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segunda-feira, janeiro 13, 2014

Não vá o diabo tecê-las

No Sábado de manhã uma cigana quis ler-me a sina. Eu recusei, expliquei que não tinha dinheiro, mas ainda assim mandou-me tirar os óculos escuros e começou a falar muito depressa.
Que era uma vidente, que ajudava muita gente, para eu não dizer a ninguém, que via que eu era pessoa muito invejada, com sucesso profissional,que ia ser muito feliz ao lado do homem que amo e dos meus filhos, mas que há muita inveja, e uma colega que morre de inveja, e uma cunhada que morre de inveja, e disse uma oração, e mandou-me chegar a casa e atirar um punhado de sal para a retrete, dizendo os nomes de cada um de nós.
Pois que passei todo o sábado a gozar com a sina e com a cigana, e a contar a toda a gente.
Pois que no domingo de manhã, enquanto nos despachávamos para chegar a horas à missa, o quadro eléctrico disparou uma vez, depois outra, e depois começou a cheirar a queimado na zona da máquina da roupa, e depois começou a sair fumo da tomada e da ficha da máquina, que literalmente derreteu. A roupa, incluindo os bibes da escola, lá fechados dentro.
Quando estava a dar a sopa do almoço ao Migalha Pequeno, pois que me desatou a vomitar a sopa, e não escapou nem uma peça de roupa, incluindo o tapete do chão da cozinha. O que mais se deseja quando se tem a máquina avariada do que um monte de roupa vomitada? Passada meia hora, Migalha Crescida em luta com os trabalhos de matemática, juntou às dores de garganta de que se estava a queixar desde as sete da manhã (sim, sete, leram bem), trinta e oito e meio de febre.
Hoje, refém da febre de Migalha, saí apenas para ir comprar o antibiótico, depois de lhe ter descoberto uma montanha de pontos brancos na garganta, tempo suficiente para numa marcha atrás partir o farol e deixar umas amolgadelas num carro que não vi.
E pelo sim pelo não, cheguei a casa, lembrei-me da cigana que até foi simpática quando no fim daquilo tudo percebeu que eu não tinha mesmo dinheiro, e deitei um punhado de sal pela retrete abaixo, repetido baixinho o nome de todos cá em casa.

6 comentários:

  1. Oh diabo, que fui abordada há tempos por uma nos mesmos moldes e não lhe dei dinheiro para ela mandar rezar uma missa...

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  2. Não conhecia essa de atirar sal pela retrete, mas para a rua de costas viradas sim :P

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    1. Também achei estranho. Para a rua é no mínimo mais elegante!

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