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quinta-feira, agosto 08, 2013

Coração pastilha elástica

Ter um filho doente é uma merda. Mesmo quando é só uma febre que baixa com Ben-u-ron e Brufen, mesmo que, continuem bem dispostos quando estão sem febre, ainda assim, é uma merda.
São as noites mal dormidas, põe o despertador para ver se a febre subiu, agora para daqui a uma hora a ver se desceu, acende a luz, apaga a luz, vai buscar água, faz as contas, quantas horas passaram, que xarope é desta vez.
E a preocupação que está lá sempre, há quanto tempo começou com febre, porque não faz intervalos maiores, porque não faz febres mais baixas, quando é que é o momento de ligar à médica, ou correr com ele para o hospital. E perscrutamos o corpo pequenino, à procura de manchas e pintas, e perguntamos onde é o dói-dói, e as variações pernas-costas-cabeça deixam-nos frustrados, e apertamos a barriga, e carregamos junto aos ouvidos, e junta o queixo ao peito, e não conseguimos perceber nada.
E depois os dias são passados com o coração tipo pastilha elástica, ora todo mascado e pequenino, ora a encher como um balão a cada telefonema que fazemos, e de onde retornam aparentes sinais de melhoras, depois a febre sobe e volta a ficar todo mascado e encolhido.
Sempre tive as minhas ansiedades. Mas nada, absolutamente nada, nem os relatos de outras mães, nem os filmes ou livros que li, nada, me tinha preparado para o que é isto da maternidade.
A verdade é que desde que fui mãe, nunca mais soube o que era estar completamente tranquila e descontraída, e não é pelo barulho, pelas correrias, pelas brincadeiras, pela trabalheira que dá.
É por esta cena do coração pastilha elástica, este encolhe a cada preocupação, a cada medo que me invade por tudo o que não controlo e que é tanto, e que depois estica  a cada alegria, a cada conquista, a cada elogio, e aí o torna-se num balão peganhento de tanto amor, cheio, cheio, de felicidade ou de alívio ou de orgulho.
Todas as mães sabem do que falo. As que estão a ler estas linhas e a pensar que não estão para isto, desenganem-se. Quando o coração fica em modo balão, esticadinho e cor de rosa,  compensa todos os outros momentos.
Tipo alegria incontrolável, amor infinito. 
Acreditem que vale mesmo a pena.






6 comentários:

  1. "As que estão a ler estas linhas e a pensar que não estão para isto"

    Acuso-me...

    As melhoras do pequeno!

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    1. Ah! Não sabes o que perdes! Frios na espinha e dores de estômago...:)

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  2. Taliqual!! :) E quando "inventamos" apertos? Às vezes esqueço-me de dar um beijo de despedida ao meu filho quando o deixo no infantário. Geralmente acontece porque fico à conversa com a educadora, ele vai à vida dele, eu despeço-me com um "Até logo!" à professora e mal me sento no carro... "Merda, não lhe dei um beijo." Bem... Passo o dia agoniada e só sossego quando o esborracho com um abraço ao fim da tarde. Já dizia o MEC no século passado, o amor é fon-fon-fon...

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  3. Ahahahahah
    Ui, também invento. O "e se" acaba comigo...

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