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domingo, janeiro 13, 2013

Está tudo doido?

Já não aguento ouvir falar sobre o cão que matou o bebé e que agora um monte de gente imbecil quer salvar. Já não aguento ouvir dizer que o cão, coitadinho, vivia num apartamento, e não tinha espaço para correr, e a culpa é dos donos e blá blá blá.
Está tudo doido? Mas as pessoas estão todas maradas da pinha?
Em Portugal, há milhares, milhares de cães que vivem em apartamentos, que passam os dias sozinhos, que só vão à rua duas vezes por dia, quase sempre pela trela e quase sempre pouco mais que o tempo suficiente para fazerem chichi e cocó. Milhares! E não é por isso que atacam os donos, ou matam as crianças da família.
O Zico, para quem me estou literalmente a borrifar, passou-se da marmita, e ao fim de 9 anos naquela casa, atacou o bebé da família com tamanha agressividade que o matou. Não foi um "chega para lá" que correu mal. O cão, atacou com violência um bebé. Não me interessam as razões. Interessa-me que este cão, já provou, que quando a mostarda lhe chega ao nariz, é violento.
E então, vamos salvar o cão! E o que vamos fazer ao cão? Vamos obrigar a família a ficar com ele? Vamos arranjar uma família de acolhimento? Talvez um daqueles ferverosos defensores dos animais, quase sempre cegos de ódios pelas pessoas, queira adoptar o cãozinho. E depois? Vão passeá-lo na rua? Vão garantir que o Zico não se vai passar da marmita outra vez e atacar outra criança ou outra pessoa? E se atacar?
Ou então, este cão que viveu toda a sua vida no seio de uma família, agora vai para um canil, e fica lá, numa jaula, à espera da sua hora.
Vamos cometer com o cão os mesmos erros que tantas vezes comete a Comissão de Protecção de Menores, ao deixar ficar crianças que comprovadamente são maltratadas em risco. Vamos deixar que exista a mais infíma possibilidade deste cão voltar a fazer mal a alguém.
Tenho ficado chocada com o que tenho lido. Num outro blog, uma das pessoas que comentava o assunto, até dizia, que gostava tanto dos seus gatos que se pudesse escolher entre a vida dos gatos e a de uma tia ou assim, escolhia os gatos.
E eu só pergunto, que tipo de serradura estas pessoas têm na cabeça? Ou que droga cheiram. Ou então, a mais provável, que dificuldades tão grandes de relacionamento interpessoal tem alguém que escolhe os animais às pessoas com esta convicção.
Está tudo cheio de cocó na cabeça.
Tive um cão muitos anos. O meu pai adorava o cão. Davam longos passeios, dormiam grandes sestas e passavam muitas horas juntos. Quando o cão morreu o meu pai sofreu verdadeiramente. E deixou escapar em tom de desabafo, que lhe estava a custar mais a morte do cão, do que tinha custado alguns anos antes a morte do pai. E eu compreendi o que me queria dizer. Perder o companheiro de todos os dias é mais doloroso do que perder um pai completamente ausente, que se borrifava para ele há 40 anos.
Mas eu sei, que se por algum acaso macabro da vida, o meu pai tivesse que escolher entre a vida do cão e a do pai, não hesitaria em escolher a do pai. Porque o meu pai, mantém os pirolitos no sítio, mantém os padrões morais, e sabe que uma pessoa é uma pessoa, e um cão, é um cão.
Haverá excepções de vidas humanas que valem menos que vidas de animais? Haverá. Pessoas que foram cagadas em vez de paridas e que só acrescentam muito mal ao mundo.
Mas este cão, lamento que vos diga, também acrescentou muito mal ao mundo, porque um bebé morreu.

1 comentário:

  1. Clap Clap Clap.
    Infelizmente vivemos num planeta cheio de imbecis. Nem sei como o cão não foi logo abatido pela familia, comigo era garantido ficava logo ali, não arriscava nem mais 1 segundo de alguem que fosse ao é dele.

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