A forma como o Ministério trata os professores envergonha-me enquanto portuguesa.
Sem um pingo de responsabilidade social, sem a mínima preocupação de como conciliam a vida pessoal com a vida profissional, é de uma falta de respeito a toda a prova.
Houve merda no concurso.
Toda a gente sabe que a matemática não é o ponto forte dos tugas, e aparentemente essa lacuna deu um ar da sua graça ao mais alto nível.
Fazer merda acontece a todos alguma vez na vida. Umas vezes com pequenas consequências, outras, como esta, com a possibilidade de foder a vida a milhares de pessoas.
Mas tuuuuudo bem. Erros acontecem.
É preciso reconhecê-los, e assumi-los.
Pois que entendo eu, que assumir um erro, não é bater no peito duas vezes como na missa, ai minha culpa, minha culpa, e siga a marinha (e então na televisão é ainda mais bonito).
Assumir um erro é, meus amigos, pelo menos para as pessoas de carácter, arcar com a puta da responsabilidade.
E arcar com a puta da responsabilidade, é arcar com a puta da consequência.
Voltar a foder a vida a milhares de pessoas, entre professores e alunos, é atirar com a consequência da merda que se fez, ou que se permitiu fazer, para cima de quem não tem nem a culpa, nem a responsabilidade.
Já aqui disse que enquanto mãe de criancinhas que frequentam a escola pública, tudo isto me deixa fodida até mais não. Mas desta vez nem estou a pensar que amanhã posso chegar à escola e descobrir que afinal as professoras das minhas filhas foram trocadas, ou que nem professor têm outra vez.
Desta vez, estou mesmo a pensar nos professores, nos filhos e nas famílias dos professores, com quem todos os anos o ministério da educação (minusculas de proposito) brinca de forma vergonhosa, toma lá vai para Brangança, este ano vais para Barrancos (é quase a mesma coisa, começam as duas com B), mas desta vez, bom, desta vez estamos mesmo a ultrapassar o limite da sanidade.
Um processo a sério nos cornos, era o que precisava o ministro e toda a corja que o rodeia.
Grande post. A sério.
ResponderEliminarTrinta linhas, mais precisamente.
Eliminar(obrigada)
ASSINO POR BAIXO! ESSE CABRÃO PARA A RUA!!!!!!! ( Desculpe, o blogue é seu mas não aguentei!!)
ResponderEliminarSabe que mais? Concordo. Já vai tarde.
EliminarParece-me que foi das poucas vezes que sim, que concordei integralmente com o Mário Nogueira. O sistema de colocação de professores é uma vergonha, todos os anos há milhares de pessoas com dois ou três dias para se mudar de armas e bagagens para a outra ponta do país, por vezes tendo de levar a família atrás. A razão por que essa colocação não é feita em Julho é um mistério para mim, de certeza que haverá uma boa razão, a minha pobre cabeça é que não a alcança. Espero bem que chovam processos, já tinha o Crato em muito boa conta, desta vez superou-se.
ResponderEliminarOs ministros da educação sempre foram óptimos a recolher simpatias, mas este de facto...esmera-se!
EliminarEu já fui professora. (...) Nem queiras imaginar!
ResponderEliminarNão quero, não.
EliminarNem mais.
ResponderEliminarCai uma ponte? Espera aí que vou pedir demissão, passar uns anos como consultor de uma construtora, e volto já.
É triste tratarem esta gene, os profs, como se fossem peças num jogo de tabuleiro. Vai praqui, roda pracolá,.. nem sequer entro na questão tão querida do desempenho, ou performancé, mas apenas na questão humana.
O Crato é apenas mais um imbecil a quem deram um brinquedo. Normalmente os brinquedos têm na caixa a faixa etária aconselhada, neste caso, a idade mental do sr está bem abaixo do especificado.
Já o Nogueira, também podia ter um bocadinho de vergonha na cara e demitir-se de vez. Tem muitas culpas no cartório, mas prontos....
O Crato podia seguir- lhe as pisadas.
EliminarEu fico a pensar nos milhares de professores que depositaram a sua esperança num ministro que vinha do ensino, que de certeza perceberia os seus dramas, que saberia arrumar a casa...
ResponderEliminarPodes crer...Sabes o que era um bom indicador que o ensino estava a funcionar bem? Todos os ministros e deputados terem os filhos a estudar em escolas públicas.
Eliminarestes "senhor" é produto de um conceito chamado "muita parra, pouca uva".
ResponderEliminarEu nem a parra lhe vejo.
EliminarSendo eu filha de uma sô professora,do 1º ciclo oiço constantemente desabafos dela sobre a maldição que é actualmente ser professor...
ResponderEliminarA minha mãe, por exemplo, afeiçoou-se à colega (professora contratada por sinal e pelos vistos amorosa e competente até mais não) e ficou a saber que à conta desta asneirada dos concursos, a colega vai de vela daquele agrupamento, e quiça este ano não vai poder leccionar sequer. Podes pensar que "ah e tal, mas isso acontece a muitos professores que ficam uns meses e depois são obrigados a sair"... o problema é que até há semana passada, a tal professora estava mais que segura que iria ficar naquela escola todo o ano lectivo, arrendando casa e comprando mobília para o desenrasque.
Uma valente merda.
É uma vergonha, acho que é uma vergonha de todo o tamanho o que fazem aos professores.
EliminarSôdono Nuno Crato, o ingrato.
ResponderEliminarRIP fora do ministério, volte à sua vidinha antiga.
E mai nada!
EliminarObrigada.
ResponderEliminarDe uma professora contratada há 11 anos.
ANM
Eu tenho uma vizinha que é professora, o esposo é agente da policia.
ResponderEliminarTem 2 crianças, uma de 7 e outra de meses.
Nós vivemos um pouco acima do Porto e ela foi colocada em Lisboa.
O marido faz turnos e não consegue ter sempre horário para ficar com os filhos à noite, ela todos os anos muda de escola e não tem lugar fixo, eles adiaram a parentalidade quase até ao limite por isto.
Ela, que tem muito amor à camisola (não falo da competência pois não sei) está prestes a desistir da profissão. Ela não vê os filhos a crescer, os filhos não tem a mãe por perto quando precisam, ela falha a quase todos os eventos importantes para os filhos. Os mesmos não estão a crescer com um acompanhamento como aquele que deveriam ter, não têm estabilidade e se não fossem os avós e ocasionalmente os vizinhos eles ainda hoje não poderiam ter filhos.
E isto é vida?