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terça-feira, agosto 06, 2013

Eu também sei falar da amamentação

Tenho três filhos.
Amamentei ao peito a primeira Migalha durante um mês e picos, sempre com o leitinho da lata a fazer as honras da casa. A hora de dar de mamar estava longe do sonho prometido, a miúda chorava com fome, eu chorava com os nervos, e acabava invariavelmente na cozinha a aquecer a água para o biberão. A culpa de não conseguir fazer da hora da mamada um momento cor de rosa, consumia-me. O drama amamentação foi de tal forma, que a pediatra acabou por relativizar a importância do leite materno, o que me fez partir para a alimentação leite em pó em exclusivo.
Da segunda Migalha pensei, ai desta é que vai ser, o melhor é não ceder à tentação, isto vai custar ao princípio, mas vai lá.
E foi, durante três longas e penosas semanas. A gaiata comia muito, era Verão, eu queria ir à praia sem discos de algodão dentro do fato de banho, e foi quase livre de pesos na consciência que parei de amamentar.
No terceiro, tudo foi diferente. Era uma questão de honra, caraças! Toda a gente dá de mamar, as ciganas andam no supermercado com os putos agarrados à mama, há quem dê de mamar aos filhos até irem para a faculdade, qual era o meu problema? Diz que até há quem dê de mamar ao mais velho e ao recém nascido ao mesmo tempo.
E fui persistente. E quando ao terceiro dia aquilo começou a correr mal, meti Migalha no carro, cheguei ao Centro de Saúde e perguntei se havia alguém que me pudesse ajudar com a amamentação.
E havia.
Uma enfermeira amorosa, que se dedicava ao assunto, que me ensinou truques preciosos, mas que sobretudo, me disse que como era óbvio, eu conseguiria dar de mamar.
E dei. Durante os seis meses a que me tinha proposto. Tinha uma bomba porreira, tirava leite e congelava, mandava Migalha para a escola com o meu próprio leite, uma orgulhosa detentora de duas mamas de produção bastante razoável.
Agora perguntem-me, que diferença encontro entre as filhas alimentadas a leite de lata e o filho alimentado a leite materno? 
E eu respondo: nenhuma.
Migalha mais velha tem sido super saudável, tomou antibiótico uma única vez na vida e já tem sete anos. Os mais novos, são muito parecidos, calhando-lhes de quando em vez uma otite, e de vez em quando umas viroses.
 E digo-vos, irritam-me as fundamentalistas da amamentação. Irrita-me a forma como querem que as mães que não amamentam se culpabilizem. Irrita-me a forma como querem vender às outras mães, que se não amamentarem, são uma espécie de mães de segunda, calonas e negligentes.
A culpa que se pode instalar é de tal forma, que uma amiga muito próxima que teve o filho mais novo a morrer com uma meningite, (daquelas que levam delegados de saúde a nossa casa e dão nos telejornais), chorou baba e ranho a perguntar aos médicos se tudo aquilo teria sido evitado se tivesse dado de mamar.
E isso, é que eu acho que é perfeitamente evitável.

11 comentários:

  1. Não tenho filhos mas as (e os) fundamentalistas irritam-me sobremaneira. Seja o assunto amamentação ou outro qualquer. Eu chamo-lhes EU CÁS. Eu cá isto, eu cá aquilo, pessoas sempre cheias de opiniões.

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    1. Todos somos um bocadinho eu cá (eu sou tambem), mas uma coisa é o creme dos pés, outra questões delicadas como esta.

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  2. Bem, com o meu filho foi difícil... Tirava de bomba e complementava com artificial... Passava às meias horas agarrada à porcaria da máquina, mas ainda deu para lhe dar algum até aos 3 meses, mais ou menos. Fico contente em saber que tu conseguiste com os seguintes... Deu-me ânimo para tentar novamente com o segundo que vem a caminho. :) Quanto aos fundamentalismos... Bem, tenta-se ser superior a isso mas quando se anda com as hormonas descontroladas fica difícil não ligar...

