Migalha Crescida chegou da escola a dizer que o professor lhes contou que não acredita em Deus.
Olhei para ela, torci-me ligeiramente na cadeira, e expliquei, que há pessoas que não acreditam em Deus, que há quem acredite que não existe.
Migalha olhou para mim com aquele ar de "daaah" que elas fazem e disse:
- Mãe...Há livros. Há filmes.
Era aqui que me deveria deter para explicar que os livros e os filmes são muitas vezes -quase sempre- ficção (também teria que explicar o que quer dizer ficção). Era aqui que lhe deveria dizer, que quem acredita vê Deus em todas coisas e até O pode sentir no coração, mas jamais O vai ver como nos vemos uns aos outros. E que há quem só acredite no que vê. Mas estávamos no meio do clube, entre o ballet de uma Migalha e a ginástica da outra e...e comecei a pensar no trabalhão que tenho tido para a arrastar da cama aos domingos, na cara de enfado com que costuma dizer que a catequese é uma seca, e sinceramente, achei que aquela certeza que tem de que Deus existe e é um dado adquirido na nossa vida, é uma coisa boa.
Tenho a certeza que as dúvidas chegarão. Que vão existir dias, muitos, em que vai tentar procurar Deus e não O vai encontrar, nem sentir. Vai zangar-se com Ele umas vezes, vai colocar todas aquelas questões: se Deus existe porque é que há crianças que sofrem, porque há tremores de terra, tornados e furacões e tsunamis que matam milhares de pessoas, e acidentes, e pedófilos e psicopatas. Depois é esperar que procure fundo no seu coração e O encontre, e compreenda os seus desígnios, e os aceite. Que os aceite mesmo quando não os compreende.
Mas por agora, a semente já está lá.
E sinceramente, isso deixa-me feliz, mas com dúvidas. Devo abrir-lhe a janela para o outro lado, ou esperar que a vida o faça?
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