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terça-feira, setembro 16, 2014

Continuaremos na Escola Pública


Quarenta e oito horas a fazer contas.
Mensalidade e refeitório e uniformes e matrículas.
Quarenta e oito horas para confirmar que não consigo mesmo tirar as minhas filhas da escola para as colocar num colégio, a menos que me esqueça o cinema aos fins de semana, os concertos da Violetta, os restaurantes, pelo menos dois períodos de férias fora, a viagem à EuroDisney. Também me podia esquecer da minha Célia, mas isso seria basicamente o mesmo que me esquecer de mim.
Nunca lamento não nadar em dinheiro. Tivesse menos um filho e não precisava de fazer contas. Excepção apenas para estas fases em que sou obrigada a assistir nada impávida e ainda menos serena, ao abandalhamento daquilo que deveria ser o foco delas nos próximos 15 ou 16 anos: o Ensino.
E portanto resta-me a resignação, já que todas as batalhas que travei com a escola desde o primeiro ano de Migalha Crescida foram em vão, e não ganhei uma única.
Nem quando retiraram uma professora que já tinha iniciado o trabalho alegando erro no concurso.
Nem quando não permitiram a continuidade pedagógica à professora que ficou colocada no mesmo agrupamento.
Nem quando colocaram um professor de sessenta anos há oito anos afastado do ensino.
Nem quando mostrei provas e evidencias que o mesmo professor não só não conseguia ensinar como ainda dava erros ortográficos de arrepiar ("saiem", vinha escrito na caderneta).
Nem quando pedi uma professora do quadro para os últimos dois anos na esperança de recuperar o segundo ano quase perdido.
Nem quando pedi para mudar Migalha do Meio de turma por estar também com um professor contratado.
Nem quando lhes perguntei onde estava escrito que os pais podiam escrever cartinhas a escolher os professores que queriam para os filhos, enchendo as poucas turmas atribuídas aos professores do quadro e deixando "os restos" para os outros.
Já não vou travar a batalha de perguntar como têm o descaramento de responder à solicitação de uma professora do quadro para recuperar as lacunas da turma, com uma professora contratada em licença de amamentação,que só dá aulas até à hora de almoço.
Desisto.
Estão demasiado bem organizadas.

22 comentários:

  1. Até fico enjoada com a realidade das escolas deste país.

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    1. Eu também fico coisas em "ada": danada, enganada, abananada, frustrada, resignada e inconformada.

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  2. Também tenho ouvido relatos desses, mas pensei que se verificassem naquelas escolas de zonas onde "o Judas perdeu as botas", "onde o vento faz a curva". É mau, muito mau, que os miúdos de zonas mas distantes dos grandes centros urbanos tenham mais essa desvantagem. Pelo que vejo, estão em pé de igualdade. Infelizmente pelas piores razões, porque a bitola é baixa em qualquer lugar.
    Queria dizer-te que melhores dias virão, que vais encontrar uma escola com um quadro estável e competente, mas não faço ideia se isso é possível.

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  3. É essa a ideia que tenho da escola pública, felizmente não por experiência própria, mas pelo que vou ouvindo aqui e ali. Por isso, e obviamente porque por enquanto é possível, faço questão da escola privada e de investir (e muito) na educação.
    Desejo toda a sorte para os migalhas. Espero que essa situação melhore, porque realmente é vergonhoso aquilo que pagamos de impostos e o estado em que estão as áreas fundamentais do nosso país - saúde e ensino...

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    1. Gostava de ter um testemunho diferente, de incentivo para que todos usufruam daquilo que afinal pagam com os seus impostos, que é o ensino gratuito, mas tenho a forte, e cada vez mais inabalável convicção, que em havendo possibilidade de escolher, que se escolha o melhor.

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  4. Mini Lulu andou na escola pública no 1º ciclo. Tivemos sorte, muita sorte, quis o destino que tivesse uma Professora do quadro, excelente a todos os níveis cujo máximo interesse eram as crianças. Em 4 anos faltou um dia. Com a enorme qualidade de se manter à parte desses jogos, que existiam e tanto quanto sei continuam a existir. Revota-me profundamente esse tipo de situações. No segundo ciclo foi para um colégio privado onde se manterá até terminar o secundário pura e simplesmente porque depois do que vimos no 1º ciclo já não quisemos arriscar mais.

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    1. Continuam a existir "casos de sucesso". Na escola das minhas filhas também há. Bons professores, que começam com os meninos no primeiro ano e acompanham até ao quarto, tudo certinho e direitinho. O que me revolve as entranhas é a escola colocar crianças a pedido dos pais com esses mesmo professores, sem que seja perguntado a TODOS os pais se há preferencia por algum professor. Eu desconhecia que isso se podia fazer, e afinal é prática corrente. Quando fazem as turmas, fazem-no a pedido, quando deveria ser uma coisa completamente aleatória, obedecendo apenas aos critérios "normais", como o equilibrio entre os géneros e o mês de nascimento. Ou seja, basicamente a minha experiencia com o ensino publico não é um sucesso, porque não andei a mexer cordelinhos nas secretarias. E isso, do meu ponto de vista, é inaceitável.

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    2. Concordo em absoluto contigo.

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  5. Por enquanto só tenho um filho, com alguns pequenos sacrifícios lá está ele num colégio. Podia ter uma vida mais folgada se ele estivesse no público? Sem dúvida, mas relatos como o teu, que são iguais a tantos outros que oiço, fazem-me pensar que afinal os pequenos sacrifícios valem a pena. Já pensei ter um 2.º filho, já esteve até para acontecer, mas depois penso que não estou preparada para tirar este do colégio porque para 2 já não dá.