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    1. Acho que a nossa sanidade mental é o mais importante. Se conseguirmos sem stress, óptimo. Se é para ser uma fonte de angustias e ansiedades...tenho duvidas...

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    2. Estou certa que com este vai ser mais fácil, precisamente por já ter passado por isso. O meu stress todo da altura foi mais motivado por não estar à espera... Na minha ingenuidade "comprei" a ideia de que a opção era minha e sempre achei que seria "trigo limpo farinha amparo"... Punha a criança ao peito, aquilo jorrava leite, ele ficava gordinho e eu emagrecia mais rápido... Só vantagens! Não foi assim... Ele ao contrário de todas as expectativas era pequeníssimo (umas pernas finíssimas) e adormecia-me ao peito. Não o conseguia ter acordado... Por isso... Para este já estou de sobreaviso! Certamente será mais fácil e o meu filho mais velho é super resistente (ao contrário de familiares e amigos que foram amamentados com leite materno) pelo que já percebi que não é assim tão determinante...

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    3. O que notei é que se passar a barreira dos 2 meses, aquilo torna-se mais fácil. Beijinhos

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    4. Ok, esperemos então que este me saia gordinho (eu cá vou fazendo a minha parte e alimentadinho com sustento lá isso está a ser :D) para se poder insistir com a mama durante algum tempo... Beijinhos

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  3. Acho que estão a fazer do acto natural de amamentar algo exagerado, eu amamentei a 1ª atê aos 3 anos, qd ela decidiu deixar a mama, no hospital mal nasceu cruzei-me com uma enfermeira tal e qual como comentas que me ajudou bastante, ainda pra mais não tenho mamilos, da segunda que engtavidei mal parei a amamentação pois não ovulei qd amamentei, foi mais facil e deixei a natureza e a minha disponibilidade de mãe a tempo inteiro atuarem e nem msm qd tive uma mastite tinha ela 2 anos e nas urgencias levei nas orelhas de um médico me afetou e a natureza quis que ela deixa-se tb aos 3 anos, foram momentos tão gratificantes mas só possiveis pela forma natural que edeixei acontecer. No entanto a 1ª sempre saudavel e grande a 2ª tb grande mas magrinha e sempre doente, ouvidos e garganta e eczima só agora com 10 anos e com a mudança da idade anda mais resistente, no entanto sofreu com carie do biberon qd nunca bebeu por biberon tal como a irmã até aos 6 meses foram amamentad exclusivamente e sempre acima do percentil, depois só aos 12 meses é que provaram outro tipo de leite o de vaca do dia, nunca fui destas modernices. Se fiz o melhor, acho que sim e tenho mtas saudades, para mim estive sempre na linha. 50kg e mal nasceram recuperei logo o peso, e o que se poupa em trabalho......nunca fiz um biberon, nem de água aos 6 meses já bebiam no copo antes disso não gostavam de água :-)

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    1. É um acto natural, mas que nem sempre corte bem. Acho que se é para deixar a mãe com os cabelos em pé em vez de aproveitar o seu bebé, não faz muito sentido. Das minhas primeiras, eu ficava num estado de ansiedade enorme quando dava de mamar.

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  4. Eu cá sempre pensei em não amamentar, até ao dia em que entrei no Hospital para o ter. Uma enfermeira deu-me a volta de tal maneira que me vi praticamente obrigada a experimentar (se não experimentasse seria um bicho raro ou uma calona como dizes).
    Não deu certo. O miúdo era pequeno,não sugava bem e chorava desalmado com fome. Ao 4ºdia, desisti até da bomba porque não saia quase leite nenhum.

    Se fiquei com pena? Não. Eu não devia era ter-me deixado levar pela enfermeira...

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    1. Pois, quando vem dos profissionais de saúde então, ainda aumenta mais a pressão!

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