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quarta-feira, abril 13, 2016

Preciso de perder tempo

Ontem fui ao IKEA comprar uma cómoda.
Para poupar tempo, vi na net onde apanhava as caixas, e fui direita ao armazém. Alanquei com as caixas até ao parque de estacionamento, onde ofereci a quem passava um espectaculo verdadeiramente deplorável,  (uma das caixas pesava 34kg e não dava jeito nenhum), mas não o suficiente para alguém me perguntar se precisava de ajuda. Tuuuuudo bem, eu sou grande pró a carregar caixas do IKEA para casa.
Mal cheguei com as caixas, comecei a montar a cómoda. O tempo não era muito, tinha 3 horas até precisar sair para ir buscar as crianças.
Não correu mal. Já sei umas quantas coisas básicas sobre montagem de móveis do IKEA, um saber de experiência feito, e com isso evito dissabores e... perdas de tempo. 
Quando chegou à parte das gavetas, faltava uma hora para sair de casa. Primeira gaveta, 13 minutos. A 13 minutos de tempo médio cada, não ia conseguir terminar antes de sair. A segunda demorou menos, e a terceira menos ainda, e quando dei por mim estava a cronometrar o que estava a fazer, terminando a última gaveta com um tempo inferior a nove minutos. 
A montagem desta cómoda espelha melhor que nada, aquilo em que torno os meus dias. Sou cada vez mais eficaz, mais eficiente. Consigo fazer cada vez mais coisas em menos tempo. Malta do Kaizen, vinde à minha vida aprender como se faz. 
Estarão vocês aí a pensar, que com tamanha eficência em todos os processos que me envolvem, ganho muito tempo.
E perguntam, curiosos, e então Xaxia, em que aplicas o tempo que ganhas?
Pois. A fazer mais coisas. E isto começa a ser um problema, (e não, não estou armada em pessoa que quando lhe perguntam qual o seu maior defeito, responde que é ser boa demais). Não. Isto é mesmo um problema.
Eu sei que enquanto a máquina tira um café, tenho tempo para colocar as fatias de pão na torradeira e uma caneca de leite no microondas. Da mesma forma que sei, que desde que ligo a torradeira e até que as torradas saltam, só tenho tempo de duas viagens para levar as três canecas de leite para a sala, isto se não quiser comprometer irremediavelmente o barrar fácil da manteiga e umas torradas perfeitas. 
Entre Migalhas chamarem o elevador, e ele chegar, consigo por as sombras e a máscara de pestanas (ia dizer rímel, mas ainda vinha aí a polícia da cosmética). Enquanto a água do banho aquece, dá para fazer duas sandes.
Se colocar um peixe no forno e for apanhar Migalha ao treino, quando chegar está no ponto. Se apanhar trânsito lixo o peixe. Não sei bem se estão a ver a pressão que é esta merda. No carro, no trânsito, o peixe no forno a secar. 
E por aí fora.
Levanto-me com despertador sete dias por semana. Estou cansada. Mas não consigo parar. Estou a tornar-me a minha maior inimiga, e esta merda é mais forte que eu. Consigo calcular com uma precisão que até a mim impressiona, quanto demora cada tarefa, cada trajecto, até consigo calcular tudo certinho já a contar com os atrasos dos outros...
Mas não estou a ficar maluquinha. É que é isto, ou baixar os braços e admitir que de vez em quando vão faltar a alguma coisa, ou chegar atrasadas (de vez em quando ninguém morre), vão com a mesma roupa de ontem, sei lá. Devia borrifar-me um bocado. Mas não consigo.

15 comentários:

  1. (Baixinho:) Como eu te compreendo, mas não verbalizo tal porque... bem, entendo que não seria compreendida.
    Isa

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  2. Eu faço exactamente o mesmo. Aprendi foi a deixar de me enervar com os pequenos aborrecimentos da vida. Às vezes o jantar é peixe meio seco mas não tem problema nenhum. Nesses dias sobra sempre peixe suficiente para se juntar a massa, queijo, alho e óregãos, no dia seguinte. Todos nós gostamos mais do jantar do dia seguinte.

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    1. Ainda não atingi essa parte. As pequenas contrariedades deixam-me com os cabelos em pé, especialmente nos dias em que ando a mil e para bater tudo certo não pode falhar nada...mas tenho mesmo que aprender a relativizar...

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  3. Xaxia, "deslargue" as preocupações... Ainda ontem em conversa com um médico legista este me dizia que tinha que ir fazer uma autópsia, das que gostava menos de fazer: homem, 40 e poucos anos, saudável, caiu para o lado e morreu. Dizia também que ultimamente eram imensos os casos assim e depois de feita a autópsia, nada de anormal era encontrado. Simplesmente, morriam. A teoria dele era o excesso de preocupações, de stress, que temos hoje; o coração não aguenta mais e pára. Não vale a pena preocupar-se com detalhes, faça como diz a Mais Picante.

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    1. Eu seeeeeeiiiiiii....Lembrei-me disto porque também ontem estive a ouvir a história de uma mulher mais jovem que eu, que caiu para o lado. Super saudável. Super ocupada...:(

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  4. Pipocante Irrelevante Delirantequarta-feira, 13 abril, 2016

    Ser engenhero/a é um fardo.

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  5. Eu também sou um pouco assim. Mesmo em férias não consigo viver sem horários, o que enerva os restantes membros da família.

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    1. E é de enervar. Até a mim me enervo. Porque depois quero que ande tudo a toque de caixa, e às vezes tudo o que eles querem é uma manhã na cama...

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  6. O meu problema é não conseguir parar de mandar mensagens (muitas) mesmo a pessoas que já não estão na minha vida (malditos telemóveis!). E não percebo o que perturbam que a mim se me mandassem, não.
    Mesmo ocupada e com um filho pequeno, arranjo sempre tempo para.


    Catarina

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  7. Oh Xaxia!!
    Como eu te entendo...
    De tal forma que... há 1 ano e pouco atrás adoeci; foram análises, exames, consultas de especialidade e " deu positivo, tem cancro".
    E depois isso médicos perguntavam pelos "sinais"... Emagrecer, suores nocturnos e cansaço, "não sentia cansaço?"
    Sim, sentia, sentia um cansaço extremo ao ponto de haver dias que sonhava com o momento de me deitar mas, na altura, não me pareceu perturbador, muito menos digno de consultar um médico para me queixar!
    É a vida de grande parte das mulheres que conheço, na casa dos 40.

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    1. Espero que já esteja tudo bem!
      Pensamos que somos super-mulheres e vamos a ver e...não somos!

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