Nunca fomos de conversar. Sempre fomos mais de não debater, não esmiuçar, não espremer os assuntos. Sempre achámos, penso que os dois, que não vale a pena o desgaste de estar sempre a discutir todo e qualquer acontecimento, até porque a maior parte deles, nem sequer eram assunto, e acabam por desaparecer.
Mas temos medo. Eu tenho medo. Insegurança. Vejo moinhos no alto de Santa Catarina. E tu também. Sabes que sim.
E talvez não tenha mal ter medo. E talvez não faça mal, falarmos sobre os nossos medos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, estás a ver? Não é preciso fazer uma dissertação teórica sobre cada passo que damos, mas talvez haja momentos em que mais vale dizer o que estamos a sentir, especialmente se isso nos estiver a provocar um sofrimento desnecessário, acessório e que nos desgasta mais do que nos poderia desgastar uma conversa ou uma discussão de vinte minutos.
Eu fico muitas vezes à rasca. Borrada. E nessas alturas fico na concha, disfarço o medo, atenta a cada movimento. Escolho o silêncio. Habituámo-nos a escolher o silêncio.
Mas alguém diz que o silêncio é um texto fácil de se ler errado, e não poderia ser mais verdade. O silêncio que muitas vezes escolho para tentar mostrar que tenho medo, não diz o que quero, e pior, diz coisas que não quero.
Parece-me que além de estarmos juntos na família, no amor, na vida, também estamos juntos no medo.
Tu podes aplacar os meus medos. Eu posso aplacar os teus medos.
É verdade. Pode fazer-se muitas vezes como a avestruz. Não se pode fazer sempre. Obrigada. Beijinhos
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