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segunda-feira, março 16, 2015

O estranho caso da chave saltitona*

Capitulo um
Capitulo dois
Capítulo três
Capitulo quatro

A corda não aguentava mais. João tinha que decidir: ou balançava o corpo para a varanda do Sr. Dias, batia à janela, cumprimentava o dono da casa, abria a porta, descia as escadas em direcção à rua e recuperava a chave e salvava a Maria, ou aterrava no Ford Cortina estacionado no passeio e alcançava a chave  quanto antes.
João conhecia muito bem o Ford Cortina do vizinho. Todos os domingos de manhã, o vizinho retirava o oleado do carro, da janela do seu apartamento do rés do chão saía uma mangueira e o fio de um aspirador. Na mão, esponjas e panos e escovas, detergentes cheirosos. O vizinho começava pelos interiores, retirava tapetes, aspirava estofos, passava ceras nos plásticos do tablier. Depois passava para o exterior, usava água e espuma, enxaguava. No final de tudo, um pano de microfibra, novo, cada semana um. A tarefa de lavar e secar o Ford Cortina, só acabava quando a Justina metia a cabeça de fora e gritava "prá mesa", já o sol ia alto.
Maria olhava de cima, e via o seu João, o seu tórrido e garanhão João, usando de toda a sua pujança no estendal da D. Leocádia. Ainda pensa lançar-lhe os seus longos cabelos, bem que precisava de um corte, nem sabia há quanto tempo estava presa naquela sala, mas sente-se invadida de um desejo incontrolável, era ali, no estendal da Leocádia, entre lençois lavados com sabão azul e branco e toalhas coradas ao sol, que queria ser possuída pelo seu João. Isto ia ser melhor que com o Pedro na sala de economato do escritório, melhor que com o Afonso no escorrega do Aquashow, que com o Arnaldo na  casa de banho da discoteca Kiss, que com o Luís Miguel em cima da mesa da cantina da faculdade, que com o Carlos na sala de espera do Centro de Saúde,  melhor do que aquela vez com o Zé na proa do cacilheiro, que com o Nuno na roda gigante da falecida Feira Popular. Isto ia bater tudo.
Num impeto incontrolável, Maria atira-se janela fora, esquecida da chave, só pensando em arrancar com os dentes as rendas que cobriam as partes pudendas mas não púdicas do João.
É um casal apaixonado que aterra em posição de missionário em cima do oleado do Ford Cortina do vizinho, Maria solta um grito, e a chave desaparece.

*Continua...

18 comentários:

  1. Ahahahahahahahah ahahahahahahahah ahahahahahahahah ahahahahahahahah ahahahahahahahah ahahahahahahahah como se dizia no "meu tempo"... Não te trates não... Ahahahahahahahah

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  2. Ah afinal foi por isso que o João ficou preso na roda gigante? a Maria estava na cowboyada com o Nuno e tiveram de parar a roda para os tirar? Entendo, daí o enjoo e a vertigem... muito me contas!

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    1. Hum...O João ficou preso na roda gigante?

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    2. Epah, o João ficou com vertigens desde o dia em que ficou preso na roda gigante. Agora nem ao banquinho que tem na cozinha para chegar aos tupperwares das prateleiras mais altas consegue subir sem se sentir nauseado e a ver tudo a andar à roda.

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    3. Ahahahahahahahahhahaha, pois é!
      Ganda mariquinhas esse João.

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    4. Mas quando foi preciso não hesitou, quais vertigens quais quê, era preciso recuperar a chave. Olha, ficou-lhe mais barato que terapia cognitiva. Aquilo sim, foi enfrentar os medos.

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  3. E o avião???? Esqueceste aquele dia do avião????

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    1. Acho que é coisa para a asa, porão, cockpit e casa de banho. Afinal o João é um macho latino.

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    2. Picante...(cof, cof.)..Olha aí...No avião foi com o Beto.

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    3. Ai Senhores... Se o pobre João me ouve...
      (não foi com o Zeca? Ou esse é o do economato?)

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    4. Picante...Isto parece o Cluedo erótico. O Zeca e o Nuno na roda gigante. Com a Maria, claro.

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    5. E o que eu gosto do Cluedo?
      (é o João, caramba, acho mal. Andares assim a difamar a Maria, pobrinha)

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    6. Cluedo Erótico parece-me uma ideia vencedora. Até já estou a imaginar os anúncios que vão invadir as TVs no próximo Natal.

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  4. é oficial: São todas loucas varridas.

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  5. Xaxia, põe lá o link para a Uva, já há continuação...

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