Com a entrada da migalha mais velha para a escola primária, perguntei ao dito-cujo, se não estaria na altura de começar a desfazer a fantasia do Pai Natal. Já imaginava que lá pela escola ela ia ouvir a verdade, assim sem mais nem menos a frio e sem anestesia, com um bocado de azar ainda ia ser gozada pelos outros. Uma fantasia alimentada durante anos, não é para qualquer um chegar ali e zumba. É coisa a requerer preparação, a ser dita com calma e cuidado. Afinal, são os sonhos de uma criança, caramba.
Por outro lado, quando não recebesse as 123 coisas que tem na carta ao Pai Natal, em vez de ir cobrar ao velhinho esquecido e senil, iria cobrar direitinho a mim e ao dito-cujo seu pai.
E assim estávamos. Em conversações. Achava eu.
Nas minhas costas, completamente à traição e mesmo mesmo tipo facada nas costas, não sei como nem porquê, lá resolvem entabular uma conversa qualquer sobre o Pai Natal. A miúda lá faz duas ou três perguntas de quem tem algumas dúvidas sobre a veracidade da história (cheia de pontas soltas, diga-se em abono da verdade), e o pai, zás, lá lhe diz que o Pai Natal não existe e que os verdadeiros responsáveis por ela não ter tido 10 Nancys no ano passado, somos mesmo nós.
Não houve lágrimas, nem grandes desilusões, mas a prova de que aguentávamos a história mais um aninho chegou logo a seguir.
- Mãe, sabes, o Pai Natal não existe.
-??? Não? Mas...
- Não. O Pai já me explicou que são vocês que dão os presentes.
- Ai foi?? (chispas pelos olhos)
- Sim. Agora só há outra coisa que não sei.
- O quê?
- E a Fada dos dentes, existe ou não?
Buááááá. Eu sabia que ainda a enganávamos mais um ano.
- A Fada dos dentes? Não sei, VAI PERGUNTAR AO TEU PAI.
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