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sábado, abril 04, 2015

Mother issues

Depois de mais uma tentativa de impor a minha presença e de Migalhas por um período superior a vinte e quatro horas, concluo que a única forma de me dar relativamente bem com a minha mãe é não ter contactos nem frequentes nem longos. A distância garante que a nossa amizade parece maior e  traz graça às traquinices e tropelias dos meus filhos.
Vivermos na mesma casa, ainda que apenas por breves dias e em datas festivas, revela de forma demasiado óbvia que ou eu espero demais, ou de facto, ela está disposta a dar de menos.
Talvez o problema seja meu. Espero sempre que a qualquer momento se dê uma espécie de milagre, que o barulho, a agitação, as mudanças de planos de ultima hora, deixem de ser tão dramáticas e incómodas, que deixe de existir aquela espécie de tensão no ar (e nas minhas costas, e no meu sono), que tudo seja alegre e descontraído, mas talvez os meus pais, e a minha mãe em particular, não consigam de todo levar a vida e os dias com descontração e alegria. Talvez a missão deles nesta vida seja zelar para que nada perturbe aquela porra daquela rotina sensaborona em que vivem, que a caminhada se faz de manhã, que os sofás estão a salvo de sapatos, que não há barulho na hora da novela.
A mim, só me resta poupar-me e à minha família a esta espécie de tentativas de brincar aos avós, e rezar para que Deus permita que eu nunca fique assim.



15 comentários:

  1. Como a entendo... Mas a culpa, os remorsos, desgastam.

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    1. Não sinto culpa. Só uma enorme pena por ver que não se envolvem, que não querem saber, que não se dedicam.

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  2. Somos irmãs? ... Tão triste isso, como eu entendo!

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    1. Também podiam ser minhas irmãs... Eu cá já desisti. Não vale a pena insistir, a vida é tão curta; quero ocupar o meu tempo com quem me faz bem.

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    2. Estou a chegar exactamente a esse ponto. Aceitar que é assim e seguir a minha vida.

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  3. Eu também a entendo muito bem, mas é engraçado, não consigo sentir culpa, remorsos, saudade , nem sequer dó.
    Tanto se me dá que a "coisa" corra para a direita como para a esquerda. E sinto-me bem porque, não perco tempo.
    Um abraço Xaxia.

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    1. Por enquanto tenho um enorme desgosto, mas já perdi a esperança. Só me falta não perder mais tempo.

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  4. É desgastante, e depois termos o cuidado de estar sempre de olho nas crianças, não vão elas fazerem o que não devem (coisas normais na sua própria casa), uma canseira é o que é. A minha mãe é igual, um stress constante e stressa tudo e todos à sua volta. Sempre com a ideia que está "mortinha" que nos passemos a andar. Triste mas verdade.

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    1. Fico aliviada quando vejo que há muitas pessoas a partilhar este problema. A verdade é que à minha volta, entre amigos e família, vejo avós espectaculares, presentes, sempre mortinhos para estar com os netos.

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  5. Pois é, Xaxia...
    Já se percebeu que a senhora sua mãe, pessoa que a Xaxia já nos fez saber que é dada aos achaques "dos nervos", não se fica pelo primeiro dia da Primavera. Parece que os chiliques dela se vão intensificando época fora.
    Uma pena, é o que é...

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    1. É verdade, após a menopausa a minha começou a ter alguns "achaques". À semelhança aliás, da mãe dela, minha muito adorada avó, que viveu sempre triste sem saber porquê, e que não contente com aquela espécie de depressão permanente, teve um esgotamento que a atirou para um divã de psiquiatra. Ainda assim, era uma pessoa próxima, carinhosa, meiga, que fazia tudo por nós netos, e depois pelos bisnetos. Que adorava ter a família por perto, ainda que isso fosse bem desgastaste para ela. Por isso não me parece que os achaques de nervos, justifiquem a ausência da minha mãe enquanto avó. Aliás, digo e repito, que os "problemas de nervos" não justificam tudo nem servem de desculpa para o que dá jeito. De qualquer forma a minha mãe acha que está óptima, por isso, nem essa desculpa usa. Só não lhe apetece ter trabalho nem nada a interferir com a rotina dela, ao contrário da própria mãe que organizou toda a vida e todas as rotinas em função da família. Isto são feitios, não doenças.

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  6. Sempre foi assim? Porque tenho uma teoria acerca do envelhecimento em que os traços de caracter se acentuam e as rotinas se tornam quase manias. Os meus pais (já entradotes) apesar de serem activos e de tomarem todos os dias conta dos netos (meus sobrinhos), não são de mudar rotinas (caminhada, hora de jantar, etc.). Quem quiser que se encaixe :-) mas lá está, nunca foram pessoas de grande vida social e isso só se acentuou com a idade...

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  7. Xaxia, compreendo a mágoa e o desgaste, mas o problema será antigo e, acredito, muito mais profundo. Lembro-me de um post seu não tão antigo assim intitulado "A minha mãe está a Prozac".
    O que eu acho é que há uma incapacidade inata em nós em lidar com estas situações. Como se costuma dizer, nunca estamos preparados. Nos avós, a quem desde sempre entendemos por pessoas idosas, aceitamos o envelhecimento com naturalidade, mas nos pais não, há uma negação natural.

    Há coisas muito duras na vida, ver os nossos pais a envelhecer e decair é uma delas, das mais duras. Mas inevitável.

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