram assim pequeninas e também estavam na fase Só-Mãe, diziam-me o mesmo. A grande diferença é que o tempo de antena delas foi muito mais curto, porque com dois anos e mais um par de meses, já tinham um recém-nascido a ocupar-me o tempo. Altura em que começaram a ser meninas do papá.
Agora ele é um sortudo, não se adivinham manos no horizonte e pode ser bebé da mãe até querermos.
As manas de vez em quando lá sentem umas pontas de ciúmes, especialmente a migalhinha do meio, entalada entre um bebé-crescido-super-fofinho e uma mana-a-precisar-de-ajuda-para-ler-e-fazer-trabalhos-da-escola-a-serio.
Para perceberem melhor esta dinâmica: no outro dia estavam os três a comer um gelado. O único que não estava com a camisola suja era ele. E eu digo, com um ar entre o orgulhoso e o embevecido, "olha o mano, o mais pequenino e nem sequer se sujou". Passados breves minutos, com o gelado a derreter a uma velocidade maior do que ele o consegue comer, também é condecorado com belas medalhas na roupa. Diz a migalha mas velha com um ar gozão e triunfante, por entre duas lambidelas de super-maxi:
- Olha, parece que o teu perfeitinho afinal também já está...
E é isto. O meu migalha que fala um migalhês que só eu entendo, no outro dia dizia-me de uma forma clara e perceptível até para aqueles que estão sempre a acertar ao lado do que ele quer dizer:
- Adoro-te.
Oh pá...Lá consigo não lhe fazer as vontadinhas todas.
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