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sábado, junho 29, 2013

Este post estava "entalado" desde quinta feira, mas tem mesmo que ser

Não gosto de touradas.
Não gosto de touradas como não gosto de circo, ou de cinema mudo. Não daria cinco euros para ver uma corrida de toiros, como não daria cinco euros para ver a Romana a cantar.
Com isto quero dizer que não sou aficionada, mas também não sou contra as touradas (se os mais radicais me permitirem esta posição um bocado indiferente aos touros, aos toureiros e aos forcados).
Mas há uma coisa a que não sou de facto indiferente, e que é a demagogia barata, o aproveitamento de situações, seja de que lado for.
Acho incrível que alguns (atenção disse alguns, já sei que não são todos e que conhecem alguém que não), mas como ia dizendo, acho incrível que alguns dos activistas da defesa dos direitos dos animais venham utilizar a morte do Cabo do Grupo de Forcados Amadores de Montemor, como um argumento a favor do fim das touradas. É rebuscado, mas está aí, num blog perto de nós, basta procurar.
Também acho incrível que os amantes da Tauromaquia (que respeito como tradição) nos tentem convencer que os forcados, coitadinhos, foram apanhados no meio de uma rixa com a qual não tinham nada a ver, e que acabou na tragédia que todos conhecemos.
Há entre os grupos, (forcados, equipas de rugby, futebol amador, whatever),especialmente se jovens e cheios da virilidade própria de barbas ainda mal semeadas (não seria o caso deste em particular), uma enorme propensão para as cenas de pancadaria. Lembro-me bem de como as festas da faculdade acabavam invariavelmente ao soco e ao pontapé, cadeiras a voar, meninas a chorar. O álcool dá uma ajuda.
Morreu este forcado em 2013, mas poderia facilmente ter morrido um dos meus amigos em 1995.
O meu Dito-Cujo poderia ter morrido, pelo menos umas três vezes que me lembre assim de repente.
Bastava que enfrentasse alguém armado. E que estivesse bêbado o suficiente para não se aperceber que enfrentava alguém armado. Que não se apercebesse que desta vez a coisa não ia ficar por mais uma cena de cowboys para recordar mais tarde com os amigos no meio de uns copos, ou para contar aos netos quando fosse velhinho. Que não se apercebesse que não ia ser só um olho negro, ou um nariz a sangrar. Que não se apercebesse que em troca de murros, recebia facadas.
O José Maria Cortes não vai ser velhinho e não vai ter netos. Esta será de certeza uma história que não se vai contar entre gargalhadas e copos em jantares de amigos.
Que descanse em paz.

2 comentários:

  1. Estou absolutamente arrepiada!
    Finalmente li algo sobre o assunto com que concordo em absoluto!
    Parabéns pela lucidez.
    PS - Eu também vi o tal blog

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  2. Obrigada, obrigada...:)
    O blog é todo de fugir, não pela causa, mas pela forma ofensiva como trata quem pensa de forma diferente. E com argumentos destes, duvido que algum dia seja sucedida nas suas intenções.

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