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quarta-feira, novembro 06, 2013

Lei de Murphy mas ao contrário

Uma promessa de almoço a Migalha Crescida às 12h30. Um agendamento para fazer o cartão do cidadão às 13h45. Aparentemente tinha tudo para correr mal. Já se sabe que os putos farejam a pressa, sabem quando os estamos a querer despachar, e é nessas alturas que são acometidos de sono, dores de barriga, vontade de fazer xixi. Era exactamente o que eu pensava que ia acontecer, e até já ia meio convencida que ali ao cair das 13h30 tinha que ligar a remarcar para outro dia. Mas ele há dias em que parece que as coisas andam sobre carris, ligeiras, sem atrito, os acontecimentos sucedem-se com uma coordenação impecável, nada demora nem mais um segundo do que é suposto demorar. Hoje foi assim. Migalha saiu à hora a que é suposto sair das aulas da manhã, aceitou o primeiro sítio que sugeri para almoçar, aceitou caminhar até lá sem fitas, comeu num instante, voltou para a escola muito antes da hora, contente por ainda ter tempo para brincar. Eu enfiei-me no carro, tinha exactamente 15 minutos para ir de Entrecampos até às Laranjeiras. Eu sou péssima com caminhos, e o mais garantido é ir pelos que conheço mesmo que seja mais longe, porque perderei de certeza menos tempo. Mas o telefone tocou, e era Amiga de Sempre, e blá blá blá, e vou conduzindo, quando dou por mim estou na Praça de Espanha e não faço ideia como chego às Laranjeiras, viro para a direita, tal como podia ter ido em frente. Os semáforos estão todos verdes, e mesmo com todas as greves não há trânsito, só eu e o meu carro (que não é alemão, sorry). Lá digo a Amiga que acho que estou meio perdida, e digo-lhe o nome de uma rua que fica ao meu lado direito enquanto conduzo sem saber sequer se estou mais próxima ou mais longe do destino (sentido de orientação zero) e ela pergunta se estou a subir ou descer, cum'camandro, como é que Amiga de Sempre conhece aquela rua de que eu nunca ouvi falar, e percebo que acertei e de forma quase milagrosa virei para o sítio certo. Então recebo coordenadas pelo telefone, até avistar os prédios rosa velho da loja do cidadão, e viro, e tenho um lugar ali mesmo a jeito, são exactamente 13h44. Procuro o sinal de proibido estacionar, de tão estranho que é estar ali aquele lugar gigante, desocupado, à minha espera, mas não está sinal nenhum, e o universo estava de tal forma colaborante, que até os arrumadores estavam distraídos. Cheguei a horas e em menos de dez minutos tinha entregue o BI caducado, o resto dos cartões, tinha tirado uma bonita fotografia, tinha ouvido um comentário à "facada" que tinha num dedo (impressões digitais em dedos que se cortaram com canivetes de enxertia) e tinha um papel para assinar a confirmar que estava tudo certo. Dez minutos! Tão perfeito que tinha vontade de sair à rua a defender os funcionários públicos, que trabalham céleres e bem e....e... Até que olho para o papel. O meu apelido de casada estava errado. Uma letra trocada. Umazinha. E aquilo já vinha da certidão. E era um problema que talvez não se conseguisse resolver. Talvez a coordenadora. E a senhora "só um bocadinho que já volto", e desaparece com o ar preocupado que o momento exigia. E eu com cara de quem já sabe que não se lançam foguetes antes da festa.A imaginar todos os sítios que ia ter de percorrer para conseguir uma certidão com o nome correcto. Ao fim de pouco tempo a senhora volta, e desata a imprimir papel, e dá-me papel para assinar, e manda-me escrever coisas, "declaro que...", e ali em menos de meia hora tenho um processo de espessura considerável numa pasta. E um aviso que valeu por três (porque foi repetido três vezes): não levante o cartão sem confirmar o nome. Se estiver errado eles que consultem o processo. Está aqui tudo. É muito provável que se enganem, que não reparem. Pois eu vou ver com atenção, claro que vou, mas espero que ao agarrarem num processo com mais vinte folhas do que todos os outros, se faça luz naquelas cabeças. Vamos ver. Depois digo.

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