Tenho três filhos.
Amamentei ao peito a primeira Migalha durante um mês e picos, sempre com o leitinho da lata a fazer as honras da casa. A hora de dar de mamar estava longe do sonho prometido, a miúda chorava com fome, eu chorava com os nervos, e acabava invariavelmente na cozinha a aquecer a água para o biberão. A culpa de não conseguir fazer da hora da mamada um momento cor de rosa, consumia-me. O drama amamentação foi de tal forma, que a pediatra acabou por relativizar a importância do leite materno, o que me fez partir para a alimentação leite em pó em exclusivo.
Da segunda Migalha pensei, ai desta é que vai ser, o melhor é não ceder à tentação, isto vai custar ao princípio, mas vai lá.
E foi, durante três longas e penosas semanas. A gaiata comia muito, era Verão, eu queria ir à praia sem discos de algodão dentro do fato de banho, e foi quase livre de pesos na consciência que parei de amamentar.
No terceiro, tudo foi diferente. Era uma questão de honra, caraças! Toda a gente dá de mamar, as ciganas andam no supermercado com os putos agarrados à mama, há quem dê de mamar aos filhos até irem para a faculdade, qual era o meu problema? Diz que até há quem dê de mamar ao mais velho e ao recém nascido ao mesmo tempo.
E fui persistente. E quando ao terceiro dia aquilo começou a correr mal, meti Migalha no carro, cheguei ao Centro de Saúde e perguntei se havia alguém que me pudesse ajudar com a amamentação.
E havia.
Uma enfermeira amorosa, que se dedicava ao assunto, que me ensinou truques preciosos, mas que sobretudo, me disse que como era óbvio, eu conseguiria dar de mamar.
E dei. Durante os seis meses a que me tinha proposto. Tinha uma bomba porreira, tirava leite e congelava, mandava Migalha para a escola com o meu próprio leite, uma orgulhosa detentora de duas mamas de produção bastante razoável.
Agora perguntem-me, que diferença encontro entre as filhas alimentadas a leite de lata e o filho alimentado a leite materno?
E eu respondo: nenhuma.
Migalha mais velha tem sido super saudável, tomou antibiótico uma única vez na vida e já tem sete anos. Os mais novos, são muito parecidos, calhando-lhes de quando em vez uma otite, e de vez em quando umas viroses.
E digo-vos, irritam-me as fundamentalistas da amamentação. Irrita-me a forma como querem que as mães que não amamentam se culpabilizem. Irrita-me a forma como querem vender às outras mães, que se não amamentarem, são uma espécie de mães de segunda, calonas e negligentes.
A culpa que se pode instalar é de tal forma, que uma amiga muito próxima que teve o filho mais novo a morrer com uma meningite, (daquelas que levam delegados de saúde a nossa casa e dão nos telejornais), chorou baba e ranho a perguntar aos médicos se tudo aquilo teria sido evitado se tivesse dado de mamar.
E isso, é que eu acho que é perfeitamente evitável.
Não tenho filhos mas as (e os) fundamentalistas irritam-me sobremaneira. Seja o assunto amamentação ou outro qualquer. Eu chamo-lhes EU CÁS. Eu cá isto, eu cá aquilo, pessoas sempre cheias de opiniões.
ResponderEliminarTodos somos um bocadinho eu cá (eu sou tambem), mas uma coisa é o creme dos pés, outra questões delicadas como esta.
EliminarBem, com o meu filho foi difícil... Tirava de bomba e complementava com artificial... Passava às meias horas agarrada à porcaria da máquina, mas ainda deu para lhe dar algum até aos 3 meses, mais ou menos. Fico contente em saber que tu conseguiste com os seguintes... Deu-me ânimo para tentar novamente com o segundo que vem a caminho. :) Quanto aos fundamentalismos... Bem, tenta-se ser superior a isso mas quando se anda com as hormonas descontroladas fica difícil não ligar...
ResponderEliminarAcho que a nossa sanidade mental é o mais importante. Se conseguirmos sem stress, óptimo. Se é para ser uma fonte de angustias e ansiedades...tenho duvidas...
EliminarEstou certa que com este vai ser mais fácil, precisamente por já ter passado por isso. O meu stress todo da altura foi mais motivado por não estar à espera... Na minha ingenuidade "comprei" a ideia de que a opção era minha e sempre achei que seria "trigo limpo farinha amparo"... Punha a criança ao peito, aquilo jorrava leite, ele ficava gordinho e eu emagrecia mais rápido... Só vantagens! Não foi assim... Ele ao contrário de todas as expectativas era pequeníssimo (umas pernas finíssimas) e adormecia-me ao peito. Não o conseguia ter acordado... Por isso... Para este já estou de sobreaviso! Certamente será mais fácil e o meu filho mais velho é super resistente (ao contrário de familiares e amigos que foram amamentados com leite materno) pelo que já percebi que não é assim tão determinante...
EliminarO que notei é que se passar a barreira dos 2 meses, aquilo torna-se mais fácil. Beijinhos
EliminarOk, esperemos então que este me saia gordinho (eu cá vou fazendo a minha parte e alimentadinho com sustento lá isso está a ser :D) para se poder insistir com a mama durante algum tempo... Beijinhos
EliminarAcho que estão a fazer do acto natural de amamentar algo exagerado, eu amamentei a 1ª atê aos 3 anos, qd ela decidiu deixar a mama, no hospital mal nasceu cruzei-me com uma enfermeira tal e qual como comentas que me ajudou bastante, ainda pra mais não tenho mamilos, da segunda que engtavidei mal parei a amamentação pois não ovulei qd amamentei, foi mais facil e deixei a natureza e a minha disponibilidade de mãe a tempo inteiro atuarem e nem msm qd tive uma mastite tinha ela 2 anos e nas urgencias levei nas orelhas de um médico me afetou e a natureza quis que ela deixa-se tb aos 3 anos, foram momentos tão gratificantes mas só possiveis pela forma natural que edeixei acontecer. No entanto a 1ª sempre saudavel e grande a 2ª tb grande mas magrinha e sempre doente, ouvidos e garganta e eczima só agora com 10 anos e com a mudança da idade anda mais resistente, no entanto sofreu com carie do biberon qd nunca bebeu por biberon tal como a irmã até aos 6 meses foram amamentad exclusivamente e sempre acima do percentil, depois só aos 12 meses é que provaram outro tipo de leite o de vaca do dia, nunca fui destas modernices. Se fiz o melhor, acho que sim e tenho mtas saudades, para mim estive sempre na linha. 50kg e mal nasceram recuperei logo o peso, e o que se poupa em trabalho......nunca fiz um biberon, nem de água aos 6 meses já bebiam no copo antes disso não gostavam de água :-)
ResponderEliminarÉ um acto natural, mas que nem sempre corte bem. Acho que se é para deixar a mãe com os cabelos em pé em vez de aproveitar o seu bebé, não faz muito sentido. Das minhas primeiras, eu ficava num estado de ansiedade enorme quando dava de mamar.
EliminarEu cá sempre pensei em não amamentar, até ao dia em que entrei no Hospital para o ter. Uma enfermeira deu-me a volta de tal maneira que me vi praticamente obrigada a experimentar (se não experimentasse seria um bicho raro ou uma calona como dizes).
ResponderEliminarNão deu certo. O miúdo era pequeno,não sugava bem e chorava desalmado com fome. Ao 4ºdia, desisti até da bomba porque não saia quase leite nenhum.
Se fiquei com pena? Não. Eu não devia era ter-me deixado levar pela enfermeira...
Pois, quando vem dos profissionais de saúde então, ainda aumenta mais a pressão!
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