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quinta-feira, janeiro 23, 2014

Se és uma das vítimas do ressonar de um homem, este post é para ti

Durante anos dormi mal. Muito mal. Deitava-me cedo, dava graças a Deus e aos santinhos por Dito-Cujo se deitar tarde, e tentava aproveitar aquelas três ou quatro horas antes de ele chegar à cama.
Parece engraçado, mas era um verdadeiro drama. Eu mudava de quarto, mas ele ressonava muito alto, e aquilo ouvia-se na casa toda, e eu concentrava-me naquele barulho, que alternava com profundas apneias, e nada feito. Eu dava-lhe pontapés, gritava "vira-te", mas depois ele virava-se e continuava a ressonar, de lado, de barriga para baixo, a fazer o pino.
Uma vez comprei um daqueles sprays que vendem na farmácia, e esperei que ele adormecesse para lhe enfiar uma grande nuvem de gás pela goela. Mas nada.
Noite após noite, mês após mês, ano após ano, eu dormia três ou quatro horas.
Vivia cansada. Muito cansada.  E furiosa. E irritada. E impaciente. Às nove e meia estava a cabecear no sofá, dez minutos depois estava na cama.
O desespero era tanto, que cheguei a pensar ir dormir uma noite para um hotel. Tipo, só uma. Sonhava (acordada, claro) chegar às urgências do hospital e pedir para me internarem (vá lá vá lá vá lá), só umas duas noites.
Quando engravidei do Sancho, decidi que tinha que existir uma solução. Já que Dito-Cujo não se decidia a perder os vinte quilos que tinha a mais, nem comia menos antes de ir para a cama, nem aceitava ir ao médico (quem estava com um problema era eu, ora essa), eu teria que rapidamente (antes de ensadecer de vez) encontrar uma solução.
A solução foi simples, barata, e com mais vantagens do que aquelas que vislumbrei logo.
Há quatro anos que durmo com tampões nos ouvidos. E é uma maravilha, porque não é só o ressonar de Dito-Cujo que se apaga. Apagam-se as Migalhas a pedir água, a dizer que tiveram um pesadelo. Apaga-se o barulho do elevador, dos aviões, dos primeiros autocarros da manhã. Apaga-se o som da televisão que Dito-Cujo está a ver.
Já sei, que se acontece alguma coisa, não oiço e tal, mas se estiver sozinha com as Migalhas em casa, não os ponho até Dito-Cujo chegar.
E digo-vos, nem imaginam a qualidade de vida que eu ganhei, por ter tomado esta decisão, que é aparentemente tão simples, mas que tantas mulheres, sobretudo mães, se recusam a adoptar com medo de não ouvir as crianças a chamar. Ah, e de não ouvir o despertador. Eu oiço.
Recomendo vivamente.

9 comentários:

  1. Ressonar? Não sei o que é isso. Lá em casa tenho um dizeur. É menino para declamar Os Lusíadas numa noite, os dez cantos, é a noite toda naquilo, ainda não encostou a cabeça na almofada e já está a "declamar"... Hei-de experimentar os tampões, se dizes que funciona mesmo.

    http://mirone.blogspot.pt/2014/01/e-poesia-minha-senhora-e-poesia.html

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    1. Cá em casa sou eu a dizeur.
      Não sei como o homem tem paciência para mim. É que para além de não se importar ainda me abraça e de manhã conta-me as palermices que eu estive para ali a dizer (faço verdadeiros filmes; começo a ponderar deixar o gravador ligado durante a noite e começar a publicar livros)

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    2. Sexinho, eu chamo-lhe dizeur para me convencer que aquilo é um ruído agradável, mas, aqui que ninguém nos ouve, é mesmo "ronceur". Livra, que às vezes parece uma betoneira.

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    3. Ah, mas eu é mesmo falar; bláblá,blá wiskas saquetas e mais não sei o quê.
      :DD

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    4. Ahahahahahahahahahahahahahahahahahahaahahahahahahahahahahahahah
      Chamem o que quiserem (dizeur, chique). Cá em casa é mais tractor. Rima, não rima?

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  2. Poderia ter sido eu a escrever este texto: é que é / foi mesmo assim. Mesmo com tampões, nem sempre eu conseguir ter soninho de qualidade. A nossa solução foi outra e hoje ninguém se queixa de nada...bem, quase nada :P

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    1. Hum... Espero que não seja camas separadas. Eu fiz tudo para evitar que fosse essa a solução. Gosto que me aqueça os pés, o que é que querem.

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  3. Obrigada pipoca arrumadinha. Quanta gentileza. E que domínio desta coisa dos blogues! Desconhecia esse "award"!

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  4. Os meus são daqueles de esponja, tipo os que davam no autodromo. Enfio-os até ao cerebelo!

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