A Sexinho deixou um maravilhoso comentário num post, do qual este é apenas um pedaço, mas foi exatamente este pedaço, que me deixou a pensar (a choramingar também, mas vá, vamos atribuir a culpa às hormonas).
Durante muitos anos não conseguia falar da minha morte. Achava que só por falar, já estava a dar azar. Jamais conseguiria planear o que quer que fosse a pensar no dia em que não estivesse cá. Admirava a coragem de quem fazia testamentos, arrepiava-me com os funerais pagos em vida, com a mãe de uma amiga que tinha o vestido com que queria ser enterrada sempre arranjado.
As coisas mudaram. Já não penso assim, e sobretudo, já consigo falar disso com aquilo que considero alguma naturalidade.
Já pensei muitas vezes em escrever cartas para cada uma das pessoas que gosto receberem se eu morrer, já vou de vez em quando dizendo o que quero que façam ao corpo, tenho um seguro de vida (um a que não fui obrigada pelo banco, claro).
Mas esta ideia dos bilhetinhos escondidos na esperança que alguém os encontre no momento certo, é absolutamente maravilhosa, e muito sinceramente, estou a pensar copiá-la descaradamente.
E não sei qual foi o momento em que comecei a conseguir lidar com a ideia de que um dia vou morrer. Quer dizer, não sei qual foi o momento exacto, mas parece-me que tem tudo a ver com os filhos, com a existência de descendência, com o conforto da continuidade de nós noutras pessoas, uma continuidade efectiva, física, que vai além do permanecer no pensamento e essas tretas que podem acontecer ou não.
E com isto quero dizer, que no meu caso, os meus filhos além de terem dado um sentido verdadeiro à minha vida, também me ajudaram a dar sentido à morte, que obviamente espero que só aconteça daqui a uns cem anos, se não puder ser mais (sabem lá, a medicina está muito avançada!).
E agora quem se comoveu fui eu…
ResponderEliminarObrigada Xaxia.
Muito obrigada.
Eu que agradeço, eu é que agradeço.
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