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segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Paixoneta

Migalha do Meio chegou hoje a casa muito entusiasmada, para não dizer ligeiramente histérica, a pedir ajuda à irmã, e depois ao pai,  para escrever uma carta de amooooor.
Parece que Migalha está apaixonada (de novo), o que tendo em conta o rol de paixonetas no infantário, e já com cinco meses de escola nova, estava a tardar.
A carta, que é a segunda que endereça ao mesmo menino, promete uma pastilha elástica como prova do "amor só como amigo", terminando com um "love you".
Já lhe expliquei que talvez fosse bom esperar pela resposta à outra carta, que fizesse por saber se ele também gosta dela, que não ande só lá de volta dele a oferecer-lhe "amor só como amigo", sem vislumbre de ser correspondida.
Talvez eu, previdente até à medula, não seja a pessoa ideal para dar conselhos a esta Migalha de peito aberto e coração acelerado. Eu, que sempre procurei certezas e garantias antes sequer de mostrar os incisivos a alguém, espanto-me com esta espontaneidade e com este entusiasmo que ela põe em tudo. Diria mesmo, que se de eu dar um primeiro passo dependesse a continuidade da espécie, estaríamos em vias de extinção.
Mas com esta minha filha é sempre tudo muito. Canta alto, ri alto, chora alto, grita,  nunca há meio termo, é sempre tudo ou nada.
Sei que só tem seis anos, mas percebo bem a diferença entre ela e a mãezinha dela com seis, dezasseis ou vinte seis, e temo que só um ou dois desgostos lhe tragam sensatez e ponderação para estas coisas do amooooooor.
Por agora é aguardar pela resposta, ou quem sabe por uma pastilha de morango, que ela não gosta de mentol.

11 comentários:

  1. Xaxia darling, não deve haver pessoa mais fria e calculista nessa área que eu! E olhe que não foi isso que me poupou os desgostos ;)

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    1. Pois, eu sei, também tive a minha dose. Faz parte, nós é que temos medo por eles...

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  2. Ainda vais ter que financiar muitas pastilhas e outros pequenos subornos... :)

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  3. Eu acho-a bastante pragmática. Se tiver de levar uma tampa pelo menos não anda ali a perder tempo.

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    1. Investe demasiado, entusiasma-se, empolga-se e não pensa sequer na hipótese de levar uma tampa.

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  4. Nunca achei grande piada a "namoros" tão precoces, nunca alimentei a ideia de arranjar um namoradinho de brincadeira para a Mironinho, como vejo as minhas amigas fazerem para os seus filhos, acho uma patetice perguntar a crianças pequeninas se já tem namorado, e até digo sempre que é uma estupidez alimentar essas conversas, que isso é queimar etapas, desvalorizar o namoro, que têm muito tempo para se apaixonarem e namorarem quando forem mais velhos. Mas a verdade é que logo aos 3 anos a minha filha lá me veio com a conversa do namoro com um coleguinha de turma. Agora, ao fim se dois anos de namoro fixo (desde que entrou na escola sempre disse que namorava com aquele menino), exclusivo (normalmente têm muitos namorados, mas ele sempre disse que só tinha este) e correspondido (na festa de anos o menino apresentou-a aos avós como "a minha namorada"; estranhamente, ou não, nestas idades basta gostar-se de um menino para ele ser namorado, mesmo que o menino não corresponda o amor, pode nem sequer saber que é namorado da menina, que acontece com muita frequência) este ano a Mironinho mudou de namorado. Perguntei-lhe se ele a pediu em namoro e ela disse que não, perguntei-lhe se foi ela que lhe pediu e ela respondeu horrorizada "Não! Achas que uma menina pede um menino em namoro, mamã?!". Então como é que são namorados, perguntei. Respondeu-me que gostava dele e por isso ele era o seu namorado. Apaixonou-se por uma espécie de bad boy (o miúdo é muito imaginativo e conta-lhe que já conduz, que lutou com 4 cães raivosos, etc), mas muito meiguinho. Todos os dias chega a casa entusiasmada a contar os feitos do seu herói. Ela bem me vai perguntando se é mentira, porque acha que deve ser, mas eu bem vejo o brilho nos seus olhos, quer muito acreditar que o namorado já conduz e luta com cães raivosos. No dia dos namorados fez-lhe um desenho cheio de corações e com os seus nomes. Eu, prevendo um desgosto lá a fui avisando que os rapazes não ligam muito a estas coisas, que não ficasse triste se o menino não quisesse o desenho ou o deitasse fora. Efectivamente o desenho regressou a casa, "ele gosta de mim mas não gosta muito de corações mamã", explicou-me ela sem dramas. No fim de semana dei com ela a colher flores (azedas amarelas) "vou-lhe dar mais uma oportunidade para gostar dos meus presentes". Disse-lhe que se calhar não era boa ideia, que os meninos não ligam muito e as flores ficaram em casa. Quando estão juntos noto que são muito cúmplices nas brincadeiras e vejo que há ali um carinho especial um pelo outro, com segredinhos e risinhos, mas se pudesse poupá-la a desgostos ficaria mais tranquila. Assim andamos as duas de coração a palpitar, o da Mironinho pelo bad boy (a história de hoje tinha a ver com andar de moto quatro com o tio, "ele diz que o tio o leva à frente na moto-quatro, mamã, sabes aquelas notas que parecem um quadrado"), o meu por ela, a antecipar desgostos.

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    1. Mas é um rebelde fofinho. Tem uma carinha tão linda, e é canhoto (não me perguntes porquê, sem que é um disparate, mas acho maravilhosa aquela aparente falta de jeito dos canhotos, o bracinho em arco quando escrevem) é meiguinho para ela e farto-me de rir com as histórias que le inventa.

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  5. Gosto tanto da tua migalha do meio... Era menina para espetar um pero bem no meio dos olhos ao rapazolas que lhe partisse com maus modos o coração...

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    1. E mais eu. Fico assim mesmo com o coração apertadinho.

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