Um dos dois para me ajudar a suportar ou esquecer a merda de dia que tive.
Depois de um fim de semana para lá de maravilhoso, começo o dia com um telefonema da minha mãe.
Resumindo: parece que ao fim de 42 anos de casamento o meu pai lhe disse que ela estava insuportável, intratável, intragável, que não a aguentava mais, que fizesse as malas e se fosse embora.
Ah! E que tinha deixado um bilhete a avisar que tinha ido com a minha avó para o hospital. Uma luta pela posse de uma almofada com outra velhota do lar, acabou num empurrão seguido de uma queda e uma pancada com a cabeça. Chique, não? A minha avó, de 91 anos, numa cena de pugilato com outra velha, por causa de uma almofada.
Bom, voltando à separação iminente....eu, que sempre fui da facção mãe, há muito que digo que não a reconheço. E o meu pai tem razão. Só um santo para a aturar. Tornou-se a pessoa mais irritada e implicativa de que há memória.
Ligo ao meu pai para saber da minha avó, e recebo um homem à beira de um ataque de nervos: "vocês falem com ela, que eu não aguento mais"
Agora cabe a mim e ao meu irmão convence-la, que este cocktail menopausa/morte da mãe/reforma, a deixou completamente marada daquela cabeça, e que é preciso de uma vez por todas arranjar ajuda como deve ser, que isto sozinha não vai lá, que os psicólogos não são para os maluquinhos, e que às vezes a cabeça dá nós que não é qualquer um que desata.
É que já deu cabo do homem, que a única coisa que pede é sopas e descanso, e que não só permanece igual a ele próprio, como eu diria que está mais calmo e tranquilo que nunca.
Só me faltava esta.
Para grandes males, grandes remédios: vinho (tinto) e chocolate (85%)!
ResponderEliminarSegui o teu conselho. Obrigada.
EliminarOlhe Xaxia, ainda não sei como é que o meu pai ainda não fez o mesmo. Eu já disse à minha mãe que ela só não é uma mulher divorciada (um escândalo, claro) porque o homem é de uma geração em que isso não é, nem nunca foi, hipótese se não, ele próprio, já tinha feito as malinhas. Desejo-lhe muita sorte e paciência. Enfim... muita paciência e tudo passa.
ResponderEliminarTambém pensava que jamais essa hipótese estaria em cima da mesa por ali, e como não me apercebi que era tudo tão frágil...Enfim...
EliminarLamento a queda, mas lembrei-me de uma história que aconteceu na Residência onde vive a minha Avó.
ResponderEliminarApós um desentendimento, um colega de quarto vingou-se do outro atirando a dentadura para a sanita....Uma pessoa tem de poupar para a velhice e tratar de colocar implantes que isto de placas deixa uma pessoa muito vulnerável...
:DDDD
EliminarTenho para mim que os velhotes nos lares ou residências, sofrem do síndrome Casa dos Segredos...24 sobre 24 horas.
Coitados.
Vinho e chocolate.
ResponderEliminarFoi o que fiz. Talvez repita hoje.
ResponderEliminarAconteceu o mesmo aos meus pais quando a minha mãe se reformou. Ela sempre foi super ativa e trabalhou até aos 68 anos, só deixou de trabalhar porque foi quase obrigada. Já não aguentava o ritmo de trabalho, por muito que dissesse que sim. A partir do primeiro dia em que ficou em casa... o inferno para o meu pai que já estava reformado há algum tempo e passava os dias alegremente no seu sofá a fazer Sudoku. O homem mais pacífico e calmo do mundo, que chegou ao extremo de me dizer praticamente o mesmo que o seu lhe disse... "tu fala com a tua mãe, senão eu peço o divórcio". Fiquei em choque, quase 50 anos de casados. Foi precisa uma intervenção, com os meus irmãos e cunhadas para ela se aperceber que não estava bem. As coisas melhoraram, mas de vez em quando o meu pai ainda me conta os últimos filmes...
ResponderEliminarE o meu coração dói, porque sendo a única menina, sempre fui mais pai...
Coragem! E já agora, vinho e chocolate;)
Conceição