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    1. No meu caso não trocava ter três filhos por mante-los num colégio, mas entendo perfeitamente, mas perfeitamente, quem o faça.

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    2. Claro que este é só um dos pesos na balança, outros mais importantes existem, mas sim é um facto que está lá.

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  6. Deste post depreendo duas coisas: a) os professores contratados são o horror dos horrores e b) a xaxia acha que manda. A Educação está completamente degradada, não há condições nas escolas, o sistema de colocações é tremendamente injusto, mas birras de mamãs que concentram um problema nacional nas turminhas dos seus filhotes é absolutamente lamentável.

    Rita.

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    1. Lamentável é que as pessoas achem que não nos podemos queixar daquilo que conhecemos. Se a Xaxia tem um problema em concreto, na escola dos filhos, ia falar de quê? Da escola de Sta. Maria do assobio? Chamar a estas queixas birras é completamente despropositado e ridículo, devemos começar por combater aquilo que está perto de nós e aquilo que conhecemos. Se toda a gente o fizesse de igual modo se calhar obtinham-se melhores resultados. Se as pessoas parassem também de desvalorizar os problemas dos outros só porque não são os nossos também seria proveitoso.

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    2. Rita, está enganada. Não acho que os professores contratados sejam um horror, antes pelo contrário. O problema é só ficarem um ano o que não permite a continuidade pedagógica, que veja lá, até parece que é o desejável. Em segundo lugar, o que se passa na construção de turmas e atribuição de professores é aquilo que se chamava de "cunha", hoje deve ter outro nome, pelo menos ali naquela escola, e sim, falo dos meus problemas, é para isso que tenho um blog.

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  7. Como filha e esposa de professores, conheço bem a realidade da escola pública. E como tal, a minha filha anda numa escola pública, pasme-se. Se calhar devia mesmo mudar para uma privada porque o meu marido, professor contratado, está no desemprego e assim castigava a escola pública dando alunos à privada. Ah, mas pelos vistos merece, porque só os professores bons é que vão para o quadro das escolas. Ou então se calhar escolas e professores estão de mãos atadas porque o mesmo Ministério que paga tudo isto e que precisa de poupar dinheiro manda as escolas fazer uma data de coisas contra a lei (como atrasar colocações só para poupar por exemplo o ordenado do mês de setembro ou para no entretanto a baixa que o professor de quadro meteu acabar e já não ser preciso ninguém para dar aulas aos tristes que ficaram um mês sem professor). Lamento, mas a solução não passa por debandar para colégios privados. A solução passa por todos se unirem e agirem contra quem manda, o Ministério.

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    1. Achar que a escolha de colocar um filho no privado é castigar a escola pública parece-me um tanto ou quanto redutor não?

      Em lado nenhum vi ninguém a criticar o professor, mas sim a escola, mas como sempre, quando se fala no estado da educação os professores sentem-se atacados, já esta afirmação "já não ser preciso ninguém para dar aulas aos tristes que ficaram um mês sem professor" revela muito da consideração que se tem pelos outros.

      E não, o ministério não está sozinho, algumas escolas também têm culpa no cartório mas é sempre mais fácil descartar a culpa para o bicho papão. Eu como mãe tenho que me queixar à e na escola, é lá que deixo os meus filhos, são eles a face visível do ministério, no entanto são poucos, ou quase nenhuns, os relatos de escolas que vão contra o ministério.... porque será.....

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    2. Olhe Sandra, isso é muito bonito, mas tenho que tentar resolver o problema das minhas filhas. É combater o Ministério é o que faço, ou a escola não faz parte do Ministério?

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  8. Há de tudo em todo o lado Xaxia. A "vantagem" do privado é que se X não é bom passa-se a Y mas não duvide que também há péssimos professores em colégios. Tive um ex-namorado que andava num colégio privado e comparando as minhas aulas às dele eu ia/fui bem mais preparada para o exame nacional de Biologia e Geologia do que ele (e ele não era baldas) e chegou ao ponto dele ter explicações privadas com um dos meus professores.

    E por isso é que lhe ia sugerir:
    - porque não tentar mudar as suas filhas de escola? Talvez tenha que se deslocar mas pode encontrar uma boa escola e ter custos baixos.
    (eu fiz isso com o meu filho quando entrou para a pré e volvidos 3 anos não me arrependo nada - a nível pedagógico e educativo a educadora dele é fantástica)

    - (ou então, se achar que elas necessitam doutro apoio) poderia tentar colocá-las em explicações (custa menos que um colégio). Eu tive uma professora no secundário que lia o manual de mate mática A (LIA!) e para ela isso era dar matemática. Ou seja, acabamos todos - a turma em peso - a optar por explicações e a minha explicadora (que era excelente e também dava aulas numa outra pública) e o que ela fez foi dar-nos a matéria como o fazia para os alunos dela. Ela não se baseava no que tínhamos dado, ela dava-nos as aulas como deveríamos tê-las e ajudou imenso pois passamos a ter um fio condutor da matéria.

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    1. *matemática A (não sei porque apareceu separado)

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  9. Na minha família, o ano passado a criança passou para a pública, e n´~ao estava minimamente preparada!!! Imensa matéria não tinha sido dada!!!

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