Hoje foi a primeira reunião de pais com o novo professor de Migalha Mais Velha.
Eu tenho uma imensa tendência para me abstrair e distrair nestas coisas.
Começo a reparar na roupa, ou mala, ou cabelo de uma mãe, depois salto para o pai com ar super-totó, depois observo uma mãe mão-na-anca sempre a reclamar, apesar de ouvir muito mal o que diz. Ai que é a comida do refeitório, ai que as auxiliares são poucas, ai que as casas de banho estão sujas, ai, ai, ai.
De quando a quando faço um esforço para me concentrar, especialmente quando uma daquelas pessoas resolve fazer uma alongada exposição sobre tudo o que leu nos livros e que sabia, ah se sabia, que ainda um dia lhe iria servir para qualquer coisa.
O professor queixou-se. Que os meninos falam muito. Que falam uns por cima dos outros. Que se distraem com o afia-lápis. Que não sabem ouvir. E pediu a ajuda dos pais.
Ora bem, esta parte eu ouvi, e discordei em silêncio, (talvez tenha feito uma careta e tenha revirado os olhos).
Das duas uma: ou o problema é do grupo todo, e cabe ao professor impor regras, respeito, e saber controlar a turma (afinal, têm 7 anos, não irão estar sempre calados); ou o problema está concentrado em meia dúzia de meninos mal comportados, e nesse caso, fala individualmente com cada um dos paizinhos desses meninos e não vem fazer "apelos" numa reunião de pais.
E por essa razão, a menos que me diga que a minha Migalha é um elemento destabilizador, eu não a vou tratar como se fosse (até porque sei que Migalha-Super-Perfeita se porta bem).
Depois falou de um quadro com umas bolas verdes, amarelas e vermelhas, tipo semáforo, sendo que os alunos que se portam bem, fazem os trabalhos, chegam a horas, não falam alto, etc, etc, etc terão um monte de bolas verdes, e os insubordinados, um monte de bolas vermelhas. E frisou, que o objectivo não é "marcar" os piores, mas obrigá-los a esforçarem-se para colocarem bolas verdes.
E eu lembrei-me, que há trinta anos, a minha professora da primária tinha uns lacinhos feitos de fita de cetim, também vermelhos, amarelos e verdes, que se prendiam às camisolas com um pequeno alfinete d'ama. E lembro-me que eu, exibia de Outubro a Junho um lacinho verde, e havia meninos que exibiam no mesmo intervalo de tempo, um lacinho vermelho.
Os burros. Os preguiçosos. Os calões. Os das reguadas dia sim dia não.
O objectivo era o mesmo. Os meninos do lacinho vermelho deveriam esforçar-se para alcançar o amarelo ou o verde. Mas a verdade é que nem sempre as capacidades individuais de cada um ajudavam. E nem todos possuíam a competência de se auto-motivar, especialmente com um laço vermelho ao peito.
E pergunto-me, se este sistema de bolas é muito diferente, e se não irão existir crianças que nunca conseguirão melhorar mesmo que se esforcem.
E pergunto, se verem a linha em frente do seu nome a encher-se de bolas vermelhas, as vai ajudar em alguma coisa.
Mas isso sou eu, que não percebo absolutamente nada de pedagogia.
Sou apenas mãe.
E tens toda a razão!
ResponderEliminarComeça bem esse professor, catalogando os meninos; não, não os vai deixar nada marcados!
E umas orelhas de burro ele não quer?
É um bocado isso, não é?
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