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sábado, março 28, 2015

Porque não faço férias na neve

Na minha casa não se faziam férias de neve. Aliás, a prática desportiva do meu pai estava confinada a uns jogos de futebol num descampado lá perto de casa, e à pesca. Já à minha mãe, nunca lhe conheci qualquer aptidão desportiva até aos sessenta anos, altura em que se começou a empenhar para ser campeã de caminhada no jardim do bairro.
Adiante.
Foi depois de adultos, que tanto eu como o meu irmão, tivemos o primeiro contacto com os desportos de Inverno.
Ele, habituado ao surf, meteu uma prancha de snowboard nos pés e ao fim de pouco tempo estava como peixe na água. Já eu, mostrei desde o primeiro dia uma inaptidão gritante para a prática do esqui.
Verdade se diga nunca me empenhei verdadeiramente. Lembro-me de passar as aulas a rir como se fosse uma criancinha mal comportada, de prolongar as pausas em todo e qualquer posto de montanha com pelo menos uma máquina de café e uma cadeira, de dizer ao resto do grupo para "ir andando".
Até tenho algumas boas recordações destas férias. Adoro a imensidão do branco, o silêncio da montanha, os risos e gritos abafados pela neve. Adoro os restaurantes confortáveis e acessíveis só por pistas, aqueles pratos de consolo para corpos gelados, as pausas para as bebidas quentes, e talvez a melhor recordação de todas, desapertar as botas.
E esta última, leva-me ao que realmente me marcou nas cinco ou seis vezes que fiz férias de neve, e que nem as melhores recordações apagam.  Botas desconfortáveis, dores horríveis nas pernas, carregar esquis para trás e para a frente, cair nos "puxa rabos" e ter que subir encosta acima fora de pista com neve até aos joelhos, não conseguir sair das cadeirinhas rapidamente a deslizar airosa, ter o rabo molhado, as luvas molhadas, cair, cair muito, e ter medo, muito medo, porque é inclinada, porque é estreita, porque tem gelo, porque tem pedaços sem neve, não consigo, ai ai ai, já me doem as pernas de tanta cunha, vou juntar só um bocadinho para aliviar os músculos, e vou mas é a direito que é mais rápido, lá vai ela, atira-te para o chão que te vais esbardalhar toda naquela mulher, ai ai ai! catrapum, "pardon, pardon pardon", onde foram parar os esquis, e os batons, grande merda, aproveitar que estou aqui espalhada ao comprido para desapertar um bocadinho as botas, "vão andando, vão andando".



15 comentários:

  1. ahahahaha este relato podia ser meu, ahahahahaha

    Bjos

    Maggie

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  2. Ahahahahahahahah "o que me ri com isto" :DDDD

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  3. Grande piada para a Picante.
    Ahahahahahahahahah
    Toma e embrulha!!! Ahahahahahah!!!

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  4. E as canelas negras durante uma semana, Xaxia.

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  5. Pipocante Irrelevante Delirantesábado, 28 março, 2015

    Neve é prós pinguins e ursos. Polares.

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    1. Mais piadas para a Picante, e agora a dobrar. ahahahahahah!
      Está bem aviada a rapariga. Com amigos destes quem é que precisa de inimigos.
      E depois a má é a Sara. ahahahahahahahah!

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    2. Tanta perspicácia! Até estou impressionada. Uma coisa tão subtil, e o anónimo desmascarou-me. Não há direito.

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  6. Sou tão saloia ao ponto de nunca ter ido para a neve, a não ser uma única vez (enganada) que fui à nossa serra e jurava que me caíam as orelhas. Fiz bodyboard um horror de tempo, no mar quente da minha Lagoa, até vender a prancha para comprar umas plataformas na Gardénia para ir dançar para o Kremlin. Surf usei três ou quatro vezes na roupa e desisti. Vai daí que continuo saloia, sem nunca ter tido necessidade de desapertar botas para me sentir melhor. Mas metaforicamente falando, já tive botas bem mais difíceis de descalçar do que essas da neve, e algumas ainda me apertam mais que o frio da montanha! Sobre férias, podia falar-te de Sesimbra e da Bolina mas talvez não tivesse tanta piada. Bem vida xaxinha. Já te notava a falta. Pensei que tinhas ido para a neve.

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  7. Querida Xaxia,
    Não é preciso esquiar para "fazer férias na neve". Tive uma aula (1ª e única) na vez (1ª e única) em que me equipei com aquela parafernália toda. Não precisei de cair para confirmar que aquilo não me dava gozo nenhum. De tal maneira que dispensei a instrutora mais cedo e não tornei ao esqui. Já à neve, retorno com prazer.
    O seu último parágrafo é hilariante.
    Um beijo,
    Outro Ente.

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  8. Eu fui uma vez. A viagem foi uma tortura, de 1200 km. No primeiro dia, ainda via a estrada a deslizar debaixo dos olhos. Detestei as botas, os bâtons, ter que carregar com os meus skis e mais 2 pares (6 skis ao todo + 6 bâtons), porque os miúdos ainda eram todos pequenos e eu carregava o material de 2 e ele de outros 2. É que nem o branco da neve (que, na verdade, é uma lama suja junto aos passeios) me convenceu. Fui às aulas 2 dias, o resto do tempo passei-o na esplanada, a apanhar sol, a tiritar de frio, a beber chocolate quente com os après ski calçados, e a sonhar com a praia. Nunca mais! (Antes Carcavelos em Julho :D)

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  9. ahahahahahhahaah
    Xaxia, isto lembrou-me a minha primeira ida à neve, que maravilha.

    (Hoje em dia há botas bastante confortáveis, com baterias de aquecimento e tudo e tudo. As minhas são bastante duras, que são de competição, continuam a deixar-me as canelas negras, mas eu acho que vale a pena)

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  10. Só ando de trenó e faço uns bonecos de neve. Divirto-me a potes.

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