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quinta-feira, outubro 24, 2013

Uma espécie de carta

Nunca fomos de conversar. Sempre fomos mais de não debater, não esmiuçar, não espremer os assuntos. Sempre achámos, penso que os dois, que não vale a pena o desgaste de estar sempre a discutir todo e qualquer acontecimento, até porque a maior parte deles, nem sequer eram assunto, e acabam por desaparecer.
Mas temos medo. Eu tenho medo. Insegurança. Vejo moinhos no alto de Santa Catarina. E tu também. Sabes que sim.
E talvez não tenha mal ter medo. E talvez não faça mal, falarmos sobre os nossos medos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, estás a ver? Não é preciso fazer uma dissertação teórica sobre cada passo que damos, mas talvez haja momentos em que mais vale dizer o que estamos a sentir, especialmente se isso nos estiver a provocar um sofrimento desnecessário, acessório e que nos desgasta mais do que nos poderia desgastar uma conversa ou uma discussão de vinte minutos.
Eu fico muitas vezes à rasca. Borrada. E nessas alturas fico na concha, disfarço o medo, atenta a cada movimento. Escolho o silêncio. Habituámo-nos a escolher o silêncio.
Mas alguém diz que o silêncio é um texto fácil de se ler errado, e não poderia ser mais verdade. O silêncio que muitas vezes escolho para tentar mostrar que tenho medo, não diz o que quero, e pior, diz coisas que não quero.
Parece-me que além de estarmos juntos na família, no amor, na vida, também estamos juntos no medo.
Tu podes aplacar os meus medos. Eu posso aplacar os teus medos.

1 comentário:

  1. É verdade. Pode fazer-se muitas vezes como a avestruz. Não se pode fazer sempre. Obrigada. Beijinhos

